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As mães também ficam doentes

por t2para4, em 16.12.21

Fiquei sem a minha ferramenta de trabalho mais importante. Não posso substituí-la, nem pedir emprestado, nem arranjar outra. Fruto do tempo ou das -ites e -oses características desta altura, a verdade é que me faz muita falta. E sem ela não posso trabalhar.
Estou sem voz.
Consegui, sabe-se lá como, ter uma faringite vírica e uma laringite bacteriana, tudo num só, o que me deixa aqui as vias aéreas completamente feitas num 8. E escusam de vir as piadolas sem piada nenhuma "agora lá em casa é um sossego" como se lá em casa mais ninguém falasse 😕
Na impossibilidade de falar - e porque tenho indicações médicas para descanso absoluto da voz -, tive de encontrar outras formas de me expressar e comunicar. A quantidade de entraves é fenomenal. Desde usar gestos básicos, a sussurrar, a escrever no bloco de notas do telemóvel, o que notei, de um modo geral, apesar das estratégias diversificadas, foi pressa. Enquanto eu escrevia o que se passava, já tinha passado o momento... O que me levou a questionar várias vezes, ao longo destes dias, o que fará uma pessoa surda (profunda ou não) ou muda para se fazer entender. E como agem os seus interpelados.
Parece que tudo em catadupa: o nome que não é bem lido e sai errado, as indicações clínicas que já vão escritas mas precisam de ser repetidas mais vinte vezes nem sei bem porquê, o fazer a pergunta mas nem dar tempo de responder ou de seguir as indicações médicas, o pressuposto de que se somos professoras devíamos ter alguma especialização em saber como usar a voz sem ter voz, enfim. O que me voltou a despoletar as tais questões "como fará alguém que precise de comunicar efetivamente e não consegue se não dão tempo?". Acredito que se arranjaria uma solução e tudo se resolveria mas, às vezes, temo viver no país dos unicórnios.
Apesar da minha dificuldade em fazer-me entender (as máscaras não ajudam nada para se fazer leitura labial, por exemplo), considero que fui muito bem tratada e cuidada. Eu sei que há muitas queixas e muitos maus serviços mas também sei que há muito bons profissionais e pessoas incansáveis. E eu acredito que, apesar de doente, o nosso SNS ainda vai conseguindo fazer alguns pequenos milagres.
Afinal, as mães e as professoras também ficam doentes e precisam de algo com "poderes especiais" para ajudar. Eu ainda quero acreditar no nosso serviço de saúde. Agora é cuidar destas -ites e -oses.

 

 

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publicado às 18:02

Não é vergonha pedir ajuda

por t2para4, em 27.08.21

Começa com uma imaginação demasiado fértil e até sombria. Segue-se um bater de coração diferente, mais audível e palpitante. A tensão arterial parece cair e até custa respirar. E a cabeça não pára e vai tecendo cenários. As mãos tremem.
Tudo é um esforço hercúleo e é preciso aproveitar muito bem os momentos de energia e de vontade. Tudo se faz, as obrigações cumprem-se, as tarefas realizam-se. Mas tudo custa imenso e causa um cansaço imenso.


É preciso ajuda. É neste momento em que não funciona o individual e é preciso uma ajuda extra, seja ela química, clínica, terapêutica, médica. É temporário, é até voltar a sentir o "eu" perdido algures no meio de tudo isto, de toda a vida em redor.
Não é vergonha nenhuma assumir que se precisa de ajuda, não é vergonha nenhuma assumir que há fases difíceis, não é vergonha nenhuma assumir que não precisamos de lutar sempre sozinhos, não é vergonha nenhuma sentirmo-nos mal, não é vergonha nenhuma perceber que Séneca tem razão, não é vergonha nenhuma pedir ajuda.


"No man is a island" parece fazer algum sentido agora. E, como tal, é fundamental recorrer ao que há fora da ilha que pode ajudar. Porque o auto-cuidado, o cuidar de si mesmo é fundamental, é crucial e deveria ser valorizado.

