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Eu acho que este é O clássico e deveria ter sido logo o primeiro, mas pronto, está no top 3.
Perante a recusa sistemática da nossa cria /aluno/criança em relação a qualquer coisa, colocar o ar mais sério deste mundo, semicerrar os olhos (acho mais assustador do que abri-los e isso assuta-me pois lembra-me uma colega que tive há uns anos que tinha uns olhos enormes saídos das órbitras. Quando ela se enervava e abria ainda mais os olhos, até eu me escagaçava toda...), levantar a mão e dizer bem alto e com firmeza:
Eu vou contar até 3. Um.... Dois...
O truque aqui é ser-se tão firme que não há hipótese de chegar ao 3. Além disso, como eles não sabem o que aontece ao chegar ao 3, a gente deixa-os na dúvida, não vá abrir-se um portal para outra dimensão...
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Foram anos a fugir ao São João e às suas celebrações. Ou passávamos as festas entre portas, com tudo fechado para não se ouvir nadinha (abençoados vidros duplos) ou íamos para longe (no ano passado, estávamos por esta altura em Espanha... ai saudade). O que nos levou a este comportamento foi tão doloroso que, mesmo sem o dizermos em voz alta, acabámos por desistir... Podem ler tudo aqui. Foi em 2012. No ano seguinte, ficámos em casa mas a avó e a tia lá fizeram um milagre acontecer e conseguiram pôr as piolhas a andar de carrossel (de tarde, claro, com a feira vazia...)
Este ano, depois de muitas discussões e avisos sérios da minha parte em relação ao comportamento de férias, informei que, tal como habitualmente e independentemente do meu cansaço, onde eu e o pai fossemos, as piolhas iriam também e ponto final na discussão. Assim sendo, "meninas, amanhã vamos ao São João. À noite. E não quero ouvir mais nada."
Fomos à praia de manhã, almoçámos fora, voltámos à praia para brincar na areia até estar demasiado vento para lá estarmos. Viemos para "casa" ver se o recinto da feira estaria aberto e ir aos carrinhos de choque. Não estava, logo, decidiu-se, entre os quatro, que o faríamos no final de jantar, quando ainda não houvesse muita gente por lá.
Jantámos e, por volta das 20h45, estávamos a sair de casa, a pé, super confortáveis e eu de mochila pronta para todas as ocasiões e imprevistos. As piolhas confessaram-se ansiosas mas dissemos que era como se fosse um dia normal mas mais longo porque estávamos na noite mais curta do ano e haveria luz até mais tarde, que não haveria horários e poderiam deitar-se muito tarde e levantar-se muito tarde (spoiler: levantaram-se às 7h30).
No caminho até ao recinto da feira, o que mais surpreendeu as piolhas foi terem encontrado imensos colegas de escola. O choque foi tal que, a certa altura, uma delas, dizia que queria sair à noite com os amigos e perguntou-nos se podíamos ir ao bairro das tasquinhas (onde basicamente se enfiam em duas ruas estreitinhas toda a nossa localidade e concelhos vizinhos).
A noite foi incrível. Conseguimos empoleirá-las num muro a ver as marchas populares, com vista de camarote; conseguimos andar nos carrinhos de choque e passear pelo recinto da feira sem confusões; encontrámos imensa gente conhecida e até pediram para tirar fotos com um manjerico iluminado gigante de fundo. No final, antes da invasão saudável e da folia do pessoal, fomos às tais ruas estreitinhas ver o ambiente e sentir o cheiro a sardinha assada e bifanas. Ainda vivemos um momento caricato no caminho: uma senhora sozinha ia à nossa frente a caminho do bairro das tasquinhas e o grupo dessa senhora (aí dos seus 70 anos) vinha atrás de nós. De repente, ela avista uma tasquinha, pára e pergunta para o ar: "Queres sardinhas?". Uma das piolhas, que vinha diretamente atrás da senhora, responde "Não obrigada, não somos grande fã de peixe." Não sei se a senhora ouviu mas eu achei o máximo. Depois lá lhe explicámos que a senhora estava a dirigir-se ao grupo dela, atrás de nós; ela não nos conhecia de lado nenhum para estar a perguntar por sardinhas...
O comportamento das piolhas foi de tal forma incrível que vínhamos felizes e extasiados para casa. É certo que chegámos a casa pela meia-noite qual Cinderela (mas toda a gente de sapatilhas nos pés, ninguém perdeu nada), é certo que ainda ouvimos muitos mimimimimi e muitos "que horas são" e muitos "tenho sono, estou sonolenta" mas aguentaram e usufruíram e verificaram que conseguem fazer o que fazem muitos muitos outros conhecidos - os amiguinhos incluídos. E que felizes elas ficavam quando encontravam algum e as cumprimentavam.
