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2ª feira continua a ser 2ª feira

por t2para4, em 14.03.21

Tudo ansioso por 2ª feira?
Aqui também mas não pelos mesmos motivos.


A abertura faseada das escolas implica que, professores multinível e multiflexíveis como eu, se desdobrem numa coisa híbrida entre ensino à distância e ensino presencial. Ou seja, o dobro do trabalho a juntar ao outro dobro que já era o E@D na totalidade.
E, a juntar a esta loucura educacional e pseudopedagógica, temos ainda os filhos que não andam no secundário mas também não andam no 1º ciclo e estão ali naquele limbo que a lei diz que são demasiado pequenos para ficarem sozinhos em casa mas que os decretos-lei destas medidas de desconfinamento faseado acham que está tudo bem os putos ficarem sozinhos em casa, afinal, já são maiores que 12 anos completos nem que seja na hora anterior. Mas, atentemos que, se algo acontecer, bem, seremos - no mínimo - julgados por negligência. O limbo legislacional deste país em algumas coisas é extraordinário.

Portanto, vamos para a escola e ficamos em casa - tudo ao mesmo tempo - ou estamos na escola no tal regime da coisa híbrida ou arranjamos um atestado para ficarmos com os miúdos ou espetamos com eles nos avós - pois, porque ATL e centros e afins só abrirão de acordo com a fase correspondente.
Portanto, há sim ansiedade pelo regresso à escola que se avizinha ainda mais trabalhoso do que o habitual.


E testes? E vacinas? Ui, todo um mundo novo que se desenrola em frente dos nossos olhos. Anunciar é fácil; já cumprir o que se anuncia, são outros quinhentos... Por isso, um dia de cada vez e com as habituais regras de proteção mais álcool gel aos litros, mais máscaras mais óculos embaciados (já tenho um pano xpto para evitar isso) mais distanciamento inexistente (desculpem lá mas nenhum professor digno desse nome se distancia de uma criança do pré-escolar ou 1º ciclo porque é impossível, ponto).

Mas, acima de tudo, apesar de tudo, um quê de felicidade por voltar. Nada substitui uma interação presencial e eu já sinto saudades dos alunos. Mas custa-me muito esta dualidade, ainda que temporária.


Coragem. E calma.

 

 

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publicado às 15:27

Os 15 desmandamentos do E@D

por t2para4, em 06.03.21

Ou a realidade do ensino à distância via online...

1. Terás micro AVC de cada vez que houver problemas de rede.
2. O som de uma música ou vídeo nunca funcionará em condições durante a aula síncrona para todas as turmas, mesmo que o testes antes.
3. Nunca terás 100% dos trabalhos marcados como "entregues" mesmo que tenham sido entregues.
4. Nunca terás uma única plataforma de trabalho: poderás até saltitar de plataforma em plataforma durante a semana (ou mesmo o durante o dia)
5. Começarás todas as tuas aulas à espera que os alunos vão pedindo para serem admitidos e terminarás as tuas aulas a pedir que saiam para poderes sair da sala.
6. Terás sempre a sensação de estar numa sessão espírita com uma tábua ouija quando começas a perguntar "Estás a ouvir-me?", "Estás aí?", "Usa o 'levanta a mão'"
7. Serás avaliado pela mãe (que podes não ver mas estará por perto), pai, avó e até senhora da limpeza.
8. Conhecerás todos os animais domésticos dos teus alunos. Às vezes, até a própria casa deles por dentro.
9. O que vês a mais com alunos do 1º ciclo nunca verás com alunos do secundário pois todos serão quadrados pretos com iniciais.
10. A noção de "lentidão" tomará todo um novo significado na tua vida de ensino online.
11. Apetecer-te-à, mais que uma vez, ter um ataque à Hulk e partir tudo
12. Respirarás fundo e lembrar-te-às que foste tu que pagaste todo aquele material e que o PC mixuruca que custava 250 paus custa agora 700.
13. Ficarás entupido, atolado, assoberbado em papel que nunca irás imprimir mas te ocupa gigas de espaço.
14. Tratarás os teus filhos como teus alunos quando te pedirem ajuda para fazer um trabalho de aula assíncrona.
15. Faças o que fizeres, nunca - mas nunca mesmo, vá, jamais - terás todo o teu trabalho em dia.

