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Mas só duas é que são minhas; as outras três são as nossas amigas próximas como se fossem familiares emprestadas pela vida, amadas desde o início, todas juntas.
Conheci a G. na maternidade pouco depois de ambas começarmos as nossas consultas de gravidez múltipla: eu com gémeas (idênticas,) elas com trigémeas (duas idênticas/uma fraterna). As coincidências uniram-nos logo no primeiro internamento: além de partilharmos a suite, partilhavamos uma gravidez múltipla espontânea, sem dificuldades, com datas de concepção próximas e datas previstas de parto também próximas, somos da mesma idade, tínhamos casado no mesmo ano. Nós e as nossas barrigas sobrelotavamos o quarto. Ela ficou internada por um longo período de tempo, eu fui tendo altas e admissões que coincidiam com o regresso ao mesmo quarto.
E, num belo dia de Santo António, sem que nada o fizesse prever, às (apenas) 29 semanas, as nossas trigémeas tiveram que nascer. E seguiram-se quase 4 meses de internamentos, de emoções doidas, daquelas dificuldades que só os pais de bebés prematuros entendem na perfeição. 3 meses de incubadora xpto, método canguru apenas autorizado meses depois, momentos de aflição gigantescos seguidos de alívios que quase se palpavam. Apesar de não ter autorização para visitar as meninas (porque eu própria tinha de ficar deitada e não ser da família), ia sabendo delas com regularidade e recebia a visita da mãe no meu quarto quase sempre. Sempre que chegava com os olhos inchados e cara fechada, o meu coração parava e eu só rezava para que a mais pequenina (a que nasceu com pouco mais de 600 gr e ficou com algumas sequelas a nível motor) se aguentasse e se agarrasse às irmãs. E lá se ouviam as minhas preces silenciosas e eu quase me sentia um balão a esvaziar de alívio.
E, um dia, entrei em trabalho de parto. E as 3 primeiras pessoas (além de mim e da equipa médica) a verem as minhas gémeas foram o pai, a avó materna e ela. Isto tem que ter um significado grande, obviamente. Estamos unidas pelas nossas filhas, pelo nosso percurso de barriga e, apesar da distância geográfica, mesmo que fiquemos alguns meses sem falar, parece que nunca passou tempo nenhum.
As nossas meninas estão enormes, umas já com 8 anos feitos hoje, outras a caminho. Umas louras, de olho azul límpido, com cerca de 1,40m de altura e com um desenvolvimento tal que, hoje, além de ninguém acreditar que são trigémeas, ninguém acredita memso que uma delas foi uma superprematura!! As outras, morenas, de olho castanho com aro verde escuro, com os seus 1,25m, surpeendem toda a gente com o seu ótimo peso ao nascer e dispensam incubadoras e internamentos; olham para as amigas querem ter o cabelo comprido igual aos das trigémeas mas em castanho!
E, quando se juntam e vemos ali uma mão cheia de filhas, todas lindas, fortes, saudáveis, guerreiras e já com tanto vivido, ninguém consegue entender a nossa alegria, o nosso orgulho.
São e serão sempre as nossas meninas, louras e morenas. E, 8 anos depois, esta é a minha maneira de desejar mais um "Feliz aniversário"!
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