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Agora aos 40s, a nossa intuição e experiência são outras. Também é outra a nossa força de vontade e a certeza de que não nos comerão as papas na cabeça. Somos capazes de pesquisar e estudar sobre assuntos em nada relacionados com as nossas áreas iniciais de formação e de recorrer a vários especialistas sem pudores ou receios.
Em julho, soubemos que as piolhas têm escoliose. Uma em grau severo (42º), outra em grau ligeiro (12º). Desde o dia em que notámos uma diferença na zona pélvica que temos andado incansáveis em busca de soluções - e sim, aqui podemos usar o termo, uma cura. De um especialista em ortopedia infantil passámos a um ortopedista geral e depois a peritos externos ortopedistas em coluna e escoliose. Nunca nos deixámos ficar pelas respostas vagas ou pela incerteza dos atos a seguir ou do resultado final. A Tânia, do O Mundo do Gonçalinho , foi paciente e proporcionou-nos, além dos seus conhecimentos, uma opinião clínica fundamentada que, em última instância, acabou por bater certo com tudo o que avaliámos até ao momento.
A escoliose delas é a escoliose idiopática típica do adolescente, sem causa genética e que acontece de forma relativamente rápida. As curvaturas da coluna vertebral tendem a ser na zona superior mas há também na zona lombar, como é o nosso caso. Existem vários protocolos de ação e de consideração da severidade bem como de diagnóstico: raio x, obviamente, com recurso à medição do ângulo de Cobber (para dar o grau de curvatura), teste de Adams, verificação do sinal de Risser e avaliação física. Dependendo do grau, pode ser necessário avançar para fisioterapia especializada, desportos específicos, uso de coletes corretores ou cirurgia. O uso do colete está sempre dependente da ossificação da ilíaca - sinal de Risser -, ou seja, da maturidade óssea que se verifica na ilíaca. Se estiver no grau 5, a maturidade óssea está concluída, logo, não se equaciona sequer o uso de ortopróteses.
Portanto, a causa da rapidez de ganho dos nossos cabelos e barba brancos: ossificação da ilíaca completa (e piolhas mais baixas que a mãe, ao contrário do que se supunha), uso de qualquer tipo de colete completamente posto de parte, cirurgia em cima da mesa (apenas adiada; sabemos que será necessária uma intervenção cirúrgica, mais tarde ou mais cedo), fisioterapia desnecessária e aposta em desportos que corrijam a postura e impeçam a evolução da escoliose (como natação, remo, puxar pesos apropriados até aos ombros, ioga). Não somos geneticamente culpados deste desaire clínico e, ao contrário do que nos foi dito, também não somos culpados de não termos visto mais cedo que havia um desnível pélvico. Não há absolutamente mais nada que fizesse prever uma situação destas (alturas diferentes de pernas ou desnível de ombros ou dor, etc.) e, mesmo que tivéssemos agido no momento em que vimos uma diferença mínima, já seria tarde e o desfecho cirúrgico seria o mesmo porque a ossificação da ilíaca já estava concluída.
Temos as respostas de que precisávamos e recorremos a vários especialistas (incluindo no estrangeiro) para isso, as piolhas foram sempre decisoras e parte integrante do processo, não nos limitámos a um "agora é aguardar e daqui a seis meses vemos de novo".
Cá estaremos para ultrapassar mais este desafio e este texto foi escrito com o aval delas "porque podemos ajudar outras pessoas a tomar atenção às costas e a procurar respostas" (citação delas).Também cá estaremos para gerir tudo o que seja necessário. Ainda assim, daria tudo para trocar de lugar com elas. Porque a minha veia control freak sabe o que fazer... Com os filhos, a minha veia control freak tem zero poder.
A intuição existe e é importante. E o conhecimento também. Não somos menos por questionarmos ou por querermos respostas dignas e completas.
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