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Deep breath

por t2para4, em 10.01.13

Já há muito que não me lembrava de passar uns tempos tão maus, negros, azedos, irritáveis, injustos, inaceitáveis - esse género de coisa adjetivável com o que de pior nos vier à cabeça.

De um modo ou de outro, fomos todos afetados por um vírus ou um andaço ou o que lhe queiramos chamar. Não ajudou de todo ter tido as piolhas 4 (quatro!) dias inteiros aos berros e gritos e guinchos a que acrescia alguma agitação e muito, mas muito mesmo, comportamento desafiante e provocador de uma das piolhas. É o mundo das PEA a misturar-se com o nosso (ou vice-versa!) em fases de desenvolvimento que nem sabemos bem quando deveriam surgir. Depois, tal como veio, acalmou pois com tosse e febrões é complicado gritar a plenos pulmões - o que faz com que a ameaça pairante da CPCJ me bater à borta naqueles instantes se desvaneça - mas deixou as piolhas demasiado afetadas e os pais por arrasto. Não houve trabalho produtivo no infantário e acabámos por ter de ir ao serviço de urgências por duas vezes: uma para verificar se haveria otites ou não (a tolerância à dor é fantástica quando se esmurra um joelho mas é lixada de todo quando há queixas de dor internas associadas a uma linguagem que não é de todo expressiva e suficiente para se exprimir o que se sente) e fazer Raios-X aos pulmões para se saber como evitar ventilans e afins. Ambos os exames revelaram estar tudo bem.

A recuperação, no entanto, tem sido morosa. De vez em quando ainda surgem picos febris que desaparecem tal como surgem, sem necessidade de medicação, apenas um banho; durante a noite, às vezes, com um frio descomunal na rua, estão as piolhas a transpirar de tal modo que é necessário mudar a roupa; nota-se que, apesar de estarem a melhorar, ainda falta um bocado.

Ora, juntando este quadro duplo aos dias inglórios de gritos estridentes, a minha pessoa ia dando o tilt: tensão baixíssima, muitos enjoos/vómitos, dores de cabeça lancinantes, sistema solar e vizinhos bem definidos em torno da minha cabeça, suores frios. Adicione-se uma revolta contra tudo e sei lá mais o quê, um desânimo enorme, um cansaço brutal, uma vontade de não fazer nada a não ser desaparecer, um azedume cáustico. 

O médico quer evitar a todo o custo antidepressivos e eu concordo. Estive anos com isso e consegui libertar-me, sem que pretenda voltar atrás. Assim, estamos a tratar da minha hipotensão (umas gotinhas 3 x ao dia, comida mais salgada para mim e 2 cafés/dia máximo - eu já ia nos 4 diários...) e compete-me a mim encontrar a energia e força do antes, apesar da ajuda farmaceutica (umas ampolas fortificantes/energéticas durante 6 semanas). Ontem notei, ainda sem qualquer medicação, que estarei bem - vá, melhor - se eu sentir que o que me rodeia também está bem. E, apesar de ter ficado sozinha com as piolhas parte de noite por causa de um trabalho inesperado do marido, correu tudo bem connosco. Sempre fiquei sozinha com elas, sem qualquer tipo de apoio, ainda elas tinham semanas de vida. Não tenho medo de arregaçar as mangas e safar-me sozinha com filhos atrás. Apesar do apoio incontestável do marido, em 80% das vezes, sou eu quem está sozinha com as piolhas em terapias, piscina, trabalhos escolares, etc devido à atividade profissional do marido. A presença do marido/pai faz-se de outros modos que nos complementam.

Ontem, as piolhas estiveram calmas e tranquilas, reagiram bem à ausência do pai - ainda que com alguma relutância porque querem o seu beijo de boas-noites, que receberam a dormir, mais tarde -, colaboraram comigo. E eu noto que, cada vez mais, funcionamos como um ciclo/círculo sensorial: se uma de nós não estiver bem, somos todas afetadas. Consegui, nesse bocadinho de tarde/noite, encontrar as forças de que precisava para me pôr a mexer e voltar a atividades tão básicas como tratar da roupa... É que, desta vez, não havia parede nem quadro nem manualidade que me fizesse querer avançar.