 

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publicado às 12:12

Burnout não tem que ter um "aspeto"

por t2para4, em 10.05.21

Imaginemos um carro, bom de pintura e carroçaria, bem-estimado. Revisões e manutenções feitas a tempo e horas, inspeção bem cuidada. Mas… que anda sempre na red line. Não necessariamente à pressa ou em altas velocidades mas ali a esforçar caixa e motor. Decidiu-se começar a conduzir de outra forma pois o carro é nervoso, mesmo em mudanças baixas, parece que quer estar sempre a puxar e a picar, não gosta de estar parado, nota-se uma vibração algures. Descobriu-se que há ali qualquer coisa na centralina que uma reparação cuidada resolverá sem problemas – embora vá deixar marcas que não afetam o bom funcionamento ou segurança do carro.
No outro dia, a bomba de combustível parecia não estar a debitar o necessário para o motor e o carro mostrava dificuldades de desempenho, não puxava, podia dizer-se que estava cansado. Como não dava sinais de recuperar e com medo de ser algo grave, chamou-se o reboque. Na oficina, o mecânico achou que era do nervoso, não iria fazer nada, não ia dar aditivos, o carro era novo demais para ter estes problemas, que deveria verificar a bomba injetora e seguir viagem.
Em “consulta da especialidade”, mais tarde, verificou-se que, este carro hiperativo, é nervoso por natureza - o seu motor já foi programado de origem dessa forma e não há como desprogramar, nem ligando à centralina -, que precisa de fazer outro tipo de condução e deixar a red line sossegada, que vai, no entanto, fazer uma revisão de diagnóstico ao motor para descartar eventuais problemas, mas, de resto, está tudo bem. É um carro que, devido às suas características e condução, está à beira da exaustão e não deveria. Por isso, as recomendações vão mesmo nesse sentido: na impossibilidade de mudar as características de motor e centralina, é necessário alguns cuidados de manutenção e condução. Fazer quilómetros, de forma suave. Apenas isso. O carro continua bonito, a pintura continua boa, a carroçaria está impecável, não há sinais exteriores de que está cansado ou anda sempre a bater na red line. É um carro do caraças, é essa a realidade.


E toda esta metáfora relata a minha vida nos últimos tempos. Esse carro, sempre a bater na red line, sou mesmo eu. E agora preciso de descanso e não de críticas ou julgamentos. Continuo a gostar de pôr lápis, rímel e baton e de sair para apanhar sol e fazer quilómetros. Continuo eu. Apenas com respostas e orientações para sair do burnout. E fazer a tal condução suave.

 

 

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publicado às 10:09

"No time to die", já diz o outro

por t2para4, em 10.12.19

Faz hoje um mês, mais coisa menos coisa, que fui assolada por uma crise severa de enxaquecas. A maioria das pessoas tende a desvalorizar porque afinal, são "só" dores de cabeça e, com um paracetamol ou ibuprofeno, a coisa cura-se e nada justifica estarmos com ar de sofrimento ou a faltar ao trabalho. Não tive entraves nenhuns das minhas entidades patronais mas já ouvi estas coisas todas.

Estou habituada a ter dores de cabeça. Mas aquela foi diferente e acordei logo mal, com um latejar palpitante (passo a redundância) na nuca, do lado esquerdo. Tomei a medicação. Não surtiu efeito. Reforcei. Não surtiu efeito e piorou. O descanso ajudava ligeiramente. Mas eu tinha tanto tanto frio e quanto mais me aquecia, mais pioravam as dores. Aguentei quase 4 dias e fui ao médico de família. Mantivemos o triptano (que é muito bem tolerado nestas crises e o meu SOS desde há muitos anos) e mudou o analgésico. Em casa, piorei consideravelmente e, juro que, a certa altura, no meio do inferno e do desespero que eram as dores, todo o lado esquerdo da cabeça em dor excruciante, eu pensei que teria um aneurisma pronto a rebentar. Pensamos em coisas parvas e ilógicas mas é assim...
Fui para as urgências do hospital central. Apanhei frio ao entrar e ao esperar pela triagem, sentada no chão, a morrer de dores, porque não havia lugares nem espaço, nada. E aquela luz tão brilhante num dia tão cinzento, de onde raio vinha toda aquela luz??? Melhorei a ponto de conseguir abrir os olhos - a neurologista explicou-me, depois, que foi do frio que ajudou a aliviar a vaso-dilatação. Pulseira amarela, 7h de espera. Medicação intravenosa, não sem antes, ao colocar o cateter, ter esguichado sangue para todo o lado, ao estilo CSI. Diazepan debaixo da língua e aquilo amarga como o caraças. Momentos depois e eu já conseguia tolerar a luz, já não sentia palpitar na nuca, a minha narina esquerda já não parecia prestes a explodir, o meu ouvido esquerdo já não ardia por dentro. Vim embora, capaz de beijar a médica, com indicações de combinar triptano e diazepan, parar com a sobredosagem de paracetamol, não dar boleia à dor e atacar logo ao mínimo sinal (mesmo que fosse aquele cheiro estranho a água que senti no nariz na véspera) e descansar mal sentisse uma crise a regressar. E receitou o loflaqualquercoisa em SOS para a ansiedade.

