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Já cá cantam 32 anos.
E neste percurso de vida alcancei coisas impensáveis, desisti de outras e outras nunca se realizarão. Apesar de, este ano, não me sentir propriamente festiva, acho que o balanço é bastante positivo até ao momento.
Tive uma infância com uma família que me ama - apesar das dificuldades passadas.
Tive um percurso académico imaculado e certinho, com a possibilidade da oferta de uma bolsa pela Calouste Gulbenkian.
Entrei para a universidade para um curso de que até gostei - apesar das amarguras - e terminei dentro do tempo previsto. (esta e a anterior não me serviram de muito)
Consegui estágio e trabalho em todos os anos seguintes até ao momento.
Estive desempregada 3 vezes (já a contar com esta) sempre por pouco tempo porque não tenho feitio para estar parada em casa e nunca parei de procurar trabalho.
Trabalhei muito, antes e depois de ser mãe.
Não consegui estabilidade profissional.
Mudei de ideias em relação à profissão e pondero outras áreas.
Superei uma depressão nervosa.
Conheci o meu primeiro namorado que se tornou no meu marido e pai das minhas filhas.
Casei duas vezes com o mesmo marido, no mesmo ano, em cerimónias independentes :)
Fui mãe, em dose dupla, de uma só vez.
Assisti ao nascimento das minhas filhas.
Formei família.
Comprei casa e carro. E outras coisas mais.
Vendi carros e outras coisas mais.
Dei muitas coisas. Deitei outras fora.
Aprendi muitas coisas novas e esqueci outras.
Descobri que até sei cozinhar e inventar umas coisas novas e decorativas em casa.
Senti-me feliz, triste, deprimida, angustiada, embevecida, ternurenta, emocionada, chorosa, radiante, abençoada, enraivecida, abandonada, fortalecida, aliviada, infeliz, reerguida, completa, com e sem fé, voluntariosa, amada, respeitada, desrespeitada, grata, feliz de novo.
Conheci o autismo.
Fui encontrar forças que não sabia ter e não sabia onde as encontrar.
Conheci pessoas importantes que ficarão para a vida, pessoas inúteis, pessoas boas e pessoas más.
Vi partir e nascer pessoas queridas.
Desisti de voltar a ser mãe.
Aprendi a destralhar objetos, emoções e pessoas.
Descobri que posso fazer mais pela minha família do que pensava e outros pensavam.
Viajei. E desisti (temporariamente de viajar).
Poderia continuar a enumerar mas, para já, chega. Tenho uma família que amo e que me ama. Incondicionalmente.
Parabéns a mim que sou trintona.