 

É culpa minha, em parte, o passar por isto porque me revolto, porque me recuso a aceitar, porque não quero ter nada a ver com deficiências, porque é injusto, porque tudo soa a castiga e punição. É culpa minha porque penso demais, porque controlo demais, porque não entendo o porquê das mentalidades obtusas que nos rodeiam. É culpa minha porque acho que o mundo dos unicórnios só existe na cabeça de uns loucos quaisquer mas sou tão louca quanto eles quando exijo nada mais que a perfeição.  Mas esta sou eu. Resigno-me, trabalho, batalho, luto e não exijo nada mais que a felicidade da minha família. E se isso inclui ver tudo negro de vez em quando e dizer o que se pensa, azar. É para isso que estamos cá: eu e o meu mau-feitio, o marido e o seu péssimo-feitio e as piolhas e o seu feitiozinho danado. Uma cambada de maus-feitios, é o que é. Mas um mau-feitio que nos vai salvando. E que nos une. E que, acima de tudo, nos protege, sem passar por cima de ninguém.

 

publicado às 13:01

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19 comentários

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De Daniela Santos a 10.01.2013 às 15:18

estou aqui há que tempos a pensar o que poderia escrever... mas não há nada que eu diga que te faça sentir melhor, pois não? apenas quero que saibas que estou aqui, ao alcance de uma chamada, que te compreendo e que a tua revolta, frustração, tristeza e sei-lá-mais-o-quê também a sinto. e também estou farta de ter que me contentar com as pequenas vitórias que não significam nada para os outros...
estou aqui, miga.

bj
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De t2para4 a 14.01.2013 às 14:07

Eu sei, querida... E agradeço-te as horas ao telefone a ouvirmos as nossas lamurias mútuas... Ando mesmo farta de me contentar e congratular com o que parecem restos de trabalhos, as pequenas coisas... Sei que têm que ser valorizadas mas enerva-me ter que valorizar algo tão natural como pedir água!!! Porra, ninguém olha para isto, ninguém dá pulos de alegria com isto! 
Breathe in breathe out. As coisas vão ao sítio se me acalmar, certo? :)
Obrigada e beijos enormes.
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De Rainbow Mum a 11.01.2013 às 01:14


Querida M. tu és uma mulher excepcional e não sei como aguentas com tanta coisa às costas e consegues ser tão incrível em tudo o que fazes. És uma mãe fantástica, artista, cozinheira, decoradora, organizada... E só alguém assim consegue sobreviver no meio de tudo o que te tem acontecido. O problema? Ninguém é perfeito e todos nós vamos abaixo quando a carga é grande demais... És uma pessoa que quer sempre o melhor, que tentas fazer tudo sempre da forma mais perfeita só que isso também gera um enorme cansaço e nem sempre as circunstâncias o permitem. Sei que é difícil mas talvez tentares ter algum tempo para ti, relaxar um pouco pois tens que antes de tudo pensar em ti. No outro dia li num blog um texto que falavam sobre como as mães de meninos especiais têm que se preocupar consigo também. Falavam das máscaras de oxigénio nos aviões de dizerem sempre que se tem que colocar no adulto antes de colocar na criança. Senão o adulto não vai conseguir ajudá-la. Parece-me uma excelente metáfora.

Uma coisa que falas neste teu post é que concluis que quando estás bem as tuas piolhas ficam mais tranquila. Pois mais importante que todas as terapias do mundo para elas é de facto a pessoa mais importante da vida delas estar bem. Em 2013 se me permites dar-te um conselho, não te preocupes tanto com tudo, relaxa um pouco mais, pensa mais em ti. E tenho a certeza que essas piolhitas vão relaxar mais também.