Marquei consulta com a minha neurologista. Era suposto eu estar "curada" disto, certo? Até fiz um tratamento... Verificámos os sinais vitais e avaliação neurológica, a medicação (que fiz ainda por mais duas semanas), EEG antigos (e a comparação com o da piolha que é muito semelhante ao meu) e Doppler, falámos muito. Tive uma crise muito grave, mal migranoso pois não passou em 48h e aumentou a dor... E tentámos descobrir o gatilho da crise. Bem... além do trabalho - que até levo bem -, sinto-me cansada mas tenho tudo controlado. Fico exasperada em viagens longas com mau tempo no meio da serra e sem rede e tive uma pequena crise de ansiedade que me obrigou a encostar o carro e a forçar-me a respirar. "E as meninas? Como estão?" e o meu coração parou uns segundos e a tal dormência na nuca voltou... São miúdas fantásticas mas, por serem diferentes, este ano letivo, a coisa não está fácil. "Então?" Foram vítimas de ciberbullying - que conseguimos controlar com a escola - mas agora estão a ser frontalmente atacadas pelos colegas porque são boas alunas. E um deficiente não pode ter sucesso académico. A nossa mentalidade pequena acha isso anti-natura. E elas que adoravam a escola, agora perguntam se têm mesmo que ir e eu começo a ficar farta e cansada disto porque, sinceramente, apetece-me dar dois bofetões nos miúdos e nos pais destes - que nem sabem o que têm em casa. Eu só quero filhas felizes e o seu percurso obrigatório escolar o mais típico possível, sem chatices adicionais, já basta o que basta com apoios e terapias e timings e burocracias. Passamos a vida na escola a tentar resolver estas coisas... "Aí está o gatilho..."
Portanto, durante 3 meses, estou a fazer um tratamento profilático para a enxaqueca que vai ajudar a colmatar alguma sequela causada pela dor. Esta é a parte fácil.
Tenho medicação para fazer em SOS e reconheço os mínimos sinais porque pode voltar. Esta também é a parte fácil.
Descansar mais e tentar resolver as coisas. Já é mais complicado.
Podia ter descambado em burnout. Informação retida.

"No time to die". Título de filme mas também o que passava em looping na minha cabeça. Eu não confio no mundo. E as piolhas estão a crescer e a saber contornar as dificuldades mas ainda precisam de nós. Por isso, descanso, mais calma, fluraziqualquercoisas nos próximos tempos + triptanos e diazepans e flotaroqualquercoisa em SOS.
E não me f*derem o juízo. Só isso já faz mais que qualquer medicamento.


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publicado às 14:30

Tagarelice #58

por t2para4, em 30.07.18

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Costuma dizer-se que há 3 coisas que dizem a verdade: As crianças, os bêbedos e as leggings.

As minhas crianças, do alto da sua ausência de filtros sociais, são qualquer coisa de transcendente. E de hilariante. Sobretudo porque, além da fala, esta situação envolve... mamas - as minhas mamas.

 

Long story short, apareceu do nada e de repente, um quisto no quadrante esquerdo inferior da minha mama esquerda que inflamou forte e feio a ponto de ficar vermelho, com febre e dores horríveis. Além da repetição do exame (tinha feito uma eco mamária no dia 13 deste mês), envolveu vários pagamentos de taxas moderadoras e brufen fixo por uma semana de 8h em 8h, isto se correr bem e não necessitar de antibiótico.

