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Já tinha referido os meus receios de novos animais de estimação e a dificuldade que tem sido descobrir a origem das recentes crises asmáticas do marido. Mas a verdade é que ainda bem que arriscámos.
Eu e as piolhas somos, definitivamente, cat people. Não é que não gostemos de cães ou de peixes (aliás, ainda temos os nossos, com 3 anos de idade - gigantescos!) mas gatos é outra onda. E uma boa onda.
Desde que os gatinhos vieram para casa que noto umas miúdas mais responsáveis em relação a eles, pois não são brinquedos, são animais que sentem felicidade e carinho e dor e medo, tal como elas.
De facto, não convém esquecer que os gatinhos vieram a seu pedido. E assim, o t2, pouco a pouco, lá se foi acomodando para receber mais um par de gémeos, a minha nova sombra quando as piolhas não estão em casa.
A relação entre estes dois pares de gémeos é quase mágica e única. Quando as piolhas vão para a escola, eles espreitam da porta da cozinha (onde têm a sua caminha, arranhador, comida e wc) como quem diz "até logo!" e quando elas chegam a casa, eles são os primeiros a dar-lhes as boas vindas! Não o fazem comigo nem com o marido, só com elas; vão ao quarto despedir-se como quem deseja boa noite e de manhã, tomam o pequeno almoço juntos: ração para os gémeos mais novos e leitinho achocolatado para as gémeas, na cozinha - algo que as piolhas não faziam. Ainda agora as piolhas foram dormir e o Quico e o Silvestre foram ao quarto. Mal se apaga a luz, eles saem, sozinhos.
Educar os gatinhos não tem sido complicado: todo o processo de ensinar a usar a areia (que mudámos agora para sílica) foi feito em frente a eles e incitando-os a usar o espaço, saber como agir com aquela porta vaivém. O mesmo com as tacinhas da ração e a água.
O espaço principal dos gatinhos fica na cozinha, apesar de terem acesso a todo o t2. E há regras a cumprir por todos: não há gatos em cima dos sofás, a menos que estejam ao nosso colo; não há gatos em cima das camas e muito menos dentro das camas, de modo algum; não há donativos de comida nossa por muito que pedinchem (e o Silvestre pedincha que se farta... mas passa); e, para já, não podem ter acesso à varanda por causa do motor do ar condicionado e da rede que está rasgada num cantinho.
E, tal como as crianças, são castigados quando se portam mal (querem roer um cabo, sobem estantes, sobem para o sofá ou tentam atacar as cortinas, por exemplo): uns esguichos no focinho/cabeça e resulta. O mais engraçado é que eles amuam como as crianças e vão para a caminha, como quem disse "vai para o teu quarto de castigo!". Uma delícia.
E o que fazem estes quatro nos fins de semana? Brincam juntos, os gatinhos sentam-se e dormem ao colo das piolhas enquanto elas fazem os TPC, elas leem para eles, uma festa pegada. E, como são bebés, ainda dormem muito e as piolhas têm tempo de sobra para brincar com poneis.
Já fomos ao veterinário juntas: foi fantástico ver uma piolha a levar a caixa de transporte, com todos os cuidados, apesar de ter uma constipação em cima e mal conseguir abrir os olhos... E chegadas à clínica, esperaram a sua vez, explicaram tudo à veterinária, falaram das rotinas dos gatinhos, etc. Foi indescritível. Eu apenas tive que ir corrigindo informações e traduzir algumas palavras.
Não se compara o que elas são agora com os gatinhos com o que foi com um cão. Ainda hoje ouvi uns desdéns por causa disso: ainda há pessoas que acreditam categoricamente que um cão é que é o ideal para uma criança com autismo. Eu cá acho que deve ser o animal que essa criança escolher. E também acho, aqui para nós, que os gatos também são um bocadinho autistas ;)