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A minha irmã divorciou-se hoje, oficialmente. Finalmente acabou tudo perante a lei e o diabo a sete. E a aliança também já saiu do dedo esta semana. E ela está em melhor sozinha que pessimamente acompanhada. Dr. Jekyll e Mr Hyde é na literatura, dispensamos isso na vida real.
O ex-marido levou a mãe e aceitaram ambos tudo com a maior das naturalidades. Para quem se opôs tanto ao início e andava sempre de cara cerrada armado em mau, foi muito rápido e aceite ainda mais rápido. No final, ainda lhe perguntou se agora estava tudo bem (eu acho que estaria tudo bem se eu contribuisse para aumentar a conta bancária de um dentista). E a mãe, que chorou no dia do casamento, estava a chorar no dia do divórcio, a lamentar-se que a corda partia sempre pelo lado mais fraco... O deles! Porque eram pobres e coitadinhos e pagam renda e os meus pais são ricos e têm um palacete.
Ora bem, ha....., isto merece ser escrutinado:
primeiro: os meus pais não são ricos senão eu não teria comprado casa, ter-me-ia sido oferecida uma. Uma vivenda e não um t2.
segundo: os meus pais não têm um palacete, têm uma vivenda igual a tantas outras que se fizeram nos anos 80, paga com um sacrífico descomunal que implicou a emigração do meu pai quando eu tinha 7 anos e a minha irmã 3.
terceiro: se os meus pais tivessem um palacete, o meu pai estaria de volta, de vez.
quarto: eles, pobres sim mas de espírito, não têm uma casa própria porque se recusaram a fazê-lo, não têm carro porque isso implica ter seguro, não têm net porque isso implica um contrato, bem, poderia continuar mas não vale a pena. Tudo o que implica dar o nome para contratualizar algo é negado por ele, não aceita fazê-lo porque isso implica um compromisso.
quinto: quem tem dinheiro aplicado, só não tem casa própria se não quiser. E não me parece que seja assim tão pobre.
sexto: azar o deles. Trabalhem, sujeitem-se a trabalhos fora da área, esforcem-se. Eu comprei o meu T2 quando ainda estava a estudar.
Não há pachorra para gente miudinha. Nem pobre de espírito.
Uma das piolhas teve um episódio de sei-lá-o-quê na piscina... A professora apenas mudou a entrada na piscina grande - não era a entrada habitual - e não o disse previamente. Lá veio a gritaria e o choro e o handflapping... Quando começa a esbracejar cegamente, não adiante insistir. Fui logo ter com ela, falei com ela e expliquei que estava tudo bem, abracei-a (estava mesmo a tremer e não era de frio) e disse-lhe que ficava com ela até ela entrar na piscina. E assim foi. Correu bem e a piolha lá se acalmou... Mas fica sempre a sensação pesada no peito e a vontade de fugir. Não me sinto na obrigação de me desculpar nem de dar explicações. Não ando virada para palestras sobre autismo. O resto da aula decorreu sem incidentes.
Pfff, vou ali e já venho.