Ontem, já com ideia de fazer consulta de reavaliação amanhã, estava a preparar-me para tomar duche enquanto as piolhas estavam a acabar de se vestir. Verifico se o caroço se nota e aviso as piolhas que no dia seguinte teriam de ir comigo à consulta e que era para se portarem bem. Entretanto, vão perguntando se me doi muito, que já não está vermelho, que pontinhos eram aqueles perto do mamilo, porque é que as minhas mamas eram diferentes. E eu respondo que era adulta e daí serem diferentes e que o mamilo/auréola é por norma acastanhado e é tudo normal. 

"Não mãe, diferentes assim, parece que estão a cair".

Very nice. Quem ia caindo era eu, já que as mamas, aparentemente, já tinham caído. E lá lhes respondo, depois de um loooooooooooooooongo suspiro, "fui mãe".

Ora, o processamento auditivo das piolhas, às vezes, também deixa a desejar.

"Fumaste??? E as mamas ficam assim?"

"Não, filha, eu    fuuuuuiiiiiiiiii   mããããããããeeeeee; não fumei; vocês nasceram e eu fui mãe."

"Ah, pensei que era fumar, eu nunca nunca vou fumar" (menos mal, venham as mamas descaídas... Já valeu a pena)

"Fui mãe, vocês não facilitaram com a amamentação, as minhas mamas nunca foram grandes e não há nada que um soutien não resolva. End of story"

 

E foi mesmo.

E eu fiquei semi deprimida a pensar que vou continuar a apostar em bons soutiens (daí a palavra que, no francês, quer dizer "apoio, suporte"). Bem preciso de "soutien" - qualquer que seja a tradução agora.

Também precisava de um gin ou de uma somersby ou assim mas com ibuprofeno é capaz de ser má ideia, pelo que, fico eu com as minhas feridas mamas semi descaídas e os meus soutiens.

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 21:48

E que não tem sido lá muito bem conjugado nos últimos tempos. Que é como quem diz, um dia destes dormirás. Mas não tão em breve como desejado...

Confesso que já não me lembrava do que era passar a noite entre levanta-deita-zombifica... As piolhas são madrugadoras (algures entre as 6h e as 7h) mas dormem a noite inteira. Exceto, como é o caso, quando há febre. E a febre, meus senhores, de benigno não tem nada. Já perdi mais horas de sono desde 6ª feira do que consigo contar. E juntemos a essas contas, as litradas de café. O estranho é que agora sinto um misto de cansaço extremo com uma energia doida.... Ia jurar que quando as piolhas eram recém-nascidas me tinha custado menos. Ou isso ou estou com Alzheimer seletivo.

 

Anyway, uma das piolhas começou com febre na 6ª feira, entre medicação dentro do timing normal das 8h em 8h e 52115541 t-shirts transpiradas numa só noite, a verdade é que passou rapidamente. Mas... ficou logo a outra piolha com febre, com direiro a telefonema da escola e tudo... E esta tem um histórico no mínimo interessante com as febres. São instáveis, inconstantes, de fácil e rápido crescendo e custam a passar, chegando muitas vezes ao recurso paracetamol-ibuprofeno-paracetamol intercalado... Com a temperatura a ser rigidamente vigiada de 1h30 ou de 2h em 2h horas, dia ou noite. Amanhã entramos naquele "ao 3º dia de febre temos de ir ao médico" e vamos ver no que dá. 

Logo na 1ª hora de febre fomos a correr para o centro de saúde porque, esta minha piolha, além de não quer tomar o pózinho do benuron em cápsulas com iogurte, acusou-me alto e bom som de a tentar envenenar (eu mereço, só pode...) e continuava com a temperatura a subir. Consegui medicar com xarope, de um dos colegas dela. O médico lá lhe prescreveu o xarope, mediante as reclamações (e para alívio) dela. Mas o pai já não foi nas cantigas dela e, após mais de meio frasco aviado (que isto agora para 30 kg dá quase uma chávena de café de xarope), lá foi insistindo com ela e hoje, comigo de coração pequenino que até dava dó, no trabalho, atendendo aos seus 38, 2º, lá a convenceu a beber um iogurte com o pózinho do benuron (o truque é a quantidade de iogurte: nunca menos de meio). Escusado será dizer que depois da grande festa que lhe fizemos, mesmo via telefone, assim que pude, fui a correr, mesmo contra a vontade da Gisele e tudo, comprar mais iogurtes líquidos. 