Pasito a pasito, um de cada vez, conseguimos. Hoje estão um pouco descompensadas mas já o esperava. Não se pode ter tudo. Mas nada que se compare ao que vivemos há 6 anos. Nada mesmo. Parecem - e nós igual - outras pessoas.
Hoje estou histericamente feliz. Com disse uma amiga "Devagar, devagarinho, se vai ao longe. Eh pá, já vos perdi de vista". E eu não poderia estar mais grata por isso.


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Um longo caminho foi precorrido desde a primeira ida ao dentista com as piolhas. Nesta fase, já não necessitamos de preparação prévia - basta um aviso de que no dia tal há consulta, às tais horas -; já não necessitamos de negociação, chantagem, recompensa - basta um informar de que, no final do dentista, vamos às compras ou a casa da avó ou para casa-; já não necessitamos de explicar tudinho ao pormenor do que se vai fazer e utilizar - basta uma informação geral do procedimento.
As piolhas já não parecem as mesmas. Temos cumprido religiosamente as idas ao dentista de 6 em 6 meses pois as cáries e selagens a fazer estão todas tratadas; a desmineralização dos dentes de leite está progressivamente a desaparecer à medida que caem esses dentes afetados e nascem os definitivos; os dentes definitivos estão a nascer direitinhos e nos respetivos locais. Para já tudo bem - e ainda bem!
A nossa última consulta foi num destes sábados, à habitual hora. Demorou menos de 5 (cinco) minutos. Com as duas! A sério! Nada de cáries, nada de lesões, dentes saudáveis a nascer, dentes a abanar no timing certo, tudo a correr bem. Desta vez, as piolhas já iam para entrar e ficar sozinhas, sem a minha presença, afinal, estão umas crescidas e, começando desde cedo a tratar dos problemas dentários, ir ao dentista não causa medos nem procedimentos mais complicados.
A próxima consulta ficou então agendada para daqui a meio ano, pois claro. Até lá, cairão imensos dentes e teremos o problema de um dos molares de uma das piolhas resolvido.
A piolha sofre de bruxismo (ranger os dentes) e partiu um dos dentes que, desde essa altura, tem estado em constante vigilância. Já abana pelo que, em breve, teremos menos uma chatice.
Quanto ao que fazer futuramente, talvez selar todos os dentes mas logo se vê.
Quanto ao bruxismo da piolha, um dia destes falarei do assunto, mas, para já e dada a fase de crescimento maxilar e dentário, não pode usar qualquer tipo de aparelho. É aguardar e vigiar. E agir, se for caso disso.
Convém adicionar que nunca houve qualquer tipo de mensagem egativa ou de incutir de medos em relação ao dentista. Ir ao dentista é tão natural como ir ao médico de família fazer um check up. É necessário e faz parte das nossas ações para estarmos bem e saudáveis. E um ambiente descontraído e informal faz milagres.
Um passo de cada vez para chegarmos (muito) longe. E pensar que esteve em cima da mesa a hipótese de sedação e ida ao bloco... Chegámos mesmo muito longe.
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Ou "como me tornei na minha mãe sem me aperceber" #2
Dado o tempo meteorológico bipolar, incerto, instável, depressivo e sei-lá-mais-o-quê que temos tido, honestamente, não sei o que vestir às piolhas ou preparar para as aulas de Ed. Física. Na dúvida:
Leva o casaco que podes ter frio. Eu vou trabalhar e não posso ir levar-to à escola. (insistir, abrir os olhos, levantar o sobrolho e fechar bem os lábios. Ganhei)
(Aparte: já não é a 1ª vez que, face ao "és chata" da parte do pai e insistências das piolhas em não levar casaco, que as mesmas, no primeiro intervalo da manhã, me telefonam "Mãe... estás a trabalhar? Podias vir trazer-me um casaco quentinho? Está frescote..." Ahhhh, mãe sabe.)
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Ou "como me tornei na minha mãe sem me aperceber" #1
Inicio esta rúbrica com os dizeres e as expressões maternais que nunca pensei usar mas que herdei da minha mãe. E que, contra todas as minhas vontades e expectativas, me fazem ficar como ela.
Depois de estar de volta do aspirador, da esfregona, dos panos do pó, dos detergentes para a casa de banho, ainda ter ajudado uma piolha a fazer um bolo que quer levar para a terapia ocupacional, ter separado 664646468786 resmas de papel desenhado e esvaziado gavetas - se alguém me disser que isto não conta como exercício físico, eu escravizarei essa pessoa -, este é o clássico verbal da maternidade que me sai boca fora quando vejo as piolhas a ir à cozinha, na sua busca de algo para comer:
Não quero migalhas em lado nenhum, que acabei de aspirar.
Ora toma.
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