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São iniciativas que já contam com muitos anos e foram mudando de nome ao longo do tempo mas que eram, nos anos 80 e 90, "Ocupação de Tempos Livres" e agora são "Estágios". Destinados a jovens, geralmente dos 14 aos 18 anos, estes programas eram uma excelente mais-valia nas férias grandes para aprendizagem de algo novo, promoção da autonomia e uma maneira de tirar muitos de nós de casa para fazer algo útil.
Este ano, porque a idade permitiu, as piolhas participaram neste tipo de programas, durante as férias de verão, por duas semanas. Este programa, em particular, pretendeu possibilitar aos inscritos a oportunidade de ocuparem o seu tempo livre em ambiente de trabalho real, onde foram valorizados aspetos com a assiduidade, empenho, dedicação e responsabilidade, permitindo a aquisição de competências que venham a ser úteis para a sua vida adulta.
Se o primeiro dia foi passado a limpar livros e não foi a atividade favorita delas, os restantes foram bem melhores e trouxeram as aprendizagens que pensávamos serem alcançadas. E mostraram a possibilidade de que é possível "trabalhar" em contexto real e o que esperar de quem orienta e de quem executa. Cresceram elas e crescemos nós.
As férias são excelentes para muitas atividades e esta é, sem dúvida, uma a repetir. Há tempo para tudo. Setembro pode ter tudo a ver com (re)começos mas agosto foi um mês de crescimento e de aquisição de novas competências. Um começo diferente numa época do ano diferente - ou não fôssemos nós dados à diferença.
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Cada vez apostamos mais na autonomia das piolhas e no ensinar-lhes coisas que possam ser úteis mais tarde e também motivos de autonomia.
Apesar de o banho estar totalmente autónomo, quem me conhece sabe que sou muito ciente do cabelo das piolhas (ver aqui ), em especial por causa de todos os episódios desagradáveis relacionados com o mesmo, por isso, a ideia de as deixar com um secador nas mãos assustava-me um pouco, confesso. Elas têm um cabelo tão bonito que não queria que se estragasse... Mas secar ao natural no inverno está fora de questão. Logo, mais cedo ou mais tarde, esta questão do uso do secador teria que surgir.
Até que, em conversa com a prima - também mãe de gémeas - ela me sugere fazer o mesmo que faz: uma piolha seca à outra, de cabelo apanhado para não se enrolar no secador, e depois trocam. Tão magnificamente simples.
E, assim foi, depois de lhes lavar o cabelo (essa parte ficará para o verão), lá as ensinei a usar o secador, protegi bem o cabelo com spray térmico e dei a indicação de que tinha de ficar bem sequinho. Ensinei também um truque mais eficaz para pentearem o cabelo (que, basicamente, é fazer o mesmo que faz qualquer princesa da Disney: puxá-lo todo para um lado e pentear, depois trocar). Correu muitíssimo bem. E ambas se entreajudam sem dificuldades e acham imensa piada. Só não acham piada nenhuma ao facto de demorar... A mim aliviam-me de mais uma tarefa que me ocupava imenso tempo. A elas, a tarefa aparentemente simples mostra que são capazes de fazer cada vez mais coisas e sozinhas.
Hoje, foi a vez de ensinar a secar o cabelo com a toalha, antes do uso do secador. Não correu mal mas ainda temos de treinar essa parte mais vezes.
E, pouco a pouco, lá chegaremos.
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Aprender a usar o micro-ondas (sem ser apenas para lhe mudar ou acertar as horas). Quem? As piolhas, claro!
As piolhas sempre foram crianças que não gostavam muito de leite, fosse ele materno ou artificial. A muito custo, enquano bebés da mesma idade bebiam 300 ml, elas bebiam 90 ml e já era uma vitória. Leite de vaca, aos 12 meses foi para esquecer. Lá descobrimos que gostavam de cereais láteos e lá nos desenrascamos com isso. Até que arriscámos, lá para os 3 ou 4 anos, depois dos vómitos com o de soja, o leite com chocolate e, apesar de serem seletivas com alguns sabores, lá conseguimos dar-lhes leite. Não havia a diversidade de leites vegetais que há agora e cedemos ao leite com chocolate.
As piolhas, pouco a pouco, lá foram, por ser extremamente prático, adquirindo autonomia e pouco tempo depois, já tomavam o pequeno-almoço sozinhas (são como eu, forçam-se a beber um leite só para não ficarem sem comer nada até terem vontade de comer). Chegam a beber 4 pacotes de leite por dia, o que dá 800 ml.
Mas, se a autonomia delas me deixa orgulhosa, a quantidade de açúcar (e não foi preciso vir um deputado mostar isso; cá em casa, há leite com chocolate mas não há refrigerantes nem sumos às refeições - há água) é assustadora. Como são incapazes de beber leite branco simples, experimentámos colocar um colherzinha de chocolate em pó (Nesquick ou ColaCao) e arriscar. Correu bem e aceitaram muito bem, impressiona-as usarem uma caneca (e a tia até lhes ofereceu umas do My Little Pony muito giras).
Queremos diminuir a quantidade de açúcar consumido indiretamente com o leite com chocolate e, por isso, implementámos o uso do leite com chocolate em pacote apenas em lanches fora de casa. Em casa, bebe-se leite branco com um colher de chocolate apenas, numa caneca. Para isso, e para continuar a fomentar a sua autonomia, hoje foi tempo de ensinar as piolhas a trabalhar com o micro-ondas. As canecas estão em fácil acesso e as colheres para mexer também. Foi importante frisar que as colheres - o metal - não pode ir ao micro-ondas por risco de explosão (algo que já sabiam de Estudo do Meio). Assim, vão ao frigorífico buscar o pacote do leite (há lá sempre um aberto), deitam nas canecas, colocam dentro do micro-ondas e programam um minuto no programa standard e aguardam. Depois, no final, retiram, colocam uma colher de chocolate em pó (que já está dentro da lata para ser mesmo aquela medida) e mexem com as colheres de metal. Voilà! Simples.
E elas todas orgulhosas de si mesmas.
E eu delas.
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