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Nem tudo são boas notícias. A fase boa mantém-se, a tranquilidade e calma dos finais de dia também. Às vezes, não fosse a linguagem, até duvidaria de uma PEA... No entanto, os sinais estão lá, bem à vista dos meus olhos para não nos esquecermos que, mesmo que se dilua com o trabalho, a maturidade e o crescimento, haverá sempre um ou outro comportamento mais estranho ou mesmo bizarro, característico desta patologia.
A maturidade que os seus quase 6 anos lhes permitem ter, nesta fase, já ajudam a suportar o imediato dos acontecimentos. Um exemplo concreto: ontem foi a comemoração do dia da árvore. Por estes lados, estava imenso vento mas um dia de sol muito bonito e agradável. Juntaram-se imensos meninos de um ATL com o jardim de infância das piolhas e deve ter rondado, à vontade, uma boa centena de crianças de várias idades. À tarde, aproveitando o bom tempo, todos no campo a correr, dançar e brincar, com uma música tão alta quanto música de arraial. As piolhas estiveram lá e integraram-se mas, ao contrário das outras crianças, absorveram toda aquela informação sem gestão ou regras: os sons, as imagens e o movimento, o brilho imenso do sol, os cheiros. A certa altura, uma isolou-se e desatou a chorar. Depois ficou bem. A outra fê-lo mais tarde.
Este isolamento e choro foi a sua forma de gerir aquele excesso de informação. Não houve uma birra propriamente dita, não houve um episódio violento, apenas um choro descontrolado e sem razão aparente. Foi o seu momento de auto-regulação. E, para isto, não há medicação nem terapias nem milagres. Há apenas muito carinho, muita paciência e muita compreensão, pois aquele mau momento passará e ela ficará melhor.
A ansiedade está diretamente ligada a algumas estereotipias menos graves e que se podem controlar. Uma das piolhas voltou à fase do enrolar o cabelo e a outra range os dentes quando dorme. Mas passa. Amanhã ou depois, já sei que não estarão assim. Não faço nada, exceto avisar para não enrolar o cabelo pois, quanto ao bruxismo, nada posso fazer.
Quando ficam doentes, a piolha que enrola o cabelo fica com uma das mãos completamente descontrolada - hei de referir isso na próxima consulta - e isso incomoda-a pois é involuntário e ela própria não consegue controlar e pede-nos ajuda. Não sei qual a relação. Nessas alturas, tentamos desviar o foco de atenção ou ocupar-lhe aquela mão com um brinquedo ou dar-lhe colo e segurá-la.
E, como já vem sendo hábito, de há uns anos a esta parte, é mesmo um dia de cada vez...