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Terei ouvido bem?

por t2para4, em 17.09.12

Saímos. 

Eu não queria, uma das piolhas não queria. O pai queria sair, a outra piolha queria sair. Um empate técnico resolvido apenas pela questão de que eu precisava mesmo de um produto que não se encontra na minha localidade e do convite alargado à minha irmã para se juntar a nós.

Saímos depois de piolhas sentadas no sofá a ouvir um desfiar de recomendações:

- NÃO (o "não" teve que ser vincado) há McDonald's e a mãe leva o vosso lanche na bolsa dela;

- NÃO há birras nem fitas nem choros nem palermices senão, eu vos garanto, que veem corridas a toque de caixa para o carro;

- NÃO há visitas a lojinhas do vosso gosto;

- vamos ver uma loja grande com coisas para a casa (Leroy Merlin), vamos ao Dolce vita e depois vamos sair para ir a outro lado.

- perceberam tudo? Vamos ou ficamos?

 

Lá fomos. Correu bem. Não foi perfeito (acho que nunca será) mas não correu mal de todo. Optámos por ir depois do almoço e da sesta, o lanche foi pelo caminho, não havia margem para dar azo a birrinhas que se descontrolassem ao ponto do costume. 

Demos as nossas voltas, vimos o que queríamos ver (embora tivessemos que ceder em alguns momentos âncora: querer ir brincar para o parque  - nem que seja só um minuto - ou o montar o cavalo do Lucky Luke por 30 segundos). No caminho, passámos por um casal grávido que levava dois filhos pela mão e a minha irmã chamou a atenção para o que eles disseram "já viram ali aquelas meninas tão sossegadinhas e bem comportadas e vocês a fazerem essas coisas?". Hein? Eles estavam a falar de quem? Das piolhas? Eu acho que nunca ouvi dizerem isto delas! Apeteceu-me voltar atrás e pespegar duas beijufas àqueles pais! É tão raro ouvir isto - e corresponder à verdade. 

 

Não é fácil sairmos porque as piolhas não conseguem esperar ou estar quietas muito tempo, agora que já não estão confinadas a um carrinho. É preciso estar constantemente a escolher horários de saída e a ter em atenção se está frio/calor, se tem fome/sono/cansaço, se acordaram bem dispostas ou não, etc. Há muitos fatores que podem condenar uma simples ida às compras - a um lugar familiar num horário calmo e por pedido delas - a um retumbante fracasso.

Para já e para os próximos anos, não nos vejo a fazer férias, a passar noites - ainda que seja só uma - fora de um ambiente familiar, a viajar sem planos ou a decidir uma saída no último minuto. Custa muito fazê-lo mas já me conformei. 

publicado às 13:55

Tagarelice #6

por t2para4, em 17.09.12

Passámos num local onde se faziam "ensaios" de música, numa verdadeira cacofonia de sons de instrumentos e de vozes humanas, com uma amálgama visual quase tão intensa como a sonora. 

Estava eu, numa dualidade mental acerca das reações das piolhas: se, por um lado, aquela confusão a nível dos sentidos iria afastá-las ou até desregulá-las de algum modo; por outro lado, a presença de instrumentos musicais poderia suscitar uma curiosidade que suplantasse isso.

Bem, o que, de facto aconteceu foi uma piolha mostrar algum interesse que foi rapidamente abafado pela vontade de sair da confusão e outra piolha nem sequer experimentar essa sensação e querer logo sair, acrescentando no final: "ai, o meu coração está partido por causa da música".

 

Parou tudo!

Ela disse mesmo aquilo? Ela utilizou duas orações unidas por uma conjunção subordinativa causal? Estou pasma! Ela juntou duas frases e usou uma relação lógica entre elas!! E ainda conseguiu atribuir um significado às batidas da bateria no peito por causa da reverbação do som! uau!

 

Esta relação delas com o som/os sons foi algo que mencionei no PIAF - o plano elaborado entre a família e os técnicos da Intervenção Precoce. Para me fazer entender de forma mais lógica, pedi a colaboração de uma colega músico. As piolhas ouvem muito bem (ao contrário de outras crianças dentro do espectro que acabam por ter que fazer exames auditivos ou em relação às quais há dúvidas acerca do grau de audição, com elas nunca se colocou essa questão) e manifestam uma grande sensibilidade e captação auditiva de volumes realmente baixos. No entanto (e claro que tinha que haver um "no entanto"), têm frequentemente reações negativas a sons muito fortes, volume muito alto ou com frequências agudas (estridentes, com as tais reverb - reverbações, propagações de sons cujas ondas chocam nos objetos e formam ecos).

Quero acreditar que num futuro mais próximo, elas sejam capazes de encontrar e aprender estratégias que lhes permitam colmatar estes problemas para que tal não seja impeditivo de fazerem uma vida mais ou menos "normal".

publicado às 13:11

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