 

Bónus:
16. Trabalharás durante o sono na realização de formulários, preparação de reuniões e até elaboração de atas.
17. A cafeína é tua amiga: apoia-te nela várias vezes por dia; o álcool também é saudável no final do dia (ou antes...)

 

 

 

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publicado às 19:20

Dia #1 - E@D versão 2021

por t2para4, em 09.02.21

É só o primeiro dia.
Mas só agora desliguei o computador.

Hoje houve de tudo: lágrimas de frustração e de raiva; vontade de atirar PC janela fora; vídeochamadas que foram abaixo milhentas vezes; uma piolha no computador da mãe para perceber onde estava o problema; impressão de dezenas de páginas; envelopes gordinhos com materiais para enviar hoje para alguns alunos (da minha atividade paralela); reunião geral de professores com direito a fazer a ata; agendamento de várias salas de reuniões em plataformas diferentes; atualização de classrooms; elaboração de planos de trabalho para partilha obrigatória aos alunos; elaboração da atividade de S. Valentim para miúdos e graúdos com as devidas adaptações; preparação de material para as aulas; palavras de conforto para filhas, alunas lavadas em lágrimas e pais com dificuldade em colocar os dispositivos a trabalhar; preparação do almoço e jantar; máquinas a lavar e secar; análise das nossas dificuldades técnicas; redação de dezenas de emails; um ibuprofeno para as dores.

 

Somos 3 a usar rede de internet sem possibilidade de cabo; somos 3 a exigir aos PC que trabalhem em simultâneo em conferências e partilha de ecrã com documentos; somos 3 a recorrer ao telemóvel para nos socorrermos quando há algum problema; somos 3 em aulas diferentes. Todos os dias. Durante as próximas semanas (meses?).

Tem de haver alguma condescendência, dentro da segurança e aprendizagem dos alunos, claro. Tem de haver a perceção de que os equipamentos falham. E tem de haver noção de que isto não é uma extensão do ensino presencial.

E temos de aprender a ter calma. Mesmo. Ter calma. Senão, no final da semana, estamos todos no Sobral Cid. E eu não acredito que estejam a aceitar internamentos agora.

 

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publicado às 00:40

Das dúvidas que não são dúvidas

por t2para4, em 06.02.21

Creio ser seguro dizer que passei cerca das últimas 48h a responder às perguntas mais disparatadas, estranhas e até absurdas. E a fazê-lo de forma polida, educada e indubitável (mesmo que me sinta o Hulk a explodir de raiva).

 

“Lamento mas não podemos ter aula via Facebook. A escola tem uma plataforma para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".

“Lamento mas não poderá enviar os trabalhos via Messenger. A escola tem uma plataforma para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".

“Lamento mas não podemos criar um grupo no WhatsApp, não só pelas suas limitações na partilha de imagem e documentos em ecrã como também não pretendo disponibilizar o meu número de telemóvel. A escola tem uma plataforma para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".

“Lamento mas os prazos de entrega estipulados são para cumprir. Receberei e corrigirei os trabalhos mas, como constará dos respetivos critérios de avaliação da atividade pedida, o incumprimento do prazo implica penalização na atribuição da nota”.

“Lamento a sua dificuldade de recursos materiais. Deve expor a situação à escola e, enquanto se analisa, o seu filho/educando deverá estar presente, no telemóvel, e enviar os trabalhos pedidos. Não será penalizado pela forma de envio, por isso, pode fazer no caderno e enviar fotografia”

“Lamento mas não há lugar a compensação de aula no caso de falta do seu filho/educando. No regime presencial tal também não acontece. Deve justificar com quem de direito e esclarecer as suas dúvidas da aula comigo, se for o caso”

“Sim, a disciplina continua a ser curricular no ensino à distância e continua a obedecer aos mesmos critérios de avaliação do regime presencial”

“Sim, será esta a plataforma a usar uma vez que a escola disponibilizou para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".

