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Estou a cotar testes, de costas para as piolhas, com grelhas em excel abertas e concentração ali naquelas percentagens. Uma delas, sorrateiramente, aproxima-se de mim e dispara:
"O que é eróticos?"
Ainda vou ter um AVC...
A minha resposta foi, em modo desvaloriza-que-passa, que isso não interessava nada e que tinha a ver com coisas sexuais, desejo sexual e coisas dessas que só os adultos faziam... Uma das piolhas foi ao dicionário (página seiscentos e tal, da Porto Editora, de 2009) e decidiu ler a definição em voz alta e as palavras relacionadas com sexo a sair da boca dela até me fizeram úlceras... deusmalibre...
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Sábado à noite, marido a dormitar no sofá, piolhas na cama, uma comédia na TV. Faço umas pipocas no micro-ondas, rapidinho, e volto para o quentinho da sala e conforto do sofá.
- Mããããeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!
Até fiquei sem ar pois há anos que não me chamavam assim. Fui a correr até ao quarto.
- Que se passa?
- POR QUE É QUE CHEIRA AQUI A PIPOCAS?!
E, assim, todo o prédio ficou a saber que, pelas 22h20, eu fiz pipocas e que o cheiro foi até ao quarto delas e o meu nariz estava avariadinho de todo e não me cheirava a nada (embora me soubesse bem).
- Amanhã queremos pipocas, pode ser? É que cheira aqui mesmo a pipocas! Cheira sim!
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O café é decididamente o meu melhor amigo. Não só me salva das horríveis manhãs e maus humores com que acordo como também me salvou a cor do meu cabelo. Confuso? Pois, quando eu digo que #pareceumacasademalucos (com hashtag e tudo) é melhor acreditar porque parece mesmo.
Ora, durante a pausa letiva, aqui a pessoa que vos escreve desempenhou a função de ajudante de mecânico durante uma tarde solarenga (um dia, com calma, escreverei sobre essa aventura). Levou com imenso sol na mioleirinha e, no dia seguinte, ao olhar-se ao espelho, repara que as suas habituais madeixas naturais que já começavam a clarear estavam, de momento, quase... vermelhas. Como se tivesse efetivamente feito madeixas. Fiquei apavorada. E desgostosa... O cabelo estava mesmo feio e eu não queria nada ter de o pintar. Pedi ajuda e alguém me informou que poderia ser algum ingrediente nos produtos que uso na minha higiene capilar (ó que bonito agora a sério, são champôs e condicionadores sem sal e máscaras para hidratação/nutrição/reconstrução de acordo com um cronograma para cabelos saudáveis, já que há uns anos que não uso qualquer química). E chamaram-me especificamente a atenção para camomila e macadame (ou macadâmia). De facto, a camomila era ingrediente em quase todas as máscaras... Nunca tal me tinha passado pela mente já que pela cabeça passou e me estava a pôr ruiva!!!
Na falta de outras opiniões, recorri ao dr. Google, esse sábio mestre à distância de uma boa ligação à net, e pesquisei "como escurecer o cabelo de forma natural". E, voilà!, as receitas mais fidedignas envolviam café ou chocolate em pó. Dado que não tinha cá chocolate em pó, pumbas, atirei-me ao café e fiz uma máscara de café frio (dos solúveis, bem escuro e bem diluído), máscara capilar da fase em questão e mel. Mexi tudinho, apliquei no cabelo como se o estivesse a pintar e deixei atuar 30 mniutos. As piolhas acharam que estava a pintar o cabelo e diziam para eu não o fazer porque gostavam de mim assim. Lá expliquei que não era para pintar, só para fazer desaparecer os vermelhos. "Mas cheira a café!" e expliquei que levava café.... "Oh mãe, estás sempre a inventar..."
Logo na 1ª aplicação (que repeti passados 2 dias), fiquei logo com a minha rica cor de volta e sem vermelhos! Bam!!!! Agora, de cada vez que lavo o cabelo, cheira a café mas, pelo menos, vermelho não está!
