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Há mais de 7 anos atrás, tive um episódio estranho enquanto conduzia e ainda hoje não me recordo de como guiei durante aqueles 500m. talvez tenha adormecido ao volante. Nesse mesmo dia, deixei de tomar ansiolíticos e antidepressivos, sem qualquer desmame. Andei 15 dias com uma espécie de síndroma de abstinência mas sobrevivi e nunca mais quis voltar atrás. Fui forte o suficiente para ter enfrentado tudo e todos sem qualquer ajuda química.
Até esta semana.
Sinto que ando há mais de 3 anos a empurrar algo para debaixo do tapete. Começaram as crises de ansiedade e o descontrolo total, a falta de coragem para sair do carro para ir trabalhar, o querer entregar-me à apatia e ao "não me apetece sair da cama", aos picos de energia súbita intercalados com dias de choro fácil e de irritação espontânea, etc. Tentei empurrar tudo sozinha, lá bem para debaixo do tapete mas o monte está tão alto que começou a sair pelos lados...
Assim, vale mais assumir e reconhecer que não estou bem e pedir ajuda. Sem medos e sem vergonhas. Assumo que preciso do apoio do meu marido, mais que tudo, acima de tudo, para me ajudar a controlar e a encontrar alternativas às minhas reações mais negativas. Ainda só se passaram 2 dias mas já noto algumas ténues diferenças. Não sou a supermulher nem posso comportar-me como tal. Preciso de estar bem para que as minhas piolhas estejam bem. E sabem que mais? Tomei decisões que pensei que seriam terríveis mas que afinal se tornaram boas decisões. Tudo esta semana...
As piolhas saíram da piscina. Não vou alongar-me em razões nem em motivos nem em justificações. O que era um stress para mim, era um stress para elas e problema das birras e descontrolo colou-se à hora do banho. Isto sim é motivo de preocupação. Além disso, como as piolhas já não fazem sesta na escola, o final do dia tornava-se infernalmente desgastante para todos. Não vale a pena. Ninguém tira proveito de situações assim.
Os nossos fins de tarde passaram a ser de brincadeira, de leitura, de momentos em família ao quente e sem as correrias da mãe a preparar jantares e mochilas. Há tranquilidade e tempo, acabaram os gritos e birras na banheira, dorme-se melhor. E eu sinto-me melhor com elas assim mais tranquilas. E sabem que mais? Há mais de uma semana que me esqueço de dar os 0,25 de risperidona à tarde, ou melhor, lembro-me de dar mas já é hora de dormir e aí não vale a pena. E sabem que mais? Não tem feito falta!! As piolhas estão simplesmente bem, com comportamentso normalíssimos, fitas próprias da idade. Sem contar, é uma excelente notícia!
Posto isto, e tendo sempre em vista o melhor para as minhas filhas, não escondo que preciso de algo mais. Estou a tomar um pequeno drumf (a.k.a. antidepressivo), na metade da dosagem recomendada pelo médico mas recuso-me a tomar o ansiolítico. É uma situação temporária, só até eu restabelecer as minhas forças e energia, organizar os meus pensamentos, aprender a aceitar o que me foi imposto, perder a revolta, ver as coisas sob outra perspetiva. Preciso de acalmar sem me desnortear.
Não acredito minimamente que a realidade do que me rodeia, de pessoas que passam pelo que nós passamos, seja o encarar tudo com naturalidade e sem qualquer tipo de ajuda - seja ela de que tipo for: química, farmacológica, terapeutica, de grupos de ajuda, etc. - e viver num mundo cor de rosa. O mundo tem todas as cores e, às vezes, as suas tonalidades ficam mais escuras.
Não é vergonha reconhecer que se precisa de ajuda ou de parar um pouco; mau é não querer reconhecer isso e arrastar tudo e todos nessa enxorrada.
A minha família primeiro. O resto pode esperar.
(o que não pode esperar muito é um fim de semana na praia :) estou mortinha para ir laurear a pevide :) Pela primeira vez em, vá 6 anos, estamos a ganhar coragem para ir passar um fim de semana fora. Fora, tipo fora de casas familiares, tipo para longe de nossa casa... )