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Porque hoje é abril - o que se espera fazer num mês com repercussões durante todo um ano e impacto positivo durante uma vida. Porque hoje é 2 de abril, dia mundial da consciencialização do autismo.
Porque hoje, a piolha Ester escreveu este texto, na 1º pessoa, a falar de si como oradora na apresentação do livro Lucas e o autismo . Porque foi o primeiro de muitos discursos que certamente surgirão.
" “Am I good enough? Yes, I am”- Michelle Obama
Sim, eu concordo com ela. Nós devíamos gostar de nós mesmos e não dar importância aos outros querem que nós sejamos. Por exemplo, os outros querem que eu seja mais como eles, mas não percebo porquê se eu gosto de ser como sou- autista ou não.
Mas quando alguém quer que eu seja uma pessoa diferente do que eu sou, não significa que eu tenha de mudar quem eu sou.
Só porque pensamos duma maneira diferente, não significa que somos deficientes ou incapaz. Uns são mais rápidos, outros preferem falar, outros pensam em imagens, outros até precisam de imagens para comunicar.
Somos todos iguais em direitos, quem disse que éramos diferentes? Somos também todos diferentes, quem disse que isso era errado. Por que temos de falar disto, se tudo isto é normal?"
O texto da apresentação do livro da piolha Beatriz. Foi um tão texto pessoal, tão emotivo que arrancou umas lágrimas e muitos aplausos da audiência.
Estou tão orgulhosa das minhas meninas. Tão mesmo.
"O autismo, não me define, nem a mim nem à minha irmã.
Sim, eu tenho autismo, e mesmo com dificuldades consigo fazer muitas coisas. Há muitas coisas que os meus colegas fazem que não percebo ou tenho dificuldades com algumas palavras, mas há coisas em que sou muito boa, como desenhar ou fazer vídeos. Mas, às vezes, eu ouço pessoas a usarem a palavra “Autismo” como um insulto. Eu fico ofendida, às vezes eu ignoro, às vezes respondo “Isso não faz sentido!”. Quando são adultos a usar esta palavras, os pais reagem contactando diretamente essas pessoas. Quando são os meus colegas a insultar-nos, eu fico mesmo triste. Não sou mais nem menos do que qualquer outro jovem, apenas tenho um cérebro com ligações diferentes. Não estão erradas, estão é diferentes. Mas, é aquilo que me fez única e não igual a outra pessoa. Além disso, eu sinto como qualquer outra pessoa sente.
Vou repetir, o autismo não me define, eu tenho muitas capacidades e eu sei que consigo, já mostrei que consigo, não vou deixar que uma palavra tenha um poder que não deve ter.
Eu sou autista, mas sou capaz. E, antes de tudo, sou a Beatriz."