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Uma outra visão, um outro lado

por t2para4, em 06.11.18

Sabemos que há, em tudo os dois lados de uma moeda, um pau de dois bicos, uma faca de dois gumes, etc etc etc A nossa língua abunda em dicotomias e isso não é novidade para ninguém.
Quem me lê e/ou (re)conhece sabe que a minha relação com o autismo é dura e sabe bem que, para mim, não dá para encarar as coisas naquela área cinzenta. Não consigo. E eu ainda odeio e detesto e chamo nomes feios usando palavrões cabeludos. Talvez um dia lá chegue, mas, para já, os males (diretos e indiretos) que o autismo nos trouxeram não suplantam os bens que eu possa encontrar (e há alguns bens, eu já falei disso, e é possível vermos o outro lado do espelho).


Mas... há uma mãe que tem uma visão diferente e que pode ajudar(-nos) a chegar, um dia, quiçá?, mais longe e a (ante)ver algo que, agora, as nuvens deste nosso lado do céu não deixam. Já fui muito surpreendida, muitas vezes, ao longo destes anos e não quero cair em absolutismos, pelo que, acho que nos faz bem ver outros olhos, outras palavras, outros "autismos", por assim dizer. 
A interpretação final é sempre a mesma: orgulhamo-nos dos nossos filhos. O orgulho é para com os nossos filhos. Apesar dos nossos pontos de vista diferentes. O objetivo é o mesmo, no entanto: uma sociedade mais justa e o cumprimento dos direitos dos nossos filhos, sejam eles neurotípicos ou autistas.

 

"Gostava tanto que mudasse a visão tão negra que sentem disto... Porque é um bocado injusta e não é assim tão mau o autismo... A sociedade é que deficientiza bastante mais... Nao percebe, nem quer... 

Respeito muito a forma como cada um vive as diversas situações de vida... Esta minha forma de sentir e pensar (que não é unica), é tão legítima como outras, embora por vezes me sinta em minoria... Gostava muito e luto muito todos os momentos da minha vida, para que as pessoas da nossa sociedade em geral, consigam ver também um outro lado e aquilo que poderiam fazer para nos facilitar a vida. Pelo menos a quem sente como eu, que o pior são mesmo os outros e não o autismo, era uma grande ajuda poderem também ver um outro lado da moeda, menos assustador e estigmatizante, até porque corresponde a uma parte de verdade.

O autismo não é deus, nem diabo. Nao é fantástico, nem desgraça... É uma realidade como tantas outras da vida e deste mundo, que a qualquer um de nós e a qualquer momento surge e nos pode reduzir ou acrescentar como quiser, ao que quiser.

SIM, os autistas são tão somente pessoas deste mundo.

A estupidez humana é igualmente uma realidade e convivemos com ela mais ou menos sem dramas, às vezes até com uma passividade que me transcende, e por ai anda ela com razoavel aceitação, talvez porque também seja algo que faz parte. Teria muitos pontos predicativos do sujeito, (que tomara muito neurótico ter para elencar), sobre pessoas autistas e claro, outros tantos ao contrário. Mas desculpem-me agora uma certa tendenciosidade, tenho para mim que o mundo até seria por certo melhor, quantos mais autistas houvesse ... Não é um mundo agradável, o que temos. É infelizmente composto de muita barreira, incompreensão, intolerancia, arrogância, egoísmo e desumanidade... Mas a mim não me desvia da certeza que fatalidade ou desgraça maior não é o autismo - (forma de ser, comportamental/social e de ver as coisas, diferente do padrão e claro, sem comorbilidades de saúde associadas). Não é sequer uma desgraça! Para mim, que me assumo como suspeita, apenas por ser mãe, (e cidadã e um ser humano, com alguma noção dos direitos básicos a isso inerentes), mas com direito ao meu pensamento - "o inferno sao os outros" - e os padrões ideais e hipócritas de uma perfeição, que na verdade nem existe, é que são um busílis. Desgraça e fatalidade é a falta de respeito pelo nosso semelhante, seja ele como for, desde que e ainda por cima, quando nem sequer as pessoas em determinadas condições, prejudicam ninguém.

Para mim, o meu filho e tantos outros autistas, são fantásticos sim, como também terão direito a não o ser, porque são humanos. Caguei nas barreiras que as pessoas nos/lhes criam por eles apresentarem, em maior ou menor grau, os pontos menos fáceis que tantas vezes são referidos, como se não houvesse aspectos tão imensamente positivos... Cada UM QUE OLHE PARA SI, SÓ PARA VER SE É ASSIM UM POÇO DE VIRTUDES, SEM FALHAS, SEM LIMITAÇÕES. Que se olhem ao espelho. E só , não cago mais nas ditas barreiras impostas, porque todos os dias tentam que eu odeie o autismo e as particularidades do meu filho. Mas não conseguem desviar-me do meu pensamento porque as dificuldades maiores que me causam não vêm do meu filho que por acaso é Autista. Não amo, nem desamo o autismo - ele existe, faz parte da pessoa que colocámos, com todo o amor no mundo (eu e o pai), ele é Autista e é algo que não posso mandar fora, só porque muitas pessoas são estúpidas, ignorantes e rejeitam, desconhecem, destratam, desrespeitam a condição, pensam neles como extraterrestres - (Que figuras tristes fazem às vezes e nem se dão