Um beijinho grande e quero que saibas que te admiro imenso e por vezes gostava de ter um bocadinho da tua energia e vontade de fazer tanta coisa. A sério, adorava conseguir organizar-me assim, ter sempre vontade de fazer coisas com o meu piolho como fazes com as tuas, disponibilidade para gerir tudo o que geres...

Vai tudo melhorar, vais ver. Acredita só um pouco mais nisso :)
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De t2para4 a 14.01.2013 às 14:33

No outro dia li num blog um texto que falavam sobre como as mães de meninos especiais têm que se preocupar consigo também. Falavam das máscaras de oxigénio nos aviões de dizerem sempre que se tem que colocar no adulto antes de colocar na criança. Senão o adulto não vai conseguir ajudá-la. Parece-me uma excelente metáfora
.

É mesmo uma excelente metáfora e ainda bem que ela nos faz olhar para esse lado porque eu ia ser aquela que iria pôr primeiro a máscara aos filhos :) :) Sou assumidamente mãe galinha e o modo como o tenho feito, a dedicação/o empenho/a aprendizagem de tanta coisa para que o trabalho que temos tido com as piolhas seja contínuo e não quebre, tudo isso me tem esgotado a vários níveis. A perfeição que quero atingir impedem-me de descansar nas pausas... Não descarrego em cima das piolhas estas exigências, não lhes peço que façam o impossível que eu quero atingir mas ao exigi-lo para mim, sei que me vou esgotando aos poucos. 

Vou ter que tirar tempo para mim, isso é ponto assente. E vou ter que tirar tempo para desligarmos todos do trabalho seja ele qual for. No fundo, acho que nem estou a pedir nada demais, apenas gostaria de saber o que é ser-se mãe de forma natural, instintiva, sem ter que andar a pisar ovos ou a moer o juízo com o que raio terá provocado aquele comportamento ou porque razão o cabelo voltou a ser arrancado ou porque diabo passam a vida a miar de manhã à noite, durante dias a fio... Isto não acontece aos outros, acontece-nos a nós e é isso que me revolta - ainda - porque me parece algo punitivo. E enquanto eu encarar as coisas como uma punição, vou sofrer com isso, é óbvio. Mas não vou dobrar com essa facilidade. Vou continuar a tentar, a ir à luta e desistir não é sequer uma opção a considerar. Recuso-me a aceitar que o autismo me roube as filhas. Eu não aceito que tenha passado o que passei durante a gravidez e vida das piolhas para que o autismo mas leve assim só porque sim. Vou consumir-me um pouquinho mais mas vou à luta. E o pai e elas também irão à luta, na/da sua maneira. E, se às vezes, surge um cansaço ou uma crise de nervos e choradeira, talvez seja um sinal para abrandar um pouco, tipo travar antes da curva para que esta se faça com suavidade sem forçarmos o carro a uma manobra mais arriscada. E depois ir acelerando com precaução, sem atingir rotações elevadas para não esforçar o motor. Hei de lá chegar, só preciso deste momento de travagem.
Obrigada pela mensagem de força e positivismo. De coração.


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De R a 17.01.2013 às 00:48

Eu sei o que custa olharmos para quem nos rodeia com filhos "normais" e ver como a vida deles é tão fácil e tão simples. Como tudo é tão natural e claro, tão perfeito :) Mas pensa uma coisa, o autismo não vai roubar as tuas filhas. O autismo, ou lá o que isso é, esse bicho papão terrível, é uma parte integrante da personalidade delas. Ao lutares contra ele com todas as tuas forças vais estar sempre, por mais que o faças de forma inconsciente, a prejudicá-las pois elas sentem, e acredita que sim, essa tua angústia.

