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Um exemplo real em como não se deve julgar um livro pela capa - nem pelo título. A capa e o livro não deixam antever como ele é bom. É um livro excelente e de uma leitura rica, interessante, com pinceladas históricas da década de 40 do século XX, que não conseguimos pousar de ânimo leve porque apetece continuar a ler. E tem um plot twist incrível.
A história saltita entre os anos 1940s e 2011. Laurel pretende descobrir um segredo (ou segredos...) que a mãe guarda para que possa, agora que já está nos 50s e a mãe à beira da morte, finalmente perceber porque ela, a sua mãe tão boa, tão doce, tão cuidadosa, tão meiga, matou um homem com a faca dos bolos, aquela faca especial. Laurel tinha 14 anos mas nunca esqueceu o que viu embora também nunca tenha culpado a mãe...
Viajamos. Este livro faz-nos viajar dentro da Londres em escombros e da Londres moderna; dentro das casas senhoriais protegidas com fita adesiva nos vidros e sujeitas a requisição civil onde funcionavam os serviços de comunicações do Governo no passado e das ruas cheias de turistas e das universidades com bibliotecas imensas onde não faltam entusiastas no presente; da mãe de Laurel, jovem, e da mãe de Laurel, idosa. É um livro que recomendo muito. Gostei mesmo bastante.
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"Spectrum Women - walking to the beat of autism" é um livro que deveria ser lido por todos: neurodiversos (os tais que são diferentes e cujo cérebro parece conectar-se de forma diferente) e os neurotípicos (os tais que acertam todas as caixinhas nas grelhas de desenvolvimento na faixa etária adequada).
O desconstruir de mitos associados ao sutismo, em especial ao autismo no feminino, é transversal a todos os textos. Mais importante é referir que o livro é escrito por mulheres autistas e comentado com insights de uma médica. Podemos ver, na prmeira pessoa, que é possível alcançar etapas que os neuotípicos também alcançam: escolaridade, independência, trabalho, família, etc. mas com o senão da dificuldade e do esforço acrescido. Também podemos ter acesso ao lado negro do que é ser-se e saber-se diferente sem diagnóstico, sem apoios: dependências de droga e alcool, sexo, violência.
O diagnóstico de autismo no feminino é algo difícil de se conseguir e, muitas vezes, vem tardiamente, comparativamente aos seus pares masculinos. Apesar de apresnetarem as mesmas dificuldades na tríade comunicação-interação-comportamento, as meninas tendem a ser mais observadoras e imitar o que vêem, logo, mascaram muitos dos sinais e aparentam ser e comportar-se de forma a que não aponta diretamente para autismo. Sendo ainda raro o recurso a análises genéticas específicas à microdeleção ou duplicação de determinados genes, a avaliação assenta numa série de entrevistas, preenchimento de grelhas exclusivas para despiste de autismo e avaliação visual.
A mensagem que passa, depois de tantos testemunhos e de aconselhamentos, é a de que "belonging is being accepted for you. Fitting in is being accepted for being like everyone else." (pertencer é ser aceite por quem és. Acomodar-se é ser aceite por ser como todos os outros - tradução livre). Não temos que nos misturar ou alterar quem somos ou adaptarmo-nos ao que os outros nos impõem mas sermos quem somos e como somos. Não há nada de errado nisso e há espaço para todos se todos fizermos a nossa parte: aceitar a diferença e respeitar os direitos de todos.
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Em torno de enredos secretos e confissões ainda mais secretas, a trama é em torno do que achamos que conhecemos da Bíblia ou da vida de Cristo. Toca em achados reais como os pergaminhos do Mar Morto em Quram ou as ossadas que datam do século I, em Jerusalém ou até a procura do local exato do nascimento de Cristo, ali a roçar os episódios de "Expedition Unknown" do Travel Chanel.
É um livro de consumo imediato sem nos trazer nada de novo, na minha opinião. Intrigas, segredos, pouco desenvolvimento em torno do que é historicamente comprovável, muito confuso entre capítulos pois há uma série imensa de ações a decorrer ao mesmo tempo com diversas personagens, em espaços diferentes. Perdemo-nos um pouco a saltitar entre elas e obriga-nos quase a ir atrás, bem lá atrás, rever o que andou aquela personagem a fazer. Este saltitar de ação em ação baralha e é algo cansativo. No entanto, lê-se bem e dá vontade de continuar a ler. Sem spoilers, obviamente que não se espere um closure total sobre os assuntos abordados e não se espere que termina tudo em finais felizes.
É o indicado para ler na praia ou na piscina ou para desanuviar do stress do dia a dia. Não apaixona.
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Isabel Stilwell é das minhas escritoras favoritas. Gosto muito de a ler e é fácil seguir as histórias das personagens históricas que escolhe. "D. Amélia" não foi exceção. Queria saber mais sobre a última rainha de Portugal e como foi a sua vida, que começou e terminou no exílio - com Portugal pelo meio, no seu casamento por amor com D. Carlos. Há mais na sua vida do que o regicídio e a morte dos seus dois filhos.
D. Amélia era muito alta (mais alta do que o marido- aqui identifico-me muito -), culta, preparada para reinar, algo que não pode fazer em pleno pois a mentalidade portuguesa da altura não estava preparada para que ela assumisse esse papel, não depois da sua sogra gastadora e pouco preocupada com as andanças do país onde veio casar.
É uma leitura muito interessante, muito próxima cronologicamente e muito visual. À medida que lia as descrições e objetos que tinha no Palácio da Pena, recordava-me das suas fotografias - a de D. Carlos e filhos, por exemplo - e dos seus aposentos e paço.
Fica a dica de leitura.
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