Para quem me lê, lamento desiludir mas, se esta máscara tira as madeixas naturais criadas pelo sol e/ou camomila, não disfarça os cabelos brancos nem um pouco. Os meus cá estão, bem à vista e orgulhosamente brancos.
PS - sempre que, no médico, me questionavam da reação das piolhas a mudanças em casa, eu respondia que elas reagiam bem - as mudanças só lhes causavam problemas quando fora da casa delas, por estranho que pareça. Depois, em conjunto, chegámos à conclusão que, para elas, no ambiente familiar, o estranho era não haver mudanças, pois, desde muito bebés que nós mudávamos as cores das paredes, disposição da mobília, roupas de cama e wc, cortes de cabelo, estilo de roupas, louças, etc etc etc. Isto era o "normal" delas... Daí não estranharem as minhas "invenções". Enquanto que a casa dos meus pais parece estar sempre na mesma, a nossa, ao longo destes 14 anos já mudou de aspeto interior dezenas de vezes. O quarto delas, então, foi das divisões que mais alterações sofreu desde sempre. Habituaram-se a isso e, aqui para nós, mesmo sem o sabermos, ainda bem que assim foi.
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A 10 de dezembro celebrou-se o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uns meses antes, a nossa terapeuta ocupacional enviou-nos um link com a informação de que a ONU estava a promover um concurso de desenho para crianças sobre os direitos humanos. Talvez as piolhas quisessem participar. Achei uma excelente ideia. Uma das piolhas não quis participar mas a outra demonstrou um enorme interesse até porque, a pedido da mesma terapeuta, já tinha feito um desenho alusivo ao que, para ela, é a inclusão em contexto escolar. Avisei-a de que, a par com ela, participariam milhares de crianças e que as suas hipóteses de ganhar alguma coisa ou de o desenho ser selecionado seriam mínimas mas que, ainda assim, a participação neste concurso seria uma experiência diferente. Depois de retocar o desenho, legendou com o artigo 1.º: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”.
O desenho não está completo e está longe de representar tudo o que desejaríamos mas dá para perceber que ela tentou abordar a questão da neurodiversidade, da deficiência bem como até da cor de pele. Para ela – e para mim – o facto de haver meninos e meninas neste grupo que se dirige para a biblioteca escolar, mostra bem o ambiente escolar que deveríamos todos ter bem como o que deveria ser inclusão. Nada forçado, nada regulamentado por toneladas de papel, nada de cruzes em grelhas de avaliação, nada de adultos a impor ou a influenciar o que quer que seja… apenas, um grupo de meninos e meninas, numa escola, a caminho da biblioteca escolar, sem que as suas diferenças importem ou tenham peso na relação que têm entre si.
O desenho da piolha não foi selecionado, talvez por erro meu na altura da participação, talvez por não preencher os requisitos pedidos pela organização. Mas, para nós, já ganhou noutros campos.
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Adoro quando regressam os dias de sol e de calor e irrompem de todo o lado mil anúncios a ginásios, dietas, cremes anti-celulite, suplementos e até exercícios localizados. Só que não.
Qual é que é o ponto de pressionar as mulheres - e os homens, já começo a ver que também surgem ataques disfarçados à figura física masculina - para se ter um suposto corpo perfeito? Mas, por acaso, a perfeição é gradualmente tornarmo-nos todas iguais umas às outras, entupidas de botox, sem expressões faciais, sem características pessoais únicas?
Não, obrigada.
A sério.
Demorei anos a aceitar-me. Passei todos os meus anos de escola - todos - insegura de mim mesma: ou era o cabelo (que não era liso) ou eram as unhas (que não existiam por roê-las) ou eram as pernas (que ameaçavam celulite) ou era o aspeto (alta demais, achava-me feia) ou era o queixo (comprido demais). Por favor! Se eu pudesse voltar atrás dava a mim mesma uma carga de porrada e mostrar-me-ia que posso ser firme, segura de mim mesma e confiante sem ligar às opiniões de terceiros e sem ter que me comparar com ninguém.
É exatamente isto que digo às piolhas sempre que surge uma oportunidade. Nunca as ouvi queixar-se do que quer que seja do seu corpo (ainda é cedo para estas crises) e quando falam de borbulhas no nariz, elas próprias, com naturalidade, dizem que é a puberdade.