Eu sei que falar é fácil e que deves estar a pensar quem é esta gaja que nem sabe nada da minha vida para me estar a dar lições de moral. Acontece que sei, porque apesar de não te conhecer pessoalmente, sei perfeitamente o que estás a passar pois eu própria também passo por isso. Talvez agora menos pois desde que deixei de querer enfrentar o bicho papão, sinto que este se está a deixar domar cada vez mais. Ele é mais forte que nós, retira-nos todas as forças e pior que tudo tem o condão de nos fazer olhar para os nossos filhos e vê-lo no seu lugar. Só vemos isso, em cada estereotipia, em cada birra... Lá está ele, no lugar do rosto do nosso filho querido e que sempre desejamos. E cresce. Ui, se cresce... Cada vez mais, parece que quanto mais nos revoltamos, mais o odiamos, mais ele cresce.

Só quando decidi que o ia ignorar completamente, deixar de olhar para a sua cara é que ele começou a minguar... E acredita, está a ficar cada vez mais pequenino...Há alturas em que me esqueço que ele existe pois a pequenina pessoa que está por detrás está a crescer cada vez mais e a ocupar todo o meu campo de visão...

M., não é a lutar contra o monstro desta maneira que conseguimos derrotá-lo. O monstro alimenta-se da nossa fragilidade e suga-nos por completo e aí sim vai roubar os nossos filhos. Aliás, sinto que roubou o meu durante os últimos 3 anos e não quero que fique para sempre com ele. Os momentos que devia estar a "curtir" o meu filhote foram preenchidos com mágoa, revolta, tristeza. Até que achei que não ia a lado nenhum assim. E que ia perder o meu filhote mesmo, pois sem sentir que o aceito como é, com todos os seus defeitos e qualidades, com a sua diferença ele ia cada vez mais apresentar estereotipias, birras, etc... Podes dizer-me que não descarregas para cima das piolhas. Não é verdade, eu sei que não. Não de forma consciente mas basta eles sentirem a nossa energia, o nosso estado de espírito para devolverem na mesma moeda.

É das coisas mais difíceis do mundo, eu sei, mas se não mudamos eles não mudam e não conseguimos ser felizes nunca. Nem eles conseguem.

Eu ainda ando neste processo de aceitação. Espero um dia consegui-lo em pleno e talvez nesse dia, quando for a ver bem, o que tiver de aceitar até pode ser o menino que eu sonhava, sem qualquer problema. Ou não. Mas saberei que ele sentirá que seja o que ele for eu estou lá para o aceitar em pleno.

Um dia vou conseguir. E sei que tu também :)

Beijocas e força.

P.S. Além do mais, sei do que as tuas piolhas são capazes. E sei que esse dia vai acontecer, o dia em que o monstro vira uma formiguita tão pequenina que ninguém a vai ver :)




 
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De t2para4 a 17.01.2013 às 10:49

Muito, muito obrigada pelo comentário e palavras sinceras e certas. 
De facto, algures no meio de tanto trabalho com/de/para as piolhas, se calhar, perdeu-se o grande objetivo da nossa luta. Sei e, apesar de reticente, aceito que as piolhas nunca serão miúdas normais. Primeiro são iguais uma à outra, e só por aí vão chamar a atenção, mas porque serão sempre umas miúdas estranhas em algusn dos seus comportamentos. Ainda ontem, ao jantar, estávamos todos a conversar e o marido - que tem passado estes últimos 2 dias numa escola - comentou que as piolhas não falam como os miúdos da idade delas e coleguinhas que estão agora no 1º ano. Não o fazemos por mal, surge e é impossível não comparar. Mas, por outro lado, elas já sabem fazer adições e têm um bom raciocínio matemático e já leem... 
Gostei muito de ler este comentário e da realidade que me apresenta. Talvez eu precise de mais tempo para fazer o luto dos ideais e planos que eu tinha para as piolhas. Vejo-as como as minhas meninas e não como as autistas mas implicitamente está lá, não é? Mas não deixarão nunca de ser as minhas meninas.
Mais uma vez, obrigada. Desejo, de coração, que essa força que tens e essa determinação e aceitação não desapareçam mas se reforcem cada vez mais.
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De Rainbow Mum a 17.01.2013 às 21:39