 

A febre voltou à hora de jantar e lá foi mais uma iogurtada. Mas, pelo menos, o benuron também foi. E dizia a irmã, para quem tomar comprimidos é tão fácil como usar um tablet, "estou tão orgulhosa de ti, mana! Dá cá um abraço, estou tão orgulhosa, boa!!!". E abraçavam-se e dançavam e a piolha febril com olhinhos a 30% da capacidade, a sorrir de lábios e nariz cheios de creme contra o cieiro, abraçada e a dar cincos à irmã. Parece uma casa de malucos e só os cabelos brancos que ganhei estes últimos dias atestam isso. 

Mas esta é a parte boa, maravilhosa, incrivel. 

O pior é que se aproxima a noite... E começa a minha rotina noturna do programar o despertador consoante a temperatura da piolha...

E, ainda só vamos a meio da semana. E nem sequer é a última semana de aulas.

 

 

 

 

 

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publicado às 20:23

Ora, vamos lá a prioridades

por t2para4, em 22.06.17

- O términus do ano letivo das piolhas (e da mãe, já agora - ou , pelo menos, aliviar um pouco a carga)

- A entrega de documentação necessária para a matrícula das piolhas no 2º ciclo (!!! Como e por onde raio se passou este tempo!)

- A sincronização da agenda das piolhas com as atividades de ATL e as nossas atividades, as nossas reuniões, as nossas coisas de trabalho

- A preparação do 10º aniversário das piolhas (!!!! Again, 10?! d-e-z  a-n-o-s?!)

- A realização de todas - mesmo todas - as atividades da nossa bucket list de verão

- As saídas em família, para longe, para fugir, para descansar, para conhecer

- O ignorar de quem não é nem vem por bem

- A fase final do concurso de professores, munida de google maps e códigos de escolas e agrupamentos

- Os mimos da avó

- O dar continuidade à aposta numa alimentação saudável e adequada às nossas necessidades e às estações do ano

- O apanhar muito, muito, muito, mas muito mesmo, muito sol

- O cuidar de mim porque sim, porque tenho uma família para cuidar, porque tenho filhas para criar, porque não posso morrer nem por um segundo

- A reorganização de mobílias no T2

- O recomeçar e terminar da pintura do meu carro, à la nossa moda (que é como quem diz, um do it yourself)

- O destralhar em forma de calendário (todos os dias uma área, seja ela qual for)

- O viajar muito e cada vez mais

- O viver.

 

Hoje fui ao tapete mas em micro-segundos lá me levantei de novo. Não tive tempo para pensar em desgraças nem para imaginar filmes. Não tenho tempo para estar no chão a amargurar. Se tenho de o fazer, que vá amargurando enquanto faço algo. Por isso, op e toca a andar que temos muito que fazer. 

Para juntar à lista das prioridades (que, não sei se repararam, é muito pouco social - go figure...), começa hoje mesmo um cuidar de mim que só terminará por daqui a meio ano mas que, na opinião da minha adorada neurologista (Dra Marlene Esperança Carvalho, um doce de senhora, uma profissional incrível), me trará boas novas em apenas dez dias. Por isso, vou ali tratar de umas lesões microangiopáticas circulatórias e explusar umas enxaquecas de vez. Volto já. 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 19:03

Ora, no dia de hoje:

por t2para4, em 22.03.17
- está um frio do camandro que não se aguenta e passei a manhã com os pés qual bloco de gelo;
- caiu granizo de 5 em 5 minutos e, para variar, quando não perco os chapéus de chuva, não faço ideia se estarão em casa ou em qualquer um dos carros;
- tenho de ir à bruxa mandar fazer umas rezas e umas benzas e queimar umas arrudas e fumar umas passas e coisas e tal do género;
- tenho de fazer um exame ocular bem detalhado pois acho que, de repente, também ando a ver mal ao perto e não devo acertar com o tamanho da letra que deve ser para aí tamanho 3 ou 4, como as fraldas;
- tenho um aluno particularmente preocupado com a minha preparação profissional que me avisa sempre que estou correta acerca das informações que transmito e que me informa que aprendeu o mesmo de outro modo, diferente do meu, claro está;
- metade de uma das minhas turmas está com acesso livre à casa de banho, sem precisar de avisar - cortesia do rotavirus;
- vão voltar as 25h letivas no 1º ciclo quando as piolhas vão sair dele (e nem vou falar no que penámos nestes 4 anos);
- ainda não fizemos os trabalhos extra de terapia da fala porque andamos estoiradas de todo e estamos as 3 em fase de preparação para as fichas (eu para as fazer e dar aos meus alunos; elas e eu para as estudar, ou seja, hello frações equivalentes e problemas com contas decimais whhhhhoooohoooo - vodka, preciso de vodka);
- esqueci-me de fazer o jantar e tivemos que improvisar com as sugestões do chef Continente;
- precisei de dormir meia hora para ver se a neura gigantesca passava, qual criança de 3 anos.
 
O calendário diz que é 4ª feira e nem sequer é dia 13.
 
 
Alrighty then.
 
 
 
 
 
 
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publicado às 22:13

Pensei que iria ser O ano, AQUELE ano... Consegui sobreviver a um ano letivo tão complicado e, em agosto, fui colocada logo em contratação inicial, pertinho de casa, a conjugar o meu horário incompleto (mas anual) com a minha atividade freelance (da qual não abdico) e pensei, honestamente, que conseguiria fazer tudo. 

Mas, depois, olhando para trás, só em jeito de tentar perceber o que se passou e por que razão 2016 não O ano esperado, começamos a pensar que o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita... E que, infelizmente, anula as pequenas felicidades.

 

A minha saúde esteve em cheque umas poucas de vezes este ano. Talvez por andar sempre a correr de um lado para o outro, de ser uma control freak e ter horários controlados ao minuto (a sério, tinha mesmo), de tentar malabarismos estranhos com trabalho e família, não notei uma série de sinais que o meu corpo foi dando.

De repente, 3 pares de calças tinham deixado de servir mas eu perdera peso, tinha tido um natal de comes e bebes à doida e não fazia sentido; o cansaço era muito mas tinha acabado de sair de férias e, bem, andava sempre cansada; a minha menstruação, pela 1ª vez, foi das coisas mais dolorosas, intensas e estranhas de sempre. Percebi depois, que tinha abortado espontanemante, estava grávida sem saber... Doeu bastante - ainda hoje doi - e, se, na altura até pensei que saberia lidar com isso, acho que nunca soube nem saberei. Como, por cá, não temos por hábito esconder conversas das nossas filhas, talvez o desejo de uma das piolhas de ter mais irmãos e de estar sempre a falar do assunto venha daí... Sentimos um misto de tristeza que ainda hoje nos custa com alívio - pois se houve um aborto numa fase tão inicial é porque algo estava naturalmente mal e a natureza encarregou-se de tratar do assunto. E talvez já não esteja previsto voltarmos a ser pais. Há um -ismo que paira nas nossas vidas...

 

Acordei bastantes vezes dormente, com a sensação de que me faltavam dedos, as minhas unhas - mesmo rentes - escamavam e desapareciam. Achei que era dos nervos (afinal estava a trabalhar tanto e tinha um contrato a terminar em poucos meses, um verão de desemprego, o susbsídio de desemprego a terminar de vez em setembro). Comcei a dormir cada vez menos e com pior qualidade, a acordar imenso durante a noite. Piorou consideralvelmente nos últimos meses. Mas não dei importância.

 

Tive crises de coluna bastante graves que quase me impediam de andar, durante todo o verão. Mas como já tinha marcado mentalmente que iria lavar todas as carpetes de casa (e uma delas é simplesmente gigante e tem estantes por todo o corredor, em cima), sozinha tratei de tudo isso e mais alguma coisa; haja força muscular e vontade e tudo se arrranja. Asneira mas adiante. A casa ficou impecável, todos os tapetes, carpetes e afins lavados e cheirosos e eu podre.