Eu não sou perfeita Mas sou perfeitamente capaz de aceitar os meus defeitos inestéticos. Uma gravidez múltipla trouxe-me estrias na cintura e falta de definição na barriga, esticou a minha pele a um estado tal que consigo ver onde engelha por causa dessa elasticidade; uma amamentação mal sucedida e uma subida do leite inesperada trouxeram estrias às minhas mamas e fê-las descaírem; essa mesma gravidez e um aborto espontâneo há uns anos agravaram a celulite nas minhas pernas e despertaram uma rosácea terrível na minha cara que só ameniza com pomada antibiótica.
Não estou tonificada nem morenaça nem musculada. Não tenho o cabelo esticadinho, perfeito e sempre no lugar. Não uso maquilhagem todos os dias. Já não consigo usar saltos agulha.
MAS...
Estou com um corpo incrível para quem passou por 2 cirurgias à barriga e passou por 2 gravidezes, sobreviveu a uma lesão grave intermuscular e lesões cerebrais que requereram medicação tão forte que me fez cair o cabelo, dar cabo da pele e enfraquecer as unhas.
Não tenho paciência, nem dinheiro, nem vontade de encher o cabelo de químicos. Nem sequer tenho vontade de me pentear e só o faço quando lavo o cabelo. Sigo um cronograma capilar de forma séria, arrisquei um corte de cabelo novo e ganhei caracóis e ondas que defino com creme de pentear ou espuma. E penteio-me com os dedos.
De vez em quando, quando as costas e as folgas me permitem, faço algum exercício físico. Mas, há de contar como reforço subir 3 lanços de escadas com kg de sacos de compras, materiais da escola, filhos, etc. Porque, de uma coisa estou certa, tudo isto me sai do coiro.
Tenho celulite e, este ano, depois de muitos muitos muitos anos a recusar sequer ter algo do género no meu roupeiro, usei vestidos e saias no inverno (com collants e não leggings) e estou a usar e a abusar dos calções, vestidos e saias no verão (de perna ao léu, mesmo).
Tenho uma barriga magra e lisa que não é tonificadinha mas uso bikini e bikini usarei até me fartar.
Desisti de fazer a depilação só para, supostamente, agradar ao marido (quando ele, na realidade me confessou que não liga nada a isso) e faço por mim: porque detesto pêlos, porque é mais higiénico, porque vou usar uma saia ou um bikini e porque eu controlo esse processo (faço com máquina em casa e tenho pouquíssimos motivos de sofrimento).
Desisti de disfarçar os brancos. Ainda pintei o cabelo várias vezes com coloração permanente e com a que sai com lavagens. E, um dia, um mês depois de o ter pintado, apanhei piolhos (quando supostamente não entrariam em cabelo pintado). Apanhei uma neura tal que desisti. Estou com imensos fios brancos e quase quase na minha cor natural. E sinto-me muito bem.
Deixei de usar cremes de dia, de tarde e de noite. Além daquelas bodegas me atiçarem a rosácea, esquecia-me de usar como deveria e em dias de calor absurdo como agora, eu ficava um nojo maior. atirei tudo fora e utilizo água termal, a tal pomada quando necessário, leite de limpeza da marca Cien todas as noites. E chega que não tenho paciência para mais. Nem dinheiro.
O que quero daqui retirar é que, desde que aprendi a aceitar-me assim como sou e a ter a noção de que o esforço a que submeti o meu corpo e a idade que começa a fazer-se pesar, sinto um alívio imenso e me sinto realmente melhor. Não sou nenhuma hippie! Adoro usar maquilhagem e não saio de casa sem lápis/rímel e baton. Adoro salto alto (passei a optar por uns mais baixinhos ou por salto cunha) mas há looks incríveis com botins, sandálias e sapatilhas. Comecei a usar roupas com as quais me sinto verdadeiramente confortável e bem. Arranjo as unhas, quase religiosamente, há coisa de dois anos com a melhor pessoa que podia imaginar, que sabe o que faz e não arrisca estragar o pouco que há e que faz autênticos milagres.