Elas não são iguais aos outros. Mas isso não tem que ser uma coisa má :) Numas coisas estarão atrás e noutras à frente, como qualquer criança. Sendo que nos nossos filhos por vezes a diferença é mais visível pois eles são de extremos. Numas coisas brilhantes e noutras tão atrás dos outros que não se entende...Mas acredita que as dificuldades serão superadas e as coisas em que se distinguem pela positiva vão se cada vez maiores e um trunfo para o futuro. Conheço tantos casos que foram assim. Olha, tenho falado muito com a Ica (que tem agora um blog e escreve por vezes comentários no meu também) e conheci os seus 2 filhotes. O mais velho pareceu-me um caso muito semelhante ao meu pequenito e a Ica diz que com a idade do meu também estava super atrasado na fala... Ela disse-me no outro dia que nunca o via a entrar para a primária com 6 anos (fazia em Setembro) mas que decidiu arriscar. Ele superou tudo, hoje tem 8 anos e óptimas notas, tem amigos e é um puto fantástico! As coisas que tem agora já são "imperceptíveis a olho nú", nunca ninguém que não soubesse diria qual o percurso dele. Tem ainda um pouco de resistência à frustação (havias de vê-lo com o meu piolho à bulha... eheheh. Mas adoraram-se!) e ainda é um pouco imaturo em algumas coisas (capacidade de argumentação com os amigos por exemplo). Se calhar nessas coisas está 1 ano atrasado face à idade. E certamente mais 1 ano ou 2 estará alinhado nesses aspectos com os outros. Noutras está muito à frente. É um menino lindo, divertido, simpático, interactivo, sociável, espertalhaço como tudo! Se o meu estiver assim aos 8 não peço mais nada :)

Por isso te digo, não há motivos para não acreditar que com as tuas será assim. Aliás elas neste momento com a idade que têm estão tão à frente do meu e deste menino na idade delas!!!! E olha, segundo a Ica ele também era do pior com as birras, tomou Risperdal... Mesmo terrível... Fala com ela M, talvez te ajude a ver que há de facto um futuro mais risonho à espera! As birras irão diminuir, elas vão evoluir cada vez mais...Daqui a 2 anos falamos, sim? E tu vais dizer: "A Rainbow é que sabia :)" ehehe

Bem, adorei ver-te agora mais positiva. Desculpa se me intrometi demais mas às vezes temos que ter uns abanões e eu peço-te que faças comigo também quando descambar :)

Beijocas!
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De t2para4 a 18.01.2013 às 12:43

Obrigada pelos abanões. Às vezes, é tão mais fácil entregarmo-nos à dor e deixar andar, desistir momentaneamente de tudo, fingir que não se passa nada e deixar ir. É muito mais fácil assim e não ter que trabalhar e ir a terapias mesmo que não nos apeteça (nem sabes o quanto me custa ao final do dia enfiar-me numa sala de snoezellen e brincar numa piscina de bolas...). Mas desistir assim não é bem a minha praia e temos que seguir para algum lado, nem que seja atrás para cortar numa outra interseção qualquer mas ir a algum lado! Não se trata de positivismo mas sim de fazer alguma coisa em vez de deixar que a apatia e a impassividade tomem conta de mim e dos meus.
Espero que sim, que daqui a uns 2 anos eu venha a dizer-te que tens mesmo razão :) Não vou esconder que ando ansiosa e com medo do que setembro nos possa trazer. Mas ontem já tive tão boas notícias no caderninho de comunicação/articulação que talvez, em termos de conteúdos, as coisas corram bem. Os intervalos e os 300 colegas já serão outra coisa :) está fora de questão optar por outra escola visto que esta - onde eu e o pai andámos - tem todas as condições para as receber e proporcionar o que precisam. Mas, tenho mesmo é que respirar fundo e deixar isso para depois :)
Vou ver se encontro a Ica :)
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De Rainbow Mum a 20.01.2013 às 23:33

Sei perfeitamente o que é termos sempre vontade de fazer mais, de acharmos que temos que vencer rapidamente a batalha mas quando ficamos desgastadas demais tem sempre o efeito contrário, e acaba por nos prejudicar a todos. As tuas meninas vão estar ok em Setembro, não tenhas dúvidas disso. O meu já não sei se estará preparado mas como faz 6 em Outubro esperar mais um ano não será um problema. Já não stresso com isso, confesso :) Devagarinho, step by step lá chegaremos!

A Ica está aqui: http://espelhodaalmaminha.blogspot.pt/ (http://espelhodaalmaminha.blogspot.pt/). Fala neste blog do filhote mais pequeno, de 3 anos sendo que no caso dela a história do 1º filho está a repetir-se...Sendo que tenho a certeza que como com o 1º tudo correrá pelo melhor.

Beijocas
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De t2para4 a 21.01.2013 às 15:47

Sabes que, olhando friamente e de fora para tantas crianças que estão atualmente no 1º ano do 1º ciclo, analisando os seus comportamentos com os nossos olhos clínicos de mães com crianças diferentes, metade deles não está preparado para entrar. Mas entra porque já tem a idade e porque é assim que as coisas funcionam. Por isso, talvez os nossos não estejam assim tão distantes como pensamos e, no fundo, os nossos medos - apesar de normais - são infundados. Fria e objetivamente, a nível cognitivo e intelectual as piolhas já podiam perfeitamente estar no 1º ano mas não a nível comportamental e relacional e de maturidade. Entrarão na escola primária com mais valências que outros meninos mas com mais falhas do que outros meninos também, com os 6 anos feitos de fresco. E vão perfeitamente a tempo de se adaptarem e de se integrarem. Nós esperamos. E se no percurso for necessário ficarem retidas um ano, não há problemas nem alarmismos (desde que a retenção faça sentido e tenha lógica). Só quero mesmo que sejam felizes e que se sintam seguras, estejam onde estiverem...


Obrigada pela morada. Vou espreitar. 
beijos
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De BECAS a 11.01.2013 às 09:51

Xi tem sido dias dificeis sem duvidas, mas tu sempre uma lutadora.
É normal as forças desaparecerem, mas senti que aos pouquinhos elas já estão a voltar.
Deixo-te um grande abraço e muita coragem.
As melhoras para todos.
BJS
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De t2para4 a 14.01.2013 às 14:38

Obrigada Becas. 
Sim, pouco a pouco, as forças estão a começar a despontar. Ajuda que as piolhas andem mais calmas e não gritem tanto. Os gritos delas é que incomodam  imenso e impedem-me de descansar, mesmo durante o dia. Não é descansar no sentido de dormir mas ter a cabeça sem os ecos dos gritos....
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De L a 11.01.2013 às 13:00

Minha linda, escrevo aqui estas poucas linhas para ralhar contigo! Sim, os amigos também servem para ralhar uns com os outros, mas com meiguice!
A vida não é fácil, e quantas vezes me pergunto porque não poderia ser tudo muito mais simples.... mas neste caso não me parece que te possas culpar amiga. É aqui que te puxo as orelhas, culpa é de quem faz as coisas de forma propositada ou descuidada e leva a que as coisas aconteçam de determinada maneira.
E se há coisa que vejo desde uma certa conversa sobre desenhos animados,( numa altura em que o combóiosainda andava nos carris), é que independentemente das frustrações, das revoltas, das desilusões, a família é o principal, e o amor, a dedicação, a responsabilidade, fazem parte de ti como faz parte do nosso dia a dia o comer e o respirar.
Tendo em conta que desde aquela conversa sentiste a vida descarrilar um pouco (isto é um eufemismo...), tirar-te da viagem para a Itália e levar-te para a Holanda, tens todo o direito de te sentir triste, desiludida, revoltada...
E, se fico de coração apertado porque não posso mudar o rumo das coisas, por outro lado fico super feliz porque estas meninas têm uma família que as ama, apoia e procura por todos os meios abrir portas para que possam um dia mais tarde abrir asas e voar.
E, embora não seja fácil nesta vida de correrias e muitas responsabilidades, como alguém diz mais acima procura um momento para ti, para carregar baterias, para te mimares... dessa maneira poderás depois mimar muito mais as piolhas!
Beijinhos e obrigada por seres como é, por existires na minha vida!
L
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De t2para4 a 14.01.2013 às 14:46

Antes de mais, eu é que tenho que agradecer todo o teu apoio, risos, lágrimas, puxões de orelhas. Se bem me lembro - e disto nunca me vou esquecer -, foste tu quem preparou todo o início do meu ano letivo após o agosto em que soube que as piolhas eram autistas. Quem é que, no seu juízo perfeito, se sujeita a arrancar com um ano letivo para si e para um pendura? Andei quase todo o 1º período a depender de ti e não fosses tu, eu não teria conseguido fazer nada e os meus alunos da altura nada teriam aprendido... Isto é amizade da boa, daquela que não se vê em lado nenhum :) por isso, obrigada eu por existires na minha vida e estares disponível para levar com os meus altos e baixos.
o tempo da conversa no comboio já parece ter sido noutra vida... Crescemos tanto e tão rápido, não foi? E de forma tão forçada... Não é lá muito justo. E, às vezes, até me apetece ser irresponsável (perdoem-me, J. e I., se estiverem a ler isto) e não ir a terapias nem a reuniões nem ler o que se escreveu no caderno de articulação com medo do que lá possa estar... Mas falta-me a coragem para isso porque, primeiro seria cobardia e não coragem, depois esses são os mecanismos de que as piolhas dependem para evoluírem e eu não seria melhor que a mosca que pousa na merda se lhes tirasse isso. Não sou assim e como sou uma "revoltadora" por natureza, pumba, de vez em quando, lá malho com o focinho no chão :)
Um beijo enorme e obrigada por tudo
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De silvia Pereira a 11.01.2013 às 13:29

Querida amiga,


Eu sei que não é fácil e acredito que apesar das boas palavras o certo é que não é fácil, mas para o bem e para o mal sempre te podes apoiar no melhor que os amigos podem fazer.
Por isso no que eu poder já sabes que odes contar.


Bjinhos e espero que as coisas comecem a melhorar
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De t2para4 a 14.01.2013 às 14:47

Obrigada. De coração.
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De Mia Martin/Sarah Cloud a 13.01.2013 às 20:32

Escusado dizer que me identifico plenamente com o que dizes.
Uma das coisas que me dá alento é depois das coisas mais complicadas, ou de dar três passos atrás, é parecer que eles dão cinco passos à frente.
Espero que "as núvens" já tenham passado, beijinhos para vocês.
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De t2para4 a 14.01.2013 às 14:50

Graças a deus que assim é senão já teria ido passar uma temporada a um sanatório qualquer ao estilo século XIX!!! Mas parece-me uma evolução tão sofrida para esses meros passinhos! Não deveria queixar-me, eu sei, porque as nossas crianças evoluem e eu conheço casos que chegando a um certo patamar parou... E isso é muito pior e faz-me sentir culpada do que sinto. Mas estas coisas passam. São aqueles momentos negros que surgem...
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De Mia Martin a 14.01.2013 às 16:11

É mesmo assim, e temos direito a esses momentos menos positivos.
Temos direito à revolta por não podermos tomar o lugar deles. Mas estamos sempre ao lado deles, e do lado deles, e é a isso que me agarro.
Beijinhos grandes para vocêsImage

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