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Falemos da perda

por t2para4, em 25.10.22

São duas irmãs com 15 anos. Mas podiam ser três.
E podiam ter, agora, um (ou mais) irmãos com metade da idade.
Não correu bem. E não se fala muito disso com os outros e, quando se fala, é rapidamente desvalorizado ou remetido para a toxicidade.
As piolhas tiveram sempre uma bolsa vazia por companheira até à hora do parto. A placenta mostrou esses sinais (eu vi a placenta e as bolsas), as ecos mostravam sempre um "espectro" por ali. Talvez, por algum desígnio que eu desconheça, me (nos!) tenha sido poupada a luta de trigémeas autistas. Não sei. Todas as bolsas unidas à mesma placenta, logo, seriam trigémeas idênticas. Não vingou. Aceitei, magoou, questiono-me ainda hoje se, teria, de facto sido assim, se e se e se e se...
Em 2016, uma gravidez não planeada e surpreendente que acabou descoberta porque houve uma interrupção espontânea que levou a essa descoberta. Não vou falar dos pormenores das dores físicas, das hemorragias (e respetivos "acessórios"), nem do quão mal andava a minha cabeça nessa altura. Gravidez química? Aborto espontâneo porque sim? Sequelas não ficaram, mas, ainda dói.
Ouvi coisas horríveis e levei com todos os clichés que se possa imaginar.
Se calhar, não tinha que ser. Seja lá quem determina essa decisão. Haverá alguma razão? Alguma causa? Algum tipo de "poupar a sofrimentos maiores"? Teria sido eu menos presente para as piolhas caso tivesse vingado? Teria eu imposto a neurodivergência das piolhas a esse irmão? Seria talvez ele ou ela próprio/a neurodivergente? Se e se e se e se...
Estou bem resolvida em relação a isso e recuso-me a assumir culpas do que quer que seja porque não fiz absolutamente nada de errado. E nem o marido E nem as piolhas.
Mas é preciso normalizar a perda. E é preciso normalizar o falar-se desse assunto sem recebermos bocas foleiras intrometidas (não importa se a família tem casos de deficiência ou é já numerosa ou tem uma casa pequena, ninguém tem nada a ver com isso) e não romancear a perda. Dói perder com 1s, dói perder com 20s ou com 40s. Dói sempre e é incomensurável sentir essa dor. Não comparemos nem desvalorizemos. Falemos é desse assunto sem pudor e sem menosprezar a perda.

 

 

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publicado às 15:20

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1 comentário

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De Maria Araújo a 26.10.2022 às 14:01

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