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No dia em que se diz celebrar o amor, por excelência, há apenas a constatação do que se vem vivendo nos restantes dias do ano, sem festividade associada. Não saímos, não jantámos fora, não fomos passear. Estivemos - os 4 - a trabalhar. E o dia começou bem cedo, ainda antes das 7h, com as piolhas bem despertas pelos seus próprios relógios biológicos tão ajustados aos seus desejos quanto elas querem (sim, se decidirem acordar às 6h30, elas conseguem. Sem qualquer tipo de despertador. Aí está algo que poderão ensinar-me, um dia destes...). Começou com passinhos miúdos no chão, com vozes murmuradas de "hoje é dia de São Valentim" e "o pai está cá?" (às vezes, o pai faz o turno da noite e só chega de manhã) e ainda "o pai e a mãe têm de estar juntinhos para desejar feliz dia de São Valentim". E nós a distribuirmos milhentas bejocas matinais, tão boas, os 4 no miminho bom.
E, de tanta coisa que fiz e falei - e ainda estou em fase de realização - com os alunos acerca dos afetos, continuo a fazer notar - a nós e aos outros - a importância das pequenas coisas que, todas juntas, fazem muito. E quando digo pequenas coisas, são mesmo pequenas coisas, que, independentemente dos dias, podemos fazer sempre que nos apeteça. Em casa, além de um postalinho pindérico todo meloso que adore no computador (deu nas vistas pois o portátil estava fechado e eu nunca o deixo fechado), tinha a casa arrumada e o marido estava a passar a ferro - um alívio de trabalho acrescido para o resto da semana em que estou cheia de aulas e consultas. A minha retribuição melosa foram umas garrafinhas de Sumersby e um arrozinho malandro com moelas. As piolhas não receberam prendinhas da escola ou assim (receberam um caderno de desenho da nossa parte) e estavam, todas airosas, a descansar na sala - gazetando, mais uma vez, a ida à piscina -, depois de dois dias de fichas de avaliação e muitas horas de estudo e trabalho. E o melhor de tudo é, à medida que vamos conversando e que vamos passando o dia, haver ainda mais pequeninas coisas que nos deixam de sorriso bom. Afetos, carinho, amizade, cumplicidade, amor, sim. Também mas não só.
Uma piolha decidiu escrever um bilhetinho de carinho ao avô. E até pediu ajuda à tarefeira para fazer um envelope e poder guardá-lo em segurança, sem se amassar. Quando nos contou que iria aguardar até setembro para oferecer o bilhete ao avô (altura em que regressa a Portugal), perguntei o que ela achava de lhe enviar amanhã, por correio. Fez-lhe um pouco de confusão ter que escrever uma morada em língua estrangeira - que não o inglês - mas já temos correio para despachar amanhã e, certamente, um sorriso muito feliz na cara do avô quando o receber.
O dia acabou um pouco mais tarde do que eu previra, depois de nos termos enroscado no sofá a ver "A Bela e o Monstro" (e eu a estranhar pois sou do tempo do lançamento em VHS, em versão brasileira; posteriormente, já com piolhas bebés, a versão originbal em inglês, pelo que, a versão portuguesa é, para mim, uma novidade. E, para que conste, não há nada de errado com a minha noção temporal, os anos 90 foram mesmo há 10 anos, ok? Sim, porque eu lembro-me que foi no ano em que abriu o CoimbraShopping e o Continente, local onde comprei a cassete. Portanto, dizia eu, há pouco mais de 10 anos.).
A felicidade está mesmo nas coisas simples, no bem que podemos fazer uns aos outros, no que sentimos quando estamos felizes. E, ainda que em dias negros, amaldiçoemos o termos que nos contentar com as "pequenas coisas", a verdade é que, ninguém as valoriza como nós - nós e alguém como nós.
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