Não quero que as minhas filhas passem pelo horror que eu passei e tenham vergonha de sorrir para uma foto porque acham que são feias. Tudo coisas parvas da nossa cabeça e sem razão para existirem. Elas são lindíssimas (eu sei que sou altamente suspeita e imparcial mas é verdade) e não precisam nem têm necessidade de pensar ou de se rebaixarem ao ponto de não se aceitarem como são. Já basta o que basta.
Tudo com conta, peso e medida. Ignorar e evitar ataques, serem saudáveis e terem cuidados básicos com a saúde (e, por acréscimo, com o corpo) e serão sempre belas. Porque envelhecer não tem que se tornar no horror e na fogueira de vaidades plastificadas e sem heterogeneidade que se apregoa por aí. Pode ser natural.
Para já, espero que, como adolescentes, as piolhas não sintam nem sofram a pressão de serem uma ou outra figura. Espero e tentamos que sejam elas próprias, com o gosto delas e que saibam aceitar-se. São lindas, saudáveis e felizes.
Como dizem os meus caríssimos e queridos Dr. Watson e Sherlock Holmes, "it is what it is".
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Costuma dizer-se que há 3 coisas que dizem a verdade: As crianças, os bêbedos e as leggings.
As minhas crianças, do alto da sua ausência de filtros sociais, são qualquer coisa de transcendente. E de hilariante. Sobretudo porque, além da fala, esta situação envolve... mamas - as minhas mamas.
Long story short, apareceu do nada e de repente, um quisto no quadrante esquerdo inferior da minha mama esquerda que inflamou forte e feio a ponto de ficar vermelho, com febre e dores horríveis. Além da repetição do exame (tinha feito uma eco mamária no dia 13 deste mês), envolveu vários pagamentos de taxas moderadoras e brufen fixo por uma semana de 8h em 8h, isto se correr bem e não necessitar de antibiótico.
Ontem, já com ideia de fazer consulta de reavaliação amanhã, estava a preparar-me para tomar duche enquanto as piolhas estavam a acabar de se vestir. Verifico se o caroço se nota e aviso as piolhas que no dia seguinte teriam de ir comigo à consulta e que era para se portarem bem. Entretanto, vão perguntando se me doi muito, que já não está vermelho, que pontinhos eram aqueles perto do mamilo, porque é que as minhas mamas eram diferentes. E eu respondo que era adulta e daí serem diferentes e que o mamilo/auréola é por norma acastanhado e é tudo normal.
"Não mãe, diferentes assim, parece que estão a cair".
Very nice. Quem ia caindo era eu, já que as mamas, aparentemente, já tinham caído. E lá lhes respondo, depois de um loooooooooooooooongo suspiro, "fui mãe".
Ora, o processamento auditivo das piolhas, às vezes, também deixa a desejar.
"Fumaste??? E as mamas ficam assim?"
"Não, filha, eu fuuuuuiiiiiiiiii mããããããããeeeeee; não fumei; vocês nasceram e eu fui mãe."
"Ah, pensei que era fumar, eu nunca nunca vou fumar" (menos mal, venham as mamas descaídas... Já valeu a pena)
"Fui mãe, vocês não facilitaram com a amamentação, as minhas mamas nunca foram grandes e não há nada que um soutien não resolva. End of story"
E foi mesmo.
E eu fiquei semi deprimida a pensar que vou continuar a apostar em bons soutiens (daí a palavra que, no francês, quer dizer "apoio, suporte"). Bem preciso de "soutien" - qualquer que seja a tradução agora.
Também precisava de um gin ou de uma somersby ou assim mas com ibuprofeno é capaz de ser má ideia, pelo que, fico eu com as minhas feridas mamas semi descaídas e os meus soutiens.
