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Cada vez apostamos mais na autonomia das piolhas e no ensinar-lhes coisas que possam ser úteis mais tarde e também motivos de autonomia.
Apesar de o banho estar totalmente autónomo, quem me conhece sabe que sou muito ciente do cabelo das piolhas (ver aqui ), em especial por causa de todos os episódios desagradáveis relacionados com o mesmo, por isso, a ideia de as deixar com um secador nas mãos assustava-me um pouco, confesso. Elas têm um cabelo tão bonito que não queria que se estragasse... Mas secar ao natural no inverno está fora de questão. Logo, mais cedo ou mais tarde, esta questão do uso do secador teria que surgir.
Até que, em conversa com a prima - também mãe de gémeas - ela me sugere fazer o mesmo que faz: uma piolha seca à outra, de cabelo apanhado para não se enrolar no secador, e depois trocam. Tão magnificamente simples.
E, assim foi, depois de lhes lavar o cabelo (essa parte ficará para o verão), lá as ensinei a usar o secador, protegi bem o cabelo com spray térmico e dei a indicação de que tinha de ficar bem sequinho. Ensinei também um truque mais eficaz para pentearem o cabelo (que, basicamente, é fazer o mesmo que faz qualquer princesa da Disney: puxá-lo todo para um lado e pentear, depois trocar). Correu muitíssimo bem. E ambas se entreajudam sem dificuldades e acham imensa piada. Só não acham piada nenhuma ao facto de demorar... A mim aliviam-me de mais uma tarefa que me ocupava imenso tempo. A elas, a tarefa aparentemente simples mostra que são capazes de fazer cada vez mais coisas e sozinhas.
Hoje, foi a vez de ensinar a secar o cabelo com a toalha, antes do uso do secador. Não correu mal mas ainda temos de treinar essa parte mais vezes.
E, pouco a pouco, lá chegaremos.
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No final da semana passada foi altura de assinar os Planos Educativos Individuais (PEI) das piolhas. Tive tempo para ler tudo muito bem, comparar com o PEI inicial (o elaborado no 1º ciclo) e com as minhas próprias observações. havia algumas falhas, nas datas de relatórios médicos, nos apoios dados às piolhas e num dos parâmetros de acompanhamento. Nada de grave mas o suficiente para requerer correção.
Custa muito ler os parâmetros descritivos porque ainda se parte da dificuldade para a capacidade (cognitiva ou outra). E, de facto, para o bem ou para o mal, as descrições adequam-se às piolhas e são a realidade que temos em casa.
Concordei com as medidas propostas - iguais às de PEIs anteriores - porque têm surtido efeito e fazem sentido.
Entretanto, também tive reunião com a equipa de técnicos (terapeutas) que as acompanha. Deixou um gosto agri-doce na boca, como qualquer destas reuniões deixa. A descrição de uma das piolhas foi a descrição do Sheldon, basicamente: muito racional, pouco emotiva, mais dada à lógica, com ímpeto de racionalizar tudo; a outra piolha é mais emotiva, mais sensível, menos racional.
Falou-se de estratégias, dificuldades, expectativas e metas. Mais uma vez, receios colocados em cima da mesa e com a perfeita noção de que ainda temos muito para caminhar, concordei com as medidas propostas porque algumas têm surtido efeito e fazem sentido.
Entretanto, com o fim de semana pelo meio, lá conseguimos organizar-nos e estudar um pouco, continuar a leitura da "Fada Oriana" e começar a mentalizar-nos para fazer resumos, pois a 1ª vaga de testes do 2º período está a começar. Testes que eu já comecei a dar às minhas turmas (para não juntar muitos conteúdos) mas que ainda me falta corrigir e cotar. Fora as aulas para preparar e os materiais. Fora as reuniões. Adoro o que faço mas ter que o fazer como um TPC desgasta-me. Tal como me desgastam as viagens entre escolas, entre horários quando não estou na escola, o mudar de ficha quando sai uma turma de 3º ano e entra uma explicação de 11º ano. E tal como também ainda me desgasta um ou outro comportamento disruptivo que surge vindo do nada e que não faço a mínima ideia de como a escola lida com isso, pois o único feedback que tenho está cheio de interferências e não passa bem a mensagem: as piolhas... Mas, um dia não são dias e, pronto, cá nos orientamos.
As piolhas já começam a ter pequenas tarefas para fazer em casa. Passámos da arrumação do quarto e do por a mesa para o arrumar louça da e na máquina, carregar a máquina da roupa (e separar as roupas), ajudar-me enquanto cozinho fazendo pequenos recados. Não gostam muito de fazer "tarefas domésticas" (palavras de uma das piolhas) mas não têm outro remédio pois a mãe é má e não deixa as meninas estarem com a fronha enfiada num tablet toda a tarde, vejam lá que até têm horários para essas coisas.