“Se o seu email institucional não funciona deverá contactar a escola para perceber o que se passa. Lamento, mas não posso ajudar”

“Sim, tem de utilizar o email institucional disponibilizado pela escola pois a plataforma não aceita outras extensões”

 

Bem-vindos ao mundo real, onde isto existe mesmo.

Socorro.

Que os anjos vos protejam, coragem, boa sorte, namastê (ou a professora exausta que há em mim saúda o semelhante que há em ti), muita cafeína, um copo à refeição até é permitido, mais cafeína e que nos valha Santo E@D.

 

 

 

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publicado às 20:49

Antecipação E@D versão 2021

por t2para4, em 06.02.21

Creio ser seguro dizer que passei cerca das últimas 48h a responder às perguntas mais disparatadas, estranhas e até absurdas. E a fazê-lo de forma polida, educada e indubitável (mesmo que me sinta o Hulk a explodir de raiva).


“Lamento mas não podemos ter aula via Facebook. A escola tem uma plataforma para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".
“Lamento mas não poderá enviar os trabalhos via Messenger. A escola tem uma plataforma para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".
“Lamento mas não podemos criar um grupo no WhatsApp, não só pelas suas limitações na partilha de imagem e documentos em ecrã como também não pretendo disponibilizar o meu número de telemóvel. A escola tem uma plataforma para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".
“Lamento mas os prazos de entrega estipulados são para cumprir. Receberei e corrigirei os trabalhos mas, como constará dos respetivos critérios de avaliação da atividade pedida, o incumprimento do prazo implica penalização na atribuição da nota”.
“Lamento a sua dificuldade de recursos materiais. Deve expor a situação à escola e, enquanto se analisa, o seu filho/educando deverá estar presente, no telemóvel, e enviar os trabalhos pedidos. Não será penalizado pela forma de envio, por isso, pode fazer no caderno e enviar fotografia”
“Lamento mas não há lugar a compensação de aula no caso de falta do seu filho/educando. No regime presencial tal também não acontece. Deve justificar com quem de direito e esclarecer as suas dúvidas da aula comigo, se for o caso”
“Sim, a disciplina continua a ser curricular no ensino à distância e continua a obedecer aos mesmos critérios de avaliação do regime presencial”
“Sim, será esta a plataforma a usar uma vez que a escola disponibilizou para todos os intervenientes e será essa que eu irei também utilizar".
“Se o seu email institucional não funciona deverá contactar a escola para perceber o que se passa. Lamento, mas não posso ajudar”
“Sim, tem de utilizar o email institucional disponibilizado pela escola pois a plataforma não aceita outras extensões”


Bem-vindos ao mundo real, onde isto existe mesmo.
Socorro.
Que os anjos vos protejam, coragem, boa sorte, namastê (ou a professora exausta que há em mim saúda o semelhante que há em ti), muita cafeína, um copo à refeição até é permitido, mais cafeína e que nos valha Santo E@D.

 

 

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publicado às 20:48

Chega esta semana ao fim o remendo possível, a solução encontrada e longe de ser a ideal mas, de novo, a solução possível, do ensino à distância, 13 semanas depois. Um período completo ao longe mas com os professores por perto, a fazer o necessário para que os alunos não fizessem apenas mas, algures no processo, também aprendessem.
Aqui, além desse esforço do fazer mas também aprender alguma coisa, do verificar se o apoio de educação especial estaria a resultar, foram 13 semanas de absoluta paz, 13 semanas sem um único episódio de bullying e, por mais incrível que pareça, 13 semanas sem um único de cyberbullying (algo que começou logo no verão passado, ainda as aulas não tinham começado, mal saiu a relação de turmas).

