Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Os temas de que muito poucos querem falar na adolescência e que, no entanto, tão necessários são: bullying, orientação sexual, identidade sexual, amizades, namoro, relação com os pais/tutores, escola, exames, aulas, viagens de estudo, doenças mentais (distúrbios alimentares, automutilação).
Fui apresentada a esta série, em BD, pelas minhas filhas, ativistas por um mundo onde não sejamos discriminados por não seguirmos o que alguém/alguéns denomin(ou)aram como norma. Nick e Charlie são um casal que se vai conhecendo, que vive o seu namoro como qualquer outro casal e que não impõem a sua relação a ninguém, que têm um grupo de amigos, famílias, professores. Apesar de algumas reações homofóbicas e bastantes deceções, acaba por conseguir levar a sua relação a sério e viver sem se martirizarem com o que os outros poderão pensar. É mais difícil do que se pensa perceber quem somos, mostra-nos Nick. E é verdade.
Temos uma visão de uma sociedade onde a inclusão pode existir se nos esforçarmos: é possível respeitar a comunidade LGTBQ+, é possível ajudar alguém com uma doença mental, é possível sermos quem somos só por respeitarmos os que nos rodeiam.
Acabo por entender porque o livro 1 foi incluído no nosso Plano Nacional de Leitura. Há muito mais do que a vista alcança na adolescência e esta série é escrita pelos olhos do adolescente, das suas vivências, dos seus medos, das suas relações, das suas reações.
Gostei e recomendo. Lê-se de uma assentada só e acaba por ensinar algo.

 

w.jpg

 

 

-------------- Estamos também no Facebooke no Instagram -----------

publicado às 07:42

É uma narrativa forte, bastante emotiva e que revela uma realidade pós 2ª Guerra Mundial, nos gulag soviéticos, na Sibéria. São realidade diferentes e, ao mesmo tempo, semelhantes - afinal "o trabalho liberta"...
Cilka já aparece no anterior livro "O tatuador de Auschwitz" e aqui, na sua viagem, vemos o que se passou depois da libertação dos campos de concentração nazis. Cilka faz o que precisa para sobreviver, tem fogo de vida, não quer morrer. E viajamos com ela nos comboios até ao campo, estamos com ela nos barracões, vêmo-la a aprender mestrias novas para compensar ter sido uma mão na ajuda da morte "naquele outro lugar", vêmo-la a ter a vida que merecia, sabemos que é capaz de amar.
Não vou entrar em detalhes pois tem de se ler para se sentir, para aprender, para apreender e evitar que a História se repita. É inconcebível seres humanos serem tão desumanizados de essência para com os seus semelhantes. Apesar do final feliz, é uma história real, com pessoas reais, num momento histórico real. A ler, sem dúvida.

 

q.jpg

 

 

-------------- Estamos também no Facebooke no Instagram -----------

publicado às 10:44

Por que faço greve

por t2para4, em 16.12.22
Creio que há uma série de noções que escapam à maioria das pessoas e, quando o meu pai não percebeu bem por que os professores estavam em greve, tentei explicar. Vamos lá por pontos.

- todos os anos sou avaliada com Muito Bom, 10 valores. A cota de Excelente não existe para os professores contratados porque, mesmo requerendo, as aulas assitidas não nos servem para nada. E todos os anos acabo com avaliaçao de Bom, porque as cotas não permitem mais de x MB para contratados. Ora, sou avaliada desde que tenho sido colocada, portanto, desde 2010 que nunca tive o Muito Bom que realmente merecia.

- tenho 10 anos de tempo de serviço efetivo - ou seja, desde que comecei a trabalhar em 2003, que todos os meus dias de trabalho em horários incompletos, completos, horas de formação (público, privado) certificada pela Direção Geral da Administração Escolar, todos somados dão cerca de 10 anos de dias de serviço e mais uns pós. Ora, se eu tivesse sido logo posicionada no local correto da carreira docente - se fosse uma progressão justa e simples -, eu deveria estar algures perto do 3º ou 4º escalão, a receber como tal, com a possibilidade de ir progredindo ao invés de continuar quase ininterruptamente como professoar contratada.

- eu, professora contratada, não posso usufruir de uma série de licenças para filhos com deficiência, nem pedir mobilidade por doença nem aproximação à área de residência, nem meia jornada, nem horários flexíveis - daí a minha insistência em concorrer apenas para a minha área geográfica próxima e para também horários incompletos e substituições.

