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Das aulas de bateria...

por t2para4, em 27.09.17

... à nossa noção de música, quase ali a roçar a musicoterapia mas sem entrar nesse ramo.

 

Vamos por partes. Musicoterapia é muito muito mais do que o uso da música por um professor de música. É algo muito para além disso. Não vou dissertar com definições da minha parte porque prefiro deixar isso para os profissionais. Vamos do geral ao particular, pelas palavras de Benzenon e Nordoff Robbins, que, além de musicoterapeutas, dão o nome a centros de musicoterapia, cujos domínios me foram apresentados pelo musicoterapeuta Tozé Novais, de quem ja falei anteriormente e com quem estive na palestra sobre o autismo em abril de 2016.

 

De acordo com a World Federation of Music Therapy, a Musicoterapia é a utilização da música e/ou de seus elementos constituintes como o ritmo, melodia e harmonia, por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. A musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele ou ela alcance uma melhor qualidade de vida, através de prevenção, reabilitação ou tratamento.” (Portugal Místico, 2016)

 

A musicoterapia é uma psicoterapia que utiliza o som, a música e os instrumentos corporo-sonoro-musicais para estabelecer uma relação entre musicoterapeuta e paciente ou grupos de pacientes, permitindo através dela melhorar a qualidade de vida, recuperando e reabilitando o paciente para a sociedade
(Benenzon, 2011)

 

"We all have experiences of being engaged in music – even if it is only by tapping our foot to a song on the radio, or singing in the shower. Most of us don’t need any help to access the opportunities music offers for socialising, communication, expression or just plain joy. But people who have the most need for these experiences often need skilled help in accessing musical opportunities moment-by-moment and in being able to make use of them. That’s what Nordoff Robbins music therapists are there to do: they are skilled musicians who have a thorough understanding of the challenges faced by the people they work with and work hard to make music's opportunities available in ways which are accessible but also impact on people's lives more generally. This happens via engagement in shared music making, whether this is done improvisationally, making use of music people already know, creating new music together, or working towards some kind of performance."
(nordoff robbins centre)

 

 

As piolhas não frequentam um centro de musicoterapia nem nunca fizeram ou tiveram alguma sessão. Mas as piolhas estão ligadas à música de forma quase terapeutica na aprendizagem do instrumento que escolheram. As piolhas escolheram aprender bateria. Ambas fizeram-nos o pedido em novembro de 2016 e quer eu quer o pai achámos que seria por imitação da Pinkie Pie, a equestria girl baterista que lança confetis de um dos tambores... Pedimos a um dos nossos amigos, professor de música, que tocasse para elas, sem poupar nos efeitos sonoros e elas, de olhos fechados, ouviram tudo até ao final e voltaram a repetir que queriam aprender a tocar bateria. Nós, incrédulos e a achar tudo muito rápido, deixámos passar uns meses e o desejo manteve-se. Tratámos da inscrição, então, e a primeira aula foi logo um sucesso retumbante.

 

Para quem não sabe, uma bateria é composta por pratos, tambores e pedais (sim, pedais...). E podem ser assim distribuídos:

 

2017-09-27_150735.png

 via 

 

Este é o modelo que as piolhas tocam.

 

images.jpg

 

Por regra, não assistimos às aulas delas mas conseguimos ouvi-las tocar enquanto esperamos. Vai uma de cada vez e, às vezes, podemos assistir a pequenos bocadinhos da aula. A minha surpresa veio logo nas primeiras aulas ao aprender que tocam de braços cruzados, ou seja, com as baquetas (comprámos umas profissionais, tamanho 7, na Fnac) em cruz e que o tal pedal que me supreendeu ainda mais também é parte constituinte do instrumento e é para ser usado. Pensei que seria uma grande confusão mas não é. Elas adoram aprender bateria, têm imenso jeito, são habilidosas e deram-se rapidamente com a minha confusão do baquetas cruzadas-pé no pedal.

Agora pensemos fora da caixa: para que serve, para além de aprender música? Faço já uma lista: aprender a comunicar, trabalhar a sensibilidade musical e o ouvido, apurar o distinção de sons, trabalhar a motricidade, trabalhar a coordenação motora, aprender a ler uma pauta, improvisar, trabalhar o ritmo, expressarem-se melhor e com mais naturalidade.... São tantas tantas as vantagens que poderia alongar-me mais um pouco mas já deu para perceber a ideia, certo?

