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Independentemente do que é aplicado ou não com os nossos filhos, a verdade é que eu sempre me guiei pela intuição ou instinto - chamemos-lhe o que quisermos. Sempre tentei incluir-me no mundo das piolhas, imitá-las e brincar com elas, levá-las a repetir frases ou palavras que eu dizia, ensiná-las a cumprimentar alguém e a utilizar "polite words" como obrigado e por favor, etc. Sem saber que sofriam de um desvio do espectro autista e que existem um sem número de técnicas que se podem utilizar com estas crianças, já eu o fazia, por pura intuição.
As técnicas que quer a educadora do PIIP quer o terapeuta da fala utilizam roçam um pouco umas nas outras, embora recaiam mais sobre o modelo DIR (Modelo baseado no Desenvolvimento, nas Diferenças Individuais e na Relação - consiste num modelo de avaliação e intervenção que associa a abordagem Floortime com o envolvimento e participação da família, com diferentes especialidades terapêuticas (terapia ocupacional, terapia da fala) e a articulação e integração nas estruturas educacionais) e o TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children - Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens na Comunicação), muito voltado para as actividades do quotidiano.
Na net, há imensas informações sobre ambos, ainda assim, faço aqui uma síntese.
Modelo DIR:
As estratégias deste modelo visam avaliar e intervir sobre áreas relevantes de funcionalidade, nomeadamente: no desenvolvimento emocional funcional, isto é, capacidade de atenção e regulação, envolvimento, comunicação, resolução de problemas, uso criativo de ideias, pensamento abstracto e lógica; nas diferenças individuais de funcionamento do sistema nervoso central, ou seja, a forma como a criança reage e processa as experiências, e como planeia e organiza as respostas, inclui: modulação sensorial, planeamento motor, processamento auditivo e visuo-motor e nas relações emocionais com os cuidadores, competências para se envolver em interacções afectivas.
Uma das abordagens é feita através de uma técnica chamada Floor time, que é um modo de intervenção interactiva não dirigida, que tem como objectivo envolver a criança numa relação afectiva.
- Seguir a actividade da criança;
- Entrar na sua actividade e apoiar as suas intenções, tendo sempre em conta as diferenças individuais e os estádios do desenvolvimento emocional da criança;
- Através da nossa própria expressão afectiva e das nossas acções, levar a criança a envolver-se e a interagir connosco;
- Abrir e fechar ciclos de comunicação (comunicação recíproca), utilizando estratégias como o «jogo obstrutivo»;
- Alargar a gama de experiências interactivas da criança através do jogo;
- Alargar a gama de competências motoras e de processamento sensorial;
- Adaptar as intervenções às diferenças individuais de processamento auditivo e visuo-
-espacial, planeamento motor e modulação sensorial.
- Tentar mobilizar em simultâneo os seis níveis funcionais de desenvolvimento emocional
(atenção, envolvimento, reciprocidade, comunicação, utilização de sequências de ideias e pensamento lógico emocional) (Greenspan, 1992b; Greenspan & Wieder, 1998).
Em conjunto com as interacções não directivas do Floor time, devem ainda ser usadas interacções semi-estruturadas de resolução de problemas em que a criança é levada a cumprir objectivos específicos de aprendizagem através da criação de desafios dinâmicos que a criança quer resolver.
Informações mais detalhadas aqui
Programa TEACCH:
Visa incluir a criança no ambiente físico, social e na comunicação. O ambiente é estruturado para acomodar as dificuldades que a criança autista tem ao mesmo tempo que treina a sua performance para a aquisição de hábitos aceitáveis e apropriados.
Baseado no facto de crianças autistas serem frequentemente aprendizes visuais, o TEACCH procura essa noção visual na busca de receptividade, compreensão, organização e independência. A criança trabalha num ambiente altamente estruturado que deve incluir organização física dos móveis, áreas de actividades claramente identificadas, rotinas e trabalhos baseados em figuras e instruções claras de encaminhamento. A criança é guiada por uma sequência de actividades muito clara e isso ajuda que ela fique mais organizada.
Acredita-se que um ambiente estruturado para uma criança autista, crie uma forte base. Embora o TEACCH não se foque especificamente nas habilidades sociais e comunicativas tanto quanto outras terapias, pode ser usado junto com essas terapias e torná-las mais eficazes.
Programa Son-Rise
Surgiu em Portugal há relativamente pouco tempo embora seja muito conhecido nos EUA. Quando comecei a ver os vídeos e a ler mais sobre este programa, mais me/nos via (a mim, ao marido e às piolhas) lá retratadas pois muito do que fazíamos por intuição, jeito ou brincadeira, eram afinal técnicas com as quais podemos trabalhar para melhorar a prestação social, comunicação, afectividade, etc de uma criança autista!
Este canal tem vídeos fantásticos, com muitos muitos exemplos de actividades que podemos ir fazendo. ATENÇÃO: é importante fazer parecer que estas actividades são parte integrante da nossa vida quotidiana e não dar o aspecto de algo forçado e só trabalhado naquele local, naquele momento, naquele contexto.
http://www.youtube.com/user/autismtreatment#p/u Os vídeos da coluna da direita são muito interessantes e completos. Vale a pena dar uma espreitadela.
Finalmente, para terminar este post, recomendo a leitura atenta e com o habitual bom senso (não esqueçamos que nem todos os sinais de alarme estão presentes num só diagnóstico. Por exemplo, as piolhas não têm problemas com a comida - comem de tudo, sem fitas ou birras e sem problemas). Este site é português (de Portugal) e tem a colaboração de especialistas que desmistificam o autismo e tudo o que o rodeia, além de outros assuntos úteis e interessantes. Vale a pena ver.