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Pressões - peer pressure para adultos

por t2para4, em 17.11.22

O autismo não se cura com medicação. Nem se trata com medicação. Não há medicação específica para a causa do autismo pois nem se conhece bem a sua causa - mas sim, para alguns sintomas, como hiperatividade, agitação motora, parassónias, desregulação intestinal, etc.
A PHDA não se cura com medicação. Há terapêutica medicamentosa mas é temporária e, metaforicamente falando, é como sair de um nevoeiro para um dia nublado. Atua, é relativamente eficaz mas não cura.
A epilepsia não se cura com medicação. Ou cirurgia. Ou outra técnica clínica cerebral qualquer invasiva. Mas também tem terapêutica medicamentosa para regular, controlar e até estabilizar crises.
A cegueira não se cura com medicação. Nem a surdez se cura com medicação. Nem a esclerose múltipla se cura com medicação. Nem o síndroma de Down se cura com medicação. Ou o síndroma de Rett se cura com medicação.
Há uma enorme pressão sobre os pais de crianças com estas perturbações/síndromes para que resolvam as questões comportamentais, neurológicas, cognitivas, sociais dos seus filhos, como se, estes pais tivessem a capacidade milagrosa de criar um comprimido ou xarope mágico para curá-los e transformá-los em crianças típicas, "normais", daquelas que seguem todas as caixinhas nas checklists de desenvolvimento e que não perturbam o normal funcionamento de uma aula, sem crises, sem medicação SOS e sem ter de se chamar o INEM dia sim dia não.
A escola (não falo da minha ou da vossa, mas da instituição), por vezes, tende a esquecer-se do seu papel e estende-se a uma vertente clínica e farmacêutica que não lhe compete. Eu já perdi a conta às vezes em que me pediram/insinuaram/perguntaram por medicação para as piolhas. Acredito sim em medicação que traga qualidade de vida e nos ajude (eu tomo paroxetina há quase 2 anos e as piolhas já tomaram risperidona na infância) mas a medicação não faz milagres nem cura a maioria dos problemas que a escola quer resolver. Aliás, salvo algumas doenças ou indicações médicas (m-é-d-i-c-a-s) a questão da medicação é temporária.
Acho que cada macaco no seu galho: nem a escola se imiscui nas questões clínicas nem o hospital se imiscui nas questões pedagógicas. Ambos devem, no entanto, complementar-se e trabalhar com o objetivo comum de cuidar da criança/jovem e proporcionar-lhe os seus direitos. É o tal trabalho de equipa em que se valorizam e aproveitam as valências de cada membro diferente entre si para se chegar a um resultado único, comum e final.
A escola devia ser a primeira a acreditar que se os pais pudessem dariam anos de vida ou trocariam de lugar com os filhos. A questão da medicação é somente um grão de areia na imensidão de questões que precisam de ser avaliadas, tratadas, resolvidas, cumpridas.

 

 

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publicado às 12:07

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1 comentário

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De Célia a 21.12.2022 às 08:58

Bom dia,
Descobri hoje o seu blog, e estou a tentar ler de uma ponta á outra, o meu filho, de 13 anos, foi diagnosticado em Maio com autismo de alto funcionamento, e á menos de 1 mês com PHDA, não tem sido uma jornada fácil, e concordo completamente consigo, a pressão da escola é real e muito grande na questão de tomar medicamentos, querem á todo custo esquivarem-se á questão de existirem crianças neuroatípicas, achando que a medicação as tornará "normais".
Meu filho começou a tomar Dimesilato de lisdexanfetamina, não para ser "normal" mas sim para o ajudar no seu dia á dia na procura dos tais conhecimentos curriculares.
Tenho me deparado com uma realidade que não conhecia, a ineficácia da escola, no seu todo, em dar apoio, compreensão e medidas de inclusão a crianças com deficiência não visível, é mesmo desesperador ver a dificuldade do meio em entender que estas crianças não conseguem mesmo determinados padrões considerados normais, muitas vezes são julgados como mal criados, desinteressados, quando na verdade, estão á dar o seu melhor para conseguirem integrar-se num mundo fora do seu "padrão".

Estou a gostar muito de ler o seu blog, sem você saber, está a ser uma grande ajuda para mim.

Bom natal e bom ano novo.

Célia

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