 

O que fazemos não é musicoterapia mas funciona como uma terapia. Temos notado pequenas melhorias a nível da coordenação motora e a nível da expressão. E temos visto o quão felizes estão no dia em que têm aula de bateria. Enquanto uma piolha espera pela sua vez, porque a mana já está na aula, só se ouve dizer que o tempo passa muito devagar e ela quer ir logo para a aula. E tocam as covers das músicas das suas bandas favoritas, felizes da vida, nos momentos de relax e improviso. Um dia destes tenho de enviar uma gravação aos Maroon 5 :D    Por 90 minutos (45 + 45), esquecemos o autismo e apercebemo-nos que temos ali duas crianças que estão a aprender música, como tantas outras daquele instituto, sem que precisem de perceber e sem que nós precisemos de relembrar que trabalhamos todo um outro leque de competências.

 

E quanto ao facto de serem meninas a aprender bateria acho que a piada está aí mesmo. Se é para sermos diferentes, vamos ser diferentes. Apesar de vermos cada vez mais meninas a optar por este instrumento, ainda não se veem muitas. É pena pois há aqui um potencial fantástico e uma boa bateria faz toda a diferença numa música, em qualquer estilo.

 

Só lamento que o ensino de música no 2º ciclo seja a flauta. Duvido que alguma vez venham a aprender a tocar o Hino da Alegria, de forma afinada e com os dedos a tapar os buraquinhos todos... Se fosse em bateria... ;)

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 14:54

E, eis que começa...

por t2para4, em 25.09.17

... back to school and all hell breaks loose...

 

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publicado às 20:55

Entrada para o 2º ciclo

por t2para4, em 25.09.17

Volvidas duas semanas depois deste enorme marco, já dá para ter uma ideia do como foi e fazer um pequeno balanço.

A nossa preparação foi menor do que a que tivemos com a entrada no 1º ciclo, em grande parte porque toda a documentação já estava tratada, e em pequena parte porque as piolhas estão mais crescidas e não iriam mudar de escola. Eis o que tivemos em conta:

 

- Manuais e materiais

Todo o processo de encomenda de manuais, receção dos mesmos, escolha e compra de mochilas novas, compra dos materiais necessários para as disciplinas em geral e Educação Visual em particular, foi feito com as piolhas. Escolhemos mochilas de alças que estão bem ajustadas às costas (dei um nó na fita, na base onde se regula o tamanho das alças) porque os troleis não eram nada de jeito e porque elas assim pediram. As mochilas são largas, ou seja, com o volume dos livros e lanches, ela "estica" para a frente em vez de descair e obrigara a que forcemos os fechos para a fechar. Para as aulas de Ed. Física, levam as mochilas que costumam levar para a piscina, com o equipamento e guardam no cacifo.

Em vez de dossier com folhas soltas e argolas, optei por cadernos pretos que forrei com etiquetas de bookscrapping. Já imaginava o caos de folhas soltas e argolas estragadas e nem pensar passar por isso. Portanto, cadernos simples, dos agrafados e não dos de espiral, e um por disciplina.

Para arrumar o cartão, o telemóvel (fica para outro post), toalhetes íntimos e lenços de papel, horário e chave do cacifo, comprámos, à escolha delas, umas bolsas a tiracolo, giras e baratas, na Primark. 

 

- Cartão

As piolhas já estão numa escola que usa cartão desde sempre, por isso, desde que a frequentam que sabem utilizar o cartão e eu sou super fã. Só peca por não ter uma referência de carregamento online que me permita carregar com dinheiro também à distância. Através da plataforma https://www.giae.pt/cgi-bin/WebGiae.exe/mapa?codDistrito=11 , conseguimos, com código e password, ter acesso a todos - todos mesmo - os movimentos do cartão bem como consultar outro tipo de informações como refeições, ementas, gastos no bar e em quê, horas de entrada e saída, etc.

Claro que, ao longo destes 4 anos, já tive que comprar 2 segundas vias e pagar 5 euros por cada e pagar os devidos 0, 50 cêntimos pela utilização de um cartão provisõrio. Mas é um descanso não haver dinheiros envolvidos na forma física.

