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Sobre as ações de sensibilização

por t2para4, em 21.03.15

Muita gente me pergunta por que razão continuo a insistir em sensibilizações, ações de consciencialização ou pequenos workshops, por que tenho eu tanto trabalho com isto de forma gratuita, por que me empenho tanto em fazer passar uma mensagem quando, afinal, as minhas filhas “parece que não têm nada”.

Não vou discutir o “parece que não têm nada” (aliás, o que quer isto dizer? O Autismo vê-se?). Mas vou explicar o porquê de não desistir da sensibilização.

 

 

Citando Alberto Caeiro, de que gosto muito, “Tudo é diferente de nós, e por isso é que tudo existe.”

Até há muito poucos anos não se falava em Autismo quanto mais em Perturbação do Espectro do Autismo. Nem se sabia bem o que isso era, associava-se a condição a uma grave doença mental e culpabilizava-se a mãe. Por incrível que pareça, nos dias de hoje, apesar de estarmos no boom da tecnologia, ainda persistem resquícios desta mentalidadezinha. E é isto mesmo que eu pretendo combater!

 

Primeiro de tudo, o Autismo não é uma doença. É uma perturbação neurológica que afeta 3 grandes áreas de desenvolvimento: comunicação/linguagem, interação, comportamento. Não é contagioso, não se “apanha” nem se “ganha” autismo, não tem cura (até ao momento), não é confirmado com um simples exame de sangue nem sequer (ainda) através de testes genéticos, não é culpa de ninguém, não resulta de nenhum tipo de negligência, não impede que um indivíduo com este diagnóstico possa ter uma vida o mais natural possível com os devidos acompanhamentos. Às vezes, parece que é o fim do mundo, mas, na verdade, se olharmos com olhos clínicos e estatísticos para o desenvolvimento global das evoluções ao longo do tempo e do trabalho todo que tivemos, não é. É uma forma de o encararmos alternativamente. Por que razão achamos que é melhor ver o todo em vez da parte? Eu acho muito mais interessante o olho clínico que as minhas filhas têm para o detalhe, a atenção pormenorizada que deitam ao que as rodeia, a capacidade de memória quase eidética que têm (e, confesso, daí serem o meu calendário pessoal/particular), o facto de tentarem estabelecer estruturas no caos que nos rodeia. Será isso assim tão mau? Tão antinatural? Tão anormal?

 

Somos todos diferentes e é na diferença que está a beleza da diversidade. E a diferença do belo é um desvio! Sabiam que os olhos azuis são um desvio genético? E, no entanto, imensa gente tem uma predileção especial por olhos azuis! Importa saber ver para além disso e ter em mente um único objetivo: inclusão. Não é uma palavra nova, não é sequer uma palavra de “sete e quinhentos”. É aquilo a que todos temos direito: acesso à saúde, acesso à educação, oportunidades de trabalho, comprar uma casa, pedir um empréstimo.

 

Pretendo tornar o mundo das minhas filhas um pouco menos caótico e, ao mesmo tempo, poder mostrar aos que nos querem ouvir, que, há mais para além do Autismo (ou de qualquer outro diagnóstico) e mostrar que todos podemos aprender as mesmas coisas de forma alternativa e chegar a um mesmo fim. Daí acreditar que, enquanto houver quem queira assistir a pequenos workshops, ouvir histórias especiais com recursos diferentes e alternativos, aprender mais, eu acabo por ter um papel a desempenhar. E isso basta-me.

 

Posto isto, deixo dois assuntos para pensar:

1 - atentem nas séries de TV mais vistas e analisem bem as personagens: há quase sempre uma que é geek/freak/autista/esquizofrénica/literal/brilhantemente inteligente/antissocial mas que está bem integrada, tem um emprego, sente-se útil mesmo numa sociedade que não compreende na totalidade, que acaba por estar incluída

 

2 - e por que não participar no nosso workshop já no dia 11 de abril, sábado? Toda a informação em http://t2para4.blogs.sapo.pt/workshop-o-autismo-nao-e-um-bicho-279964  Apareçam!

 

 

 

 

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publicado às 16:06

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