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Os neurodivergentes têm voz. E temos - nós sociedade - que os ouvir ou aprender a ouvir. A comunicação pode ocorrer de várias formas e não tem que forçosamente seguir a via tradicional e mais comum: fala-mensagem-ouve, em que existe oralidade e descodificação do som. A comunicação é tão mas tão bem mais rica que isso. É tudo: corpo, mãos, dedos, olhar, escrita, imagens, toque, comportamento, aromas... É um único ou a combinação de tudo, é simples ou complexa, é tradicional ou adaptada - mas é sempre comunicação.
A deficiência tem voz. E temos - nós sociedade - que ouvir as pessoas com deficiência ou aprender a ouvi-las.
Ter a consciência de que a diferença existe e aceitar que a diferença existe, como parte da humanidade e que a pessoa diferente, com deficiência, com neurodivergência também têm lugar na sociedade, é já um grande passo no caminho a percorrer para que possamos ouvir as suas vozes.
Não há direitos extra nem perda de direitos existentes a aplicar num indivíduo com deficiência - deveria, isso sim, haver o completo cumprimento do que está legislado e o bom senso da adaptação da realidade a todos, da equidade e da empatia.
Este ano tenho um projeto em mãos relacionado com a aceitação da diferença e os primeiros conceitos que abordei com os meus alunos foi a empatia, a equidade, a coragem, a aceitação, a oportunidade, o respeito porque tudo isto é coexistir, no mesmo universo, mas onde precisamos de ferramentas adequadas porque, definitivamente, "one size does not fit all". E foi assim que, com o auxílio de uma história que adaptei, fiz a receção aos alunos, na Escola que se quer de todos e para todos.
Este ano, apesar de ainda ter passado pouco tempo, vejo que há voz ouvida lá por casa. Sempre houve voz, sempre a ouvimos e fizemos por que outros também a ouvissem mas, agora, são elas que se fazem ouvir, cada vez com menos intervenção direta da nossa parte. E as suas escolhas, as suas palavras, as suas atitudes para com os outros, mostram que, quando somos ouvidos, as coisas funcionam melhor e o estranho acaba por se entranhar e ser aceite. E orgulha-me que sejam assim.
Sempre disse que não há nada de errado em ser-se diferente; o errado é a forma como encaramos essa diferença e a nossa atitude e comportamento perante isso. Porque, comunicar não é só usar palavras verbais, é tudo o resto. E as vozes dos diferentes também se ouvem de várias formas. Só precisamos de estar atentos e de aprender a ouvir. Afinal, coexistimos no mesmo espaço.
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