Por serem meninas, temos a vida facilitada pois trazem o cartão numa carteirinha a tira-colo.

 

- Cacifo

Por cá, a reserva de cacifos funciona muito bem. Uma das funcionárias faz o levantamento de todos os alunos daquele cuclo e atribui um por cada aluno, com a possibilidade de irmãos ou amigos poderem partilhar o mesmo cacifo. Não há custos envolvidos. O cacifo atribuído às piolhas fica no mesmo bloco onde têm aulas, pelo que, é muito prático. O único senão é o tamanho incrivelmente reduzido da chave. A primeira coisa que fiz foi mandar fazer 2 cópias e manter a chave original (temos, portanto, 3 chaves) e comprar um porta-chaves que se encontre com facilidade na carteirinha que usam.

 

- Documentação

O PEI (PLano Educativo Individual) já está na escola desde a sua realização e só carece de atualização que pode acontecer em junho do ano a terminar ou em setembro do ano a iniciar.

 

- Ação Social

Funciona de acordo com os escalões do abono e compreende oferta de manuais, transportes, refeições e material escolar em poroprção com que o for atribuído. Por exemplo, o 3º escalão do abono, o mais comum, receber apoio para compra de manuais apenas. Deve entregar-se a fatura dos manuais na secretaria da sede de agrupamento.

 

E como foram estas duas semanas?

Bem, não foram nada más. As piolhas adaptaram-se melhor e mais depressa do que eu à ideia (e do que eu com a idade delas no meu 5º ano) e estão sempre muito bem-dispostas. Sabem o que fazer em caso de furo (falta de um professor) e aproveitam as horas de Apoio ao Estudo para realmente estudar e fazer TPC. Usam e abusam do cacifo com a finalidade que lhe é devida e não têm qualquer problema nas aulas de ED. Física, embora, às vezes, quando as vou buscar as encontre com as sapatilhas do pavilhão nos pés ou as calças que não foram trocadas mas, de resto, já perceberam a questão prática da coisa. Algo que não mudou em 30 anos foi o sistema de aquecimento da água... As piolhas tomam duche se houver água quente ou limpam-se com a toalha se só houver água fria. Não lavam o cabelo na escola. Por vários motivos: ainda estamos a treinar isso, não as quero encharcadas todo o dia, não quero cabeça molhada com cabelos e roupa a pingar durante horas... Não deve trazer saúde nenhuma. 

Os primeiros testes já foram marcados e até temos uma folha-calendário no frigorífico. O contacto com a Diretora de Turma tem sido adequado e todas as minhas dúvidas acerca do apoio de Ed. Especial e da tarefeira respondidas. Ainda estamos em fase de adaptação e conhecimento das pessoas e das capacidades das piolhas pelo que ainda parece tudo um pouco etéreo. Mas o mais importante é elas estarem a gostar e estarem a adaptar-se muito bem.

 

O "problema" das horas de saída e tardes livres resolveu-se com coordenação entre nós pais e a minha irmã, já quem no 2º ciclo, naquela escola, não há serviço de ATL. Consigo ter horário para quase todos os dias as poder ir buscar e levar sem que fiquem tempo extra na escola à espera, sem fazer nada. Claro que tive aqui o meu anjinho da guarda a ajudar-me com o meu horário oficial e os meus miolos a elaborar o meu horário da minha atividade paralela, sempre com o das piolhas por base.

 

All in all, tudo está bem e espero que assim se mantenha. Estamos felizes e é o que interessa.

 

 

 

 

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publicado às 09:46

Tagarelice #55

por t2para4, em 14.09.17

Ainda agora começou a escola, só agora começaram o 2º ciclo com o inglês como língua principal e uma das piolhas já dizia, ao subir as escadas para casa:

"Tenho de começar a ver a Candice Renoir (e parece o polícia do Alô Alô a dizer o "rr") para aprender a falar francês para o 7º ano"

 

Haja gosto pela escola :) e motivação! Acho que ainda nos vamos divertir imenso com a aprendizagem do francês (que virá a seu tempo, quando elas quiserem).

 

 

 

 

 

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publicado às 23:42

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