Mas, tantas pequenas coisas e emoções para gerir sem tempo para o fazer de forma salutar, transformam-se numa coisa maior e acaba por nos deixar um pouco em baixo. Sinto-me cansada e dou por mim a ansiar uma semana sem fazer absolutamente nada que não seja ler, por exemplo, ou ver TV, algo que não obrigue a usar neurónios. Acho que não é pedir muito. Até lá, vou vendo videos de covers de músicas na bateria. Acabo de fazer o download de dois vídeos muito bons de músicas dos Queen de que gosto muito (as piolhas lá terão de se sujeitar ehehheheh) para experimentarmos em casa e ver como corre. Logo, quando sair do trabalho, experimentamos. Assim, à primeira vista, fazendo tudo como no vídeo, até parece simples... Cá nos orientaremos ;)
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... é, ler isto, depois de apresentados os trabalhos. Uma frase escrita pela piolha - semelhante à da irmã -, elabvorada sem ajudas, nem sequer para as questões sintáticas e gramaticais.
E, pronto, é isto. (baba, muita baba...)
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A pedido, as piolhas estão inscritas e a frequentar uma atividade extra oferecida pela escola, o Clube de Etwinning (informações aqui). Fazem imensas coisas no computador e em inglês - duas áreas fortes das piolhas.
No Natal, trouxeram para casa uns textos em inglês de correspondentes de outros países, ao género, penfriend, e elaboraram postais de Natal para promoção da escola. Por regra, tudo o que precisam de fazer, é feito nesse horário, na escola.
No entanto, esta semana, uma das piolhas disse-me que recisava de umas imagens de iogurtes e praia e uma foto minha. Não percebi bem mas anuí ajudá-la. Disseram-me que era para o etwinning. Este mês, andam de volta do tema "felicidade". Como não se explicaram muito bem, lá investiguei junto de colegas e percebi o que precisam. Portanto, em forma de imagem ou video, devem responder às questões: What does happiness look like? What does happiness smell like? What does happiness taste like? What does happiness sound like? (Com que se parece a felicidade, a que cheira, a que sabe, a que soa).
Já munida destas informações, a piolha lá me disse que, para ela a felicidade cheira a iogurte, sabe a chocolate branco, soa a praia e parece-se com... a mãe, por isso, precisa de uma foto minha.
Fiquei tão feliz e tão orgulhosa. Se a minha filha acha que a felicidade é ser algo parecido comigo, então, ando a fazer alguma coisa certa. Mesmo com tantas adversidades e contratempos.
E depois pensei um pouco nas restantes respostas: iogurte, chocolate branco e praia... Tudo tão simples, tão verdadeiro, tão singelo... Não há dúvida nenhuma de que valorizamos mesmo as pequenas coisas, os pequenos nadas, aquilo que realmente nos deixa felizes.
E isso é fantástico.
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Falávamos do nascimento de bebés de conhecidos nossos e, como um nasceu de cesariana, pergunta-me uma das piolhas:
"O que é isso que acabaste de dizer?" (estva com dúvidas em dizer a palavra corretamente)
Lá expliquei que a posição natural dos bebés na barriga da mãe, a partir de certa altura, é de cabeça para baixo para poderem, se tudo correr bem, nascer via vaginal (esta parte não é novidade para as piolhas pois sabem como são feitos os bebés e por onde nascem). Mas, no caso de o bebé estar noutra posição ou haver outros fatores, pode nascer de cesariana, como elas porque estavam sentadas e não conseguiam nascer pela via natural. Expliquei que a cicatriz que tenho abaixo da linha do bikini que elas veem é o resultado de um pequeno corte naquela zona por onde o bebé é retirado.
A reação delas foi impagável: a mais tagarela estava calada que nem um rato; a outra fez "euh, eu nunca vou ter bebés, não quero ser mãe". E fazia gestos de não com as mãos. Disse-lhe que era doloroso mas extremamente graificante, que eu faria tudo de novo. Quanto a ela, é muito nova ainda e, mesmo que, não mude de ideias, respeitarei a sua decisão.
Acho que lhes caiu a ficha... Uma coisa é saber como se processam estas situações, outra é ter a consciência de como se processam... E é sinal de que estão a crescer.
E, depois, lá voltou ela à carga, com "o que eu queria mesmo era ter um irmão"... #pediraversepega, pois está claro.
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