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Imaginemos um carro, bom de pintura e carroçaria, bem-estimado. Revisões e manutenções feitas a tempo e horas, inspeção bem cuidada. Mas… que anda sempre na red line. Não necessariamente à pressa ou em altas velocidades mas ali a esforçar caixa e motor. Decidiu-se começar a conduzir de outra forma pois o carro é nervoso, mesmo em mudanças baixas, parece que quer estar sempre a puxar e a picar, não gosta de estar parado, nota-se uma vibração algures. Descobriu-se que há ali qualquer coisa na centralina que uma reparação cuidada resolverá sem problemas – embora vá deixar marcas que não afetam o bom funcionamento ou segurança do carro.
No outro dia, a bomba de combustível parecia não estar a debitar o necessário para o motor e o carro mostrava dificuldades de desempenho, não puxava, podia dizer-se que estava cansado. Como não dava sinais de recuperar e com medo de ser algo grave, chamou-se o reboque. Na oficina, o mecânico achou que era do nervoso, não iria fazer nada, não ia dar aditivos, o carro era novo demais para ter estes problemas, que deveria verificar a bomba injetora e seguir viagem.
Em “consulta da especialidade”, mais tarde, verificou-se que, este carro hiperativo, é nervoso por natureza - o seu motor já foi programado de origem dessa forma e não há como desprogramar, nem ligando à centralina -, que precisa de fazer outro tipo de condução e deixar a red line sossegada, que vai, no entanto, fazer uma revisão de diagnóstico ao motor para descartar eventuais problemas, mas, de resto, está tudo bem. É um carro que, devido às suas características e condução, está à beira da exaustão e não deveria. Por isso, as recomendações vão mesmo nesse sentido: na impossibilidade de mudar as características de motor e centralina, é necessário alguns cuidados de manutenção e condução. Fazer quilómetros, de forma suave. Apenas isso. O carro continua bonito, a pintura continua boa, a carroçaria está impecável, não há sinais exteriores de que está cansado ou anda sempre a bater na red line. É um carro do caraças, é essa a realidade.
E toda esta metáfora relata a minha vida nos últimos tempos. Esse carro, sempre a bater na red line, sou mesmo eu. E agora preciso de descanso e não de críticas ou julgamentos. Continuo a gostar de pôr lápis, rímel e baton e de sair para apanhar sol e fazer quilómetros. Continuo eu. Apenas com respostas e orientações para sair do burnout. E fazer a tal condução suave.
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