Numa das suas muitas fichas de autoavaliação, uma das piolhas queria escrever "gosto mais destas aulas do que na escola". Não deixei que escrevesse. Doeu-me um pouco o coração ao ler aquilo. Tanto que daqui se pode interpretar... E não venham com a tradicional atribuição de culpas à mãe porque vai já com os cães! Quantos de nós, apesar dos horários mais esticados, não descobriram que o teletrabalho pode ser uma pequena maravilha porque não há deslocações, não temos que aturar um mau ambiente, não precisamos de lidar com colegas parvos?
Foi um ano atípico desde o início e que ficou ainda pior quando só faltavam 3 meses para terminarmos. Houve muitas muitas mudanças: de escola, de ciclo, de colegas, de professores, de quantidade de disciplinas, de abordagens aos conteúdos, de pedidos de trabalho e, quando se pensava que não poderia ser pior, ainda veio uma pandemia...

A escola - a nossa escola - sempre colaborou connosco na tentativa de minimizar problemas, de resolver os episódios de bullying, de conversarmos sobre estratégias, etc. Fizemos tanto. Houve momentos de interregno e pensávamos "ok, o pior já passou, vai melhorar". Foi um choque para nós - para elas mesmas - passar das coqueluches da turma, da escola, onde toda a gente as mimava e acarinhava para as apontadas a dedo, sem percebermos muito bem o que raio se passou nesta transição. No entanto, tenhamos em mente que esta é apenas uma de muitas questões sociais do autismo no feminino e que já aqui partilhei algumas vezes.

O ensino à distância não foi o ideal e não é a solução perfeita mas foi o que se pôde arranjar à pressa, apesar das milhentas críticas que já li ao longo destas 13 semanas. O engraçado é que não li nem uma única proposta de solução além da "enfiem-se os miúdos todos dentro da escola de novo". Não vou tecer comentários sobre esta dinâmica online, muito já se falou sobre isso. Não é o ideal, ponto assente; é o que se pode arranjar num instante. Sobre o próximo ano letivo, suposições há muitas, certezas nem por isso, portanto, temos que aguardar, ainda nem sequer saíram os respetivos despachos.

Mas, de novo, para nós, para as piolhas, foi a calma necessária para que pudessem sentir-se elas mesmas novamente. Foi a aprendizagem paralela de gestão de tempo e conteúdos, de autonomia, de literacia digital, de interpretação até da personalidade de alguns professores mediante as respostas dadas às suas perguntas. Foi paz e sossego, no verdadeiro significado da palavra. Foi trabalharem sem batota (porque eu não posso nem é correto fazer os trabalhos por elas, não sou eu a aluna. Supervisionar e ajudar, sim, fazer não). Foi sentir um orgulho imenso quando chegavam à 5ª feira e já tinham os trabalhos da semana todos concluídos. Foi conviver com os colegas à distância sem um único ataque, sem uma única boca foleira, sem um único foco de gozo, sem uma única forma de insulto.

E a questão social?, podem perguntar-me. Tendo em consideração que desde que as piolhas frequentam a escola - desde os 2 anos - que, todos os verões, por mais ou menos 3 meses, o contacto com os colegas é zero (não por falha da parte delas), eu acho que elas sobrevivem bem a este contratempo escolar e a questão social é a última das minhas preocupações neste momento.

O texto já vai longo e eu quero apenas rematar: foi um ano extremamente longo, exaustivo, cansativo, trabalhoso, atípico, difícil. Mas foi um ano de aprendizagens profundas, de viragem na história - social, pessoal, escolar, académica. Porque a nova realidade já foi alterada. Já temos muitas coisas que estão a ser feitas de forma diferente e que assim continuarão. Nada ficou igual ao que era antes.
E, de alguma forma, conseguimos sobreviver a isso. Não foi da forma ideal mas da forma possível.
E, assim mesmo, de repente, chegámos ao 8º ano. Estamos todos de parabéns.

 

 
 
 
 
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publicado às 09:07

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