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... à volta de uma mesa, numa sala fantástica, com pessoas fantásticas. E muitas crianças a ser aquilo que são: crianças.
Numa sala que apela à imaginação e às viagens no tempo ao domínio dos faraós, com todas aquelas cores douradas e quentes, cerca de 12 crianças e respetivos pais mostraram que "O Autismo não é um bicho", numa manhã passada entre histórias e mistura de materiais, brincadeiras e aprendizagens, conversas e atividades. 12 crianças à volta de uma mesa cheia de purpurinas, rolhas de cortiça, bocadinhos de tecido, cartolinas, canetas de feltro, lápis de cor, colas, rolos de papel e mais uma dezena de outros materiais com que criaram coisas: gatos, borboletas, aranhas, música, coisas, caça sonhos, purpurinas, ervilhas no comboio super rápido, póneis, princesa. E ainda levar uma miscelânea de cores - um espectro de cores! - para casa (derreter lápis de cera de todas as cores é tãooooo fixe!!!!!!!!!!)
Obviamente que jamais poderia deixar de parte os desenhos fantásticos que me têm acompanhado nestes últimos anos: os desenhos de crianças e adolescentes com autismo que impressionam qualquer pessoa e que mostram cor, formas, sentimentos - o que qualquer desenho de qualquer criança feliz e amada mostra.
Creio que é seguro dizer que os objetivos que tinha em mente foram alvançados, pelo menos, naqueles momentos que sei que ficarão na memória. Conseguimos sensibilizar para a temática do Autismo enquanto perturbação neurológica e de desenvolvimento e não enquanto doença; alertar para uma correta avaliação do desenvolvimento da criança e, assim, auxiliá-la e à família no seu percurso; promover o conhecimento do autismo, evitando assim discriminação, comentários de terceiros, olhares de esguelha, uso de chavões; mostrar que o desenho e o sonho são transversais a todas as crianças de idades, credos, raças, estados de saúde, etc.; promover uma integração saudável e eficaz de crianças com autismo; incluir a comunidade educativa no contexto escolar das necessidades educativas especiais; dar a conhecer outras formas de comunicação; proporcionar a hipótese de troca de ideias, experiências, conversas, etc.
E conseguimos apoiar a AME!
A sessão terminou com o testemunho de vários pais sobre o que é (con)viver com o autismo, com o intuito de passar uma mensagem mais positiva, porque "tudo é diferente de nós e por isso é que tudo existe" (Alberto Caeiro - ninguém mais indicado para passar uma mensagem assim senão um dos heterónimos do nosso grande Pessoa).
E, todos nós, na nossa diferença e diversidade, fomos mais do que público numa qualquer palestra ou num qualquer workshop: fomos parte integrante do caos criativo, fomos mais voz a juntar-se ao burburinho alegre dos nossos filhos, fomos um pouco crianças ao criar com e como eles, fomos implacáveis com o Ruca (eu confesso que me faz espécie um ser assim tão perfeito. Come on! Algum problema ele tem, caramba!) e rimos. É tão bom, por breves instantes, podermos ser mais uma mãe com e entre as outras e ver os nossos filhos com e entre os outros a serem aquilo que, antes de tudo são: crianças.
Acho que a mensagem passou. E eu agradeço de coração a quem me aturou as ansiedades e desabafos, as horas de seca, a quem veio de longe (de muito longe) para co-participar (Obrigada Pais com P grande, foi um prazer!), as ajudas na divulgação, a participação, o interesse.
(fotos tiradas pela Sofia)
E as apresentações ppt., com mais umas histórias e algum humor, escritas por mim, com testemunhos de mães guerreiras (um especial obrigada à Daniela).
http://www.t2para4.com/ervilhas/aservilhascomboio.pdf
http://www.t2para4.com/ervilhas/adiferenca.pdf
E o nosso testemunho fica para um outro post, já a seguir.
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