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As piolhas tiveram hoje uma saída que envolveu uma visita a um criador de cães local que, entre outras raças, cria Golden Retrievers. O mesmo criador a quem comprámos a Íris, há tantos anos. Já na altura da visita, elas borrifaram-se para os cães e andaram perdidas e felizes da vida atrás de um gato "ginger", como uma delas gosta de dizer. Não ligámos a esse sinal, tão cegos que estávamos com a ideia de que uma cadela Golden Retriever pura iria fazer os milagres que procurávamos e nos quais queríamos tanto acreditar. Não fez e a história correu mal. Doi até hoje (mais pormenores, cuscai no blog, não vou por links diretos).
A verdade é que elas são definitivamente aquilo que, em inglês, se define como cat people. Em Caminha, quando regressávamos da nossa ida relâmpago a Santiago de Compostela, encontrámos uma gata preta e branca (semelhante ao nosso Silvestre) numa das ruelas que rodeiam o forte. Chegaram-se logo a ela e ela aceitou miminhos e festinhas delas mas recusou que o marido se chegasse perto...
O mesmo se passa com o gato que passeia pelo meu local de trabalho.
E com os gatos que encontramos na rua...
Não foi diferente aqui. Enquanto todos os coleguinhas se encantavam com os cães e cachorrinhos, as piolhas deleitavam-se com os gatos e a nova ninhada que por lá andava. "Um ginger, um parecido com o gato da T., um Quico mas não era igual ao nosso Quico e os outros eram todos brancos. E não deixaram pelos no nosso colo". Enquanto os gatos se afastavam dos outras crianças, deixavam-se cativar pelas piolhas (as mesmas crianças, ou seja, as minhas filhas que eu jamais levaria para uma loja da Vista Alegre e até tremo quando entram na Ótica de um familiar... ).
Não pretendo, nem por um milésimo de segundo, desvalorizar o que quer que seja que se faça com cães de serviço e a sua importância; apenas quero mostrar que o autismo, a PEA das minhas filhas, talvez esteja numa outra parte do espectro no que respeita a animais de apoio. Elas sentem-se incomodadas por cães, independentemente da sua raça - tal como a minha irmã -, elas afastam-se instintamente de cães, não importa o tamanho. Por outro lado, adoram gatos, sentem-se atraídas pelos felinos, são enigmáticas e fazem lembrar um gato em alguns dos seus comportamentos, não sei explicar bem, apenas se nota, ao olhar para elas e para a relação delas com gatos, que são mesmo cat people. E até com isso e nisso podemos ver aprendizagem. Não precisamos de seguir a norma quando há algo mais fora da norma que também funciona - ainda para mais se é fofinho e com umas orelhinhas pontiagudas e um bigodes...
Sou uma cat person, sem dúvida. Mas as piolhas são mais. Passei a olhar com outros olhos - uns olhos agradecidos - para os gatos quando o nosso Silvestre, ainda um juvenil, aguentou um meltdown dos feios de uma das piolhas, sem sair de perto dela, enquanto ela o agarrava e ele nem uma unha pôs de fora... Só saiu quando ela deu sinais de se acalmar - para voltar segundos depois, como para se certificar de que estava bem antes de tirar tempo para si mesmo. Acho-os muito parecidos com as minhas crianças. Com comportamentos muito autistas... Este episódio marcou-me. E a relação delas com este animais parece diferente...
Dá que pensar, não?
(os gatos são ou não um pouco autistas? Eu acho que os nossos são uma cópia felina das piolhas ;) )
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