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Foram anos a fugir ao São João e às suas celebrações. Ou passávamos as festas entre portas, com tudo fechado para não se ouvir nadinha (abençoados vidros duplos) ou íamos para longe (no ano passado, estávamos por esta altura em Espanha... ai saudade). O que nos levou a este comportamento foi tão doloroso que, mesmo sem o dizermos em voz alta, acabámos por desistir... Podem ler tudo aqui. Foi em 2012. No ano seguinte, ficámos em casa mas a avó e a tia lá fizeram um milagre acontecer e conseguiram pôr as piolhas a andar de carrossel (de tarde, claro, com a feira vazia...)
Este ano, depois de muitas discussões e avisos sérios da minha parte em relação ao comportamento de férias, informei que, tal como habitualmente e independentemente do meu cansaço, onde eu e o pai fossemos, as piolhas iriam também e ponto final na discussão. Assim sendo, "meninas, amanhã vamos ao São João. À noite. E não quero ouvir mais nada."
Fomos à praia de manhã, almoçámos fora, voltámos à praia para brincar na areia até estar demasiado vento para lá estarmos. Viemos para "casa" ver se o recinto da feira estaria aberto e ir aos carrinhos de choque. Não estava, logo, decidiu-se, entre os quatro, que o faríamos no final de jantar, quando ainda não houvesse muita gente por lá.
Jantámos e, por volta das 20h45, estávamos a sair de casa, a pé, super confortáveis e eu de mochila pronta para todas as ocasiões e imprevistos. As piolhas confessaram-se ansiosas mas dissemos que era como se fosse um dia normal mas mais longo porque estávamos na noite mais curta do ano e haveria luz até mais tarde, que não haveria horários e poderiam deitar-se muito tarde e levantar-se muito tarde (spoiler: levantaram-se às 7h30).
No caminho até ao recinto da feira, o que mais surpreendeu as piolhas foi terem encontrado imensos colegas de escola. O choque foi tal que, a certa altura, uma delas, dizia que queria sair à noite com os amigos e perguntou-nos se podíamos ir ao bairro das tasquinhas (onde basicamente se enfiam em duas ruas estreitinhas toda a nossa localidade e concelhos vizinhos).
A noite foi incrível. Conseguimos empoleirá-las num muro a ver as marchas populares, com vista de camarote; conseguimos andar nos carrinhos de choque e passear pelo recinto da feira sem confusões; encontrámos imensa gente conhecida e até pediram para tirar fotos com um manjerico iluminado gigante de fundo. No final, antes da invasão saudável e da folia do pessoal, fomos às tais ruas estreitinhas ver o ambiente e sentir o cheiro a sardinha assada e bifanas. Ainda vivemos um momento caricato no caminho: uma senhora sozinha ia à nossa frente a caminho do bairro das tasquinhas e o grupo dessa senhora (aí dos seus 70 anos) vinha atrás de nós. De repente, ela avista uma tasquinha, pára e pergunta para o ar: "Queres sardinhas?". Uma das piolhas, que vinha diretamente atrás da senhora, responde "Não obrigada, não somos grande fã de peixe." Não sei se a senhora ouviu mas eu achei o máximo. Depois lá lhe explicámos que a senhora estava a dirigir-se ao grupo dela, atrás de nós; ela não nos conhecia de lado nenhum para estar a perguntar por sardinhas...
O comportamento das piolhas foi de tal forma incrível que vínhamos felizes e extasiados para casa. É certo que chegámos a casa pela meia-noite qual Cinderela (mas toda a gente de sapatilhas nos pés, ninguém perdeu nada), é certo que ainda ouvimos muitos mimimimimi e muitos "que horas são" e muitos "tenho sono, estou sonolenta" mas aguentaram e usufruíram e verificaram que conseguem fazer o que fazem muitos muitos outros conhecidos - os amiguinhos incluídos. E que felizes elas ficavam quando encontravam algum e as cumprimentavam.
Pasito a pasito, um de cada vez, conseguimos. Hoje estão um pouco descompensadas mas já o esperava. Não se pode ter tudo. Mas nada que se compare ao que vivemos há 6 anos. Nada mesmo. Parecem - e nós igual - outras pessoas.
Hoje estou histericamente feliz. Com disse uma amiga "Devagar, devagarinho, se vai ao longe. Eh pá, já vos perdi de vista". E eu não poderia estar mais grata por isso.
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