 

Pelo meio, ainda tivemos que lidar com a "doença súbita", por duas vezes, do nosso carro principal, gastar uma fortuna na oficina e até ter que comprar outro, à pressa, pois o que eu estava a usar emprestado da minha mãe, teve de ser devolvido porque a minha irmã, pelos mesmos motivos, também precisou dele. Ora, despesas imprevistas que me fizeram, literalmente, perder (mais) noites de sono. E, por parte das piolhas, apesar do seu boost de desenvolvimento, a certa altura, a melatonina teve que intervir e ajudar durante uns tempos pois andava tudo sem conseguir adormecer em condições e a horas decentes.

E como apanhámos parte do 3º ano letivo, com menos 4 semanas de aulas, juro que pensei que dávamos todos em doidos. Mas o que diabo se passou pela cabeça de quem decide as metas curriculares para introduzir aquele tipo de conteúdos no currículo de miúdos de 7 e 8 anos? Mas anda tudo doido?! Até para mim era complicado atingir determinadas conclusões! E os exercícios eram, na sua maioria, absurdos sem aplicação absolutamente nenhuma na vida real (exemplo do bolo que se corta em 3 vezes na horizontal, transversal e vertical. A sério? É assim que se corta um bolo de aniversário para crianças de 8 anos? Nem o Sheldon!!!!!). Acabámos o ano letivo, literalmente, exaustas. E, por causa de tudo isso e mais um pouco, desleixei-me com as questões da terapia da fala que treinamos sempe no verão. E o resultado foi um retrocesso e uma maior dificuldade na produção de linguagem como aprendizagem e utilização prática, ou seja, a certa altura, falava-se porque os humanos falam e não miam... E a culpa e o ter que encontrar uma solução extra...

Ainda tivemos que lidar com a morte (de amigos, vizinhos e até de um aluno...) - ainda hoje me custa imenso pensar na B., não aceito nem compreendo - e explicar isso tudo às piolhas... E com o corte que os avós paternos decidiram fazer às netas, desde o seu aniversário até ao momento (ontem elas só queriam dar-lhes as prendas de natal - e já com algum protesto "estamos atrasadas para a motricidade, não sabemos onde eles estão", porque eles nunca lhes abrem a porta - e foi isso mesmo que aconteceu. Começa a haver um entendimento muito maior sobre quem realmente gosta delas e está com elas:). Também foi preciso explicar-lhes que a saúde da avó materna não está no seu melhor (uma doença auto-imune e uma tromboflebite, felizmente sem sequelas).

E, tivemos, também que lidar com a percepção - ainda que não bem explicada - das piolhas a dizer-nos "eu tenho autismo mas eu sou diferente do Gui e do Diogo e do A e do G.... Ter autismo é bom ou mau? O G. nunca falou mas eu falo muito e estou na minha sala de aula. Mas eles são meninos como nós e nós brincamos todos juntos. O A. está no 1º ano e sabe escrever no computador como nós fazíamos no 1º ano"... Ainda não aprofundámos isto. Lá chegaremos.

 

Mas, as coisas pareciam bem encaminhadas: o marido passou muitas folgas connosco e até arriscou fazer piscina pela 1ª vez e gostou, passeámos muito pelo nosso país e as piolhas descobriram que adoram História, as férias que o marido não teve em 3 anos vieram, fiquei colocada, as piolhas regressaram à escola e - àparte as terapias que tardaram mais de 6 meses -, tudo correu bem e conseguimos feitos incríveis na sua responsabilidade e autonomia. 

 

E... surgiu um aviso bem sério e doloroso que foi, basicamente, o somatório de um ano louco e de mais outros tantos assim. Tive uma lesão muscular grave entre as costelas, na área do coração, de nome nevrite intercostal (e mais uns pozinhos técnicos, com suspeita de sei lá o quê e palavras como "burnout" e "exaustão emocional" lá pelo meio), e foram feitos imensos exames para despiste de problemas cardíacos, fui parar às urgências dos HUC por 3 vezes onde passei um total de quase 24h entre tratamentos e esperas, tive que tomar medicamentos muito fortes (anti-inflamatórios esteróides e opiáceos) e, como mesmo isso, não ajudou na totalidade, ainda andei mais de uma semana a fazer injeções. E passei quase 5 dias a dormir como os bebés, propositadamente, por causa da medicação. Fiquei impedida de conduzir e de trabalhar. Pensei que iria perder o (pouco) gosto pelo inglês que ainda sobrava dos meus meninos na escola e clientes na minha outra atividade. Quando me senti melhor, decidi regressar ao trabalho com muitas novas regras e muitas novas mudanças: não posso carregar pesos e passei a usar um trolei; no 1º dia de trabalho, decidi usar as Doc do marido porque são muito pesadas para abrandar o passo  e não ter dores nem me faltar o ar; uso elevador porque me custa e demoro imenso a subir escadas; passei a conduzir dentro dos limites de velocidade sem esticar mudanças ou andar sempre a fazer macacadas fast and furious com a caixa de velocidades; diminui o número de cafés e a quantidade de cafeína/teína ingerida; apostei numa alimentação mais proteica e calórica (o que inclui cerelac e papas de fruta); não carrego nada - nem sequer uma carteira - no lado esquerdo; vou ter consultas para osteopatia e fisioterapia; mantenho medicação para as dores e diazepan para me obrigar a dormir - nesta fase, pelo menos - e magnésio para o cansaço que ainda sinto; diminuí o ritmo de trabalho e fiz escolhas e opções nessa área; prolongo prazos quando é logicamente impossível de os cumprir com calma e qualidade. E mantenho sempre em mente, quando me esqueço deste novo "eu" que o coração também é um músculo e os sinais para um AVC estão lá, quase em red alert. Tive medo de morrer. Tenho duas filhas para criar que ainda precisam muito de mim. E eu serei um fantasma terrível, por isso, vale mais ter juízo agora.

Fui muito bem recebida no meu regresso ao(s) trabalho(s) e não perdi clientes (fiquei muito feliz!) e todos notaram que teve que haver uma mudança. Gostei de voltar. Apesar de ainda doer, de vez em quando. Aprendi a minha lição. Atempadamente, espero...

 

Àparte a decoração em casa e o calendário do advento, não me soa a Natal nem a Ano Novo... Acho que nunca tínhamos tido um ano assim, tão complicado em tantos níveis e tão mau para a saúde. Foi um ano doloroso, em todos os sentidos. Queremos que acabe e recomece um novo ciclo. Estamos a trabalhar para isso.

 

 

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publicado às 09:24

Ai páras, páras...

por t2para4, em 22.11.16

Viste como paraste?

Teve de ser, infelizmente à força, depois de tantos avisos por parte do marido e da minha mãe e do meu corpo. Avisos que eu ouvi e compreendi mas preferi - não digo ignorar - mas aguentar mais um bocadinho - afinal já falta tão pouco para os feriados e para a pausa letiva. Aguentar só mais um pouquinho o mau feitio e nunca baixar a guarda porque se baixar a guarda, haverá intrusos e eu quero e preciso de ter as coisas controladas. Sim, sou uma control freak no que toca à minha família, ao que eu construí, ao que preciso de ter para as piolhas terem os mesmos direitos que os demais. Aguentar só mais um bocadinho os horários marados porque está quase a terminar. Aguentar só mais um bocadinho porque aqueles materiais estão quase prontos. Aguentar só mais umas horas de sono.

 

Mas é tempo de parar. E de respirar sem medo. Sem medo que doa, sem medo de suspirar (porque um mero suspiro arranca-me esgares de dor e não ares de apaixonada). 

Não quero voltar a ouvir das piolhas "mãe, eu não quero que morras" (e, ironicamente, morrer um bocadinho por dentro ao ouvir isto). Enough is enough. Quero ter aprendido a minha lição.

 

Não ganhei uma capa mas ganhei um americano que vai andar literalmente colado a mim durante 24h. Disseram-me que se chamava Holter e que vai levar o meu coração muito a sério. Não sei se o marido achará piada a tamanha proximidade. As piolhas já acharam estranho o "no boundaries" quando se fala tanto disso cá em casa. Desde que cuide bem do meu tiquiticoeur já seremos os melhores amigos. O Holter e os homónimos que descobriram marcadores específicos a analisar pelo sangue.

 

Já comecei a meter em marcha o que resolvi fazer quando estava na maca na ambulância. Pouco a pouco, a coisa vai. E vai a bem. Porque a mal não gosto. Nem sequer deu tempo de pedir anestesia. Ora assim, não pode ser. Não estava preparada.

 

 

 

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publicado às 18:53

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