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Vim parar à Holanda, contra a minha vontade e numa viagem não planeada. Tentei apreciar a beleza da Holanda, os seus encantos naturais, os seus Van Gogh e Rembrandt mas cansei-me. Tentei aprender uma nova língua mas todos os dias surgem vocábulos novos que me são difíceis de assimilar porque estou farta de estudar neste país estranho, frio, cinzento e distante. Conheci novas pessoas mas todas numa esfera muito específica: ajudar a conhecer este país. Mas eu cansei-me.
Quero a minha viagem a Itália de volta.
Quero os meus planos de volta, a simplicidade da minha vida planeada de volta.
Quero que o percurso seja tão simples como sair de casa; entrar no carro mecanicamente - sem ter que parar nos mesmos locais, dizer sempre as minhas coisas, dar sempre os mesmos recados -; ir a um local - escola, piscina, casa dos avós, centro comercial -, sem medo de uma crise ou de um comportamento desadequado.
Quero conhecer o coliseu.
Quero apreciar os frescos, as pinturas, as esculturas, as estátuas.
Quero estar num país onde o sangue pulsa nas veias à velha moda latina.
Quero estar num país cuja língua eu conheça minimamente.
Quero conhecer pessoas para além da esfera clínica.
Quero aquilo que eu sonhei durante a gravidez de volta. Não um dia, não nunca. Quero isso de volta, já. Agora. Neste instante.
A minha manhã otimista e a minha tarde de trabalho reduziram-se a um farrapo de alma materna em alguns minutos da aula de piscina das piolhas. Os rodopios, os handflappings, os guinchos, a obsessão pela água que apaga tudo o resto, a indiferença ao perigo - apesar de já terem passado por experiências negativas -, esgotam-me. A camuflagem de comportamentos é indecente. Onde começa o autismo? O que é indício de autismo? O que fz uma criança reagir assim e não assado? Acabo por perder a cabeça e arrepender-me no segundo seguinte. E passar o resto da noite a dar voltas na cama.
As piolhas não irão às aulas seguintes. Além da confusão (juro que, em 2 anos, nunca tinha visto aquela piscina tão cheia e confusa como este ano), vou esperar que acalmem e que os seus comportamentos se regulem. Além disso, fica também como castigo por se arriscarem estupidamente a afogarem-se e a pregar-me (a mim e ao professor) sustos de morte.
Vou fazer novo contacto com o pediatra. Receio bem que a dosagem de medicação que fazem já não seja suficiente pois estão com mais peso do que quando começaram aquela dosagem, em 2010.
Quero a minha Itália de volta.