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... dos pais.
Os últimos dias não têm sido propriamente um mar de rosas e o que descrevi aqui foi apenas o início de uma crise como nunca tinha visto. Não é da idade, não é do tempo - é da ansiedade, da falta de sono, do acumular de tensões associados ao autismo. Assustei-me apavoradamente ao ver a piolha assim, foi tudo completamente diferente do que já tinha visto nelas até então e nem sequer se tratou de uma birra...
Depois de contactar o pediatra da unidade de autismo e explicar o que se passara, aguardei feedback. O dr. Frederico foi fantástico e ligou-me no fim de semana para confirmar um pouco o que já sabíamos que iria acontecer: regresso à melatonina e à risperidona ao final da tarde. Estivemos imenso tempo a conversar sobre estes últimos tempos e uma das coisas que ele me perguntou foi se tínhamos sido suficientemente egoístas. Confesso que nem por isso. A verdade é que, apesar de ter feito um time out de muita coisa, continuei a viver pelas e para as piolhas.
Assim, passei a fazer um pouco do que fazia antes e, por preguiça e comodismo, deixei de fazer com tanta frequência, com a ânsia de vir para casa: começaram a passar mais tempo em casa da avó enquanto eu vou às compras ou dou uma volta pela localidade a tratar de burocracias, aproveitamos para passar o fim de semana ao ar livre e não deitados (bem, deitadA, eu) no sofá ou a tratar de domesticidades e vamos ao cinema. A bem dizer, acho que já não vou ao cinema desde os "Piratas das Caraíbas 3"...
Vou ver um filme para o relax: "Velocidade Furiosa 6" porque sim, porque gosto de carros, porque tem gajos bons, porque o marido também gosta do filme e porque já vimos os outros 5 e gostámos e porque juro que até me dava jeito um daqueles carros do filme anterior (aquele que é militarizado e que o nosso estado ia para comprar mas acabou por desistir). Seria uma gaja feliz a conduzir um bicho daqueles :) :)
Gostos à parte, precisamos deste momento e temos mesmo que afastar este sentimento tão típico da nossa geração e que não existia nos nossos pais: o sentir culpa por estarmos longe dos nossos filhos. Eu tenho que me mentalizar, cada vez mais e mais do que nunca, de que apesar de muito minhas, as piolhas também são dos avós, da tia, das amigas, etc. E que, estando elas bem entregues e felizes, eu não tenho que sentir culpa absolutamente nenhuma.
Assim sendo e como vai sendo hábito, breathe in breath out and time out for selfishness without a hint of guilt.