- se eu tiver a sorte de, numa eventualidade cumprir todos os requisitos para tal, entrar em Quadro de Zona Pedagógia (QZP), hoje posso estar em Coimbra Centro mas, no ano seguinte, não havendo vaga para mim, sou obrigada a concorrer a todo o QZP, que vai até Caldas da Rainha, Pampilhosa da Serra e quase que toca já ali no distrito de Castelo Branco. Isto não me interessa minimamente. Prefiro ser contratada e trabalhar no meio da serra a 20 km de casa, em horários que muito poucos querem.

- foi muito duro para mim ter concluído o curso com a média que tirei. Fui penalizada no meu estágio profissional por preconceito da orientadora e não tive melhor nota. Estou consideravelmente bem posicionada nas listas de colocação, tenho conseguido ficar sempre em Contratação Inicial por concurso nacional, onde a minha graduação é quem me posiciona (a par com as minhas escolhas de escolas), algo que é feito a nível nacional e onde não há compadrios. Não posso aceitar que o concurso de professores - que ainda vai funcionando mais ou menos - passe de nacional a concelhio e venha por aí uma série de cunhas e fatores C e mais o diabo a sete.

- como professora contratada, dentro da plataforma de concursos, nunca sei quando estou a concorrer para uma escola com horário noturno ou protocolo com uma prisão ou que dá aulas a CEF, EFA, vocacionais ou profissionais porque estas informações não são expostas aquando do concurso. Sim, em algumas situações, acabamos por concorrer às cegas.

- Se eu entrar em QZP, algum dia, não posso subir logo de escalão, ainda que o mereça, tenha os tais Excelentes porque há cotas para o número de docentes no escalão x, y, z o que faz com que aquele docente que merece subir de escalão fique preso àquele escalão e àquele vencimento anos a fio. Sim, anos a fio.

- o salário mínimo nacional roça os 750 euros. Eu fui aumentada em 2009 nuns trocos e recebi 3 euros extra este ano. O meu índice de vencimento continua o mesmo desde 2004 e o salário pouco se alterou desde então.

- se eu entrar em QZP e precisar de utilizar Mobilidade por Doença, porque como professora do quadro a isso tenho direito (mas não como contratada) para cuidar de mim, das minhas filhas, marido ou pais, poderei ter de continuar a concorrer para longe e, ao invés de fazer 20km com um horário incompleto como faço agora, posso sujeitar-me a 50km de distância em horários pouco flexíveis.

- há duas tabelas salariais para professores profissionalizados que dão aulas, muitas vezes, nas mesmas escolas: uns têm 22h letivas semanais e outros 25h letivas semanais; uns podem usufruir de redução letiva até quase 8h, os outro só 5h; uns ganham mais do que os outros. Nunca vou entender isto e acho isto de uma injustiça atroz. E nem me venham com comparações porque eu sou professora de 1º ciclo mas também de 3º ciclo e secundário e sei muito bem do que falo.

- como professora contratada com um horário incompleto houve uma alteração injusta na declaração de dias à Segurança Social: abaixo de 15h, menos dias são declarados, ao invés de um mês inteiro como se fazia há pouco mais de 3 anos, o que, impacta diretamente no direito à atribuição de subsídio de desemprego.

- há uma estratificação desnecessária e injusta: os professores de AEC (Atividades de Enriquecimento Curricular) são técnicos, o seu tempo de serviço não é contabilizado para efeitos de concurso no caso de docentes não profissionalizados e o ordenado é miserável; alguns docentes do Ensino Profissional trabalham anos, na mesma escola, a recibo verde e a fórmula de cálculo de tempo de serviço é injusta.

- termino com uma tentativa de rentabilização de professores que é colocá-los a fazer km desmesurados entre agrupamentos: por exemplo, o mesmo professor de Francês de Coimbra Oeste ir dar Francês a Góis. Ou o de Arganil ir à Lousã. Ou o de Portimão ir a Vila Real de Santo António. Se a ideia era colmatar falhas nas metrópoles, a realidade é que o país é bem mais que Lisboa centro...

 

 

Eu podia continuar mas isto já vai tão longo que receio perder-me ou enveredar por outros meandros que não conheço tão bem. É por isto que faço greve por tempos, que imprimo as notas enviadas pelo sindicato (sim, de tantos que existem e de uns supostamente tão grandes, o STOP foi o primeiro e o único a agir antes de se tomarem decisões em decreto.), que explico aos alunos porque estou na escola a trabalhar até às horas de almoço, que mostro que estou cansada de ser só mais uma roda dentada numa engrenagem que precisa de professores e não consegue assumir isso e valorizar os profissionais que tem. 

Sou professora, adoro o que faço, respeito os meus alunos e quero o melhor para eles. Mas e por isso, estou em luta.

 

 

 

 

-------------- Estamos também no Facebooke no Instagram -----------

Tags:

publicado às 21:31

Duas - talvez três - estórias paralelas:
- Freud visita, pela primeira, última e única vez, Nova Iorque (a Nova Iorque do início do século XX, ainda a receber centenas de imigrantes europeus), com os seus discípulos, para uma série de palestras sobre psicanálise. Temos, pois, tudo o que a Freud diz respeito: interpretação de sonhos, repressão sexual para explicação de quase todo o distúrbio mental e complexo de Édipo a rodos.
- Depois de enxotado do Instituto Legal pelo médico legista, o detetive Littlemore decide investigar mais a fundo o assassinato de uma jovem e o ataque a outra que são idênticos: chicotadas nas pernas e nádegas e asfixia com uma gravata de seda branca.
- as sessões de psicanálise a uma jovem da alta sociedade americana, atacada na sua casa, que perde a voz e a memória e cujos traumas que desencadearam estes sintomas, o jovem dr. Younger terá de analisar.
É um livro com muitos turn-twists que dão uma sensação boa de suspense e nos faz querer saber o porquê daquele comportamento, o contexto daquele ataque, a visualização da ponte de Manhattan em construção, a saída sub-reptícia de prisioneiro da cadeia de Sing Sing. Também rebolamos os olhos com as visões de Freud mas é muito interessante tentar perceber onde estão os factos e onde está a ficção.
Gostei da leitura, gostei da viagem rápida à sociedade da Golden Age americana e gostei da resolução final do crime e de como as três estórias, afinal, estavam todas interligadas desde o início.

 

e.jpg

 

 

-------------- Estamos também no Facebooke no Instagram -----------

publicado às 21:01

Dia internacional da deficiência

por t2para4, em 03.12.22
Dia ou data que se assinala; não se celebra, mas assinala-se. Não se celebra pois não é uma data festiva mas sim uma chamada de atenção do mundo para a existência real da deficiência e da pessoa com deficiência.
 

CAA - dia deficiencia_pages-to-jpg-0001.jpg

 
Se podia ser assim simples? Podia. Mas a sociedade tem a mania de complicar e de se envergonhar com o que não carece de vergonha alguma. Se todos fizermos a nossa parte, todos teremos o nosso lugar na sociedade, todos seremos aceites - apesar de e independentemente das nossas divergências e diferenças.
Vergonhoso é o apoio governamental e estatal atribuído à pessoa com deficiência - mesmo àquela que, tal como cada um de nós, trabalha e faz os seus descontos.
Vergonhoso é o ter de, todos os dias, todos os anos, ter de lutar por direitos à educação, à saúde, à habitação.
Vergonhoso é ainda não existirem rampas de acesso a departamentos públicos.
Vergonhoso é ainda não haver noção de que há deficiências invisíveis.
Vergonhoso é ter de haver quotas para pessoas com deficiência terem acesso ao trabalho porque o preconceito existe.
Vergonhoso é o preço dos transportes adaptados, dos materiais de apoio, das terapias, dos medicamentos.
Vergonhoso é fazer-se de conta que se não virmos, não existe.
Façamos a nossa parte, sejamos humanos. A deficiência existe, a diferença existe. E é com isso que se aprende a ser humano.
Este poster estará nas minhas salas. Porque, nas minhas salas, apesar de tudo, há lugar para todos.
 
 
 
 
-------------- Estamos também no Facebooke no Instagram -----------
 

publicado às 12:13

Direitos Reservados

Algumas das fotos publicadas neste blog são retiradas da Internet, tendo assim os seus Direitos Reservados. Se o autor de alguma delas discordar da sua publicação, por favor informe que de imediato será retirada. Obrigada. Os artigos, notícias e eventos divulgados neste blog tem carácter meramente informativo. Não existe qualquer pretensão da parte deste blog de fornecer aconselhamento ou orientação médica, diagnóstico ou indicar tratamentos ou metodologias preferenciais.


Mais sobre mim

foto do autor







Parceiros


Visitas


Copyright

É proibida a reprodução parcial/total de textos deste blog, sem a indicação expressa da autoria e proveniência. Todas as imagens aqui visualizadas são retiradas da internet, com a excepção das identificadas www.t2para4.com/t2para4. Do mesmo modo, este blog faz por respeitar os direitos de autor, mas em caso de violação dos mesmos agradeço ser notificada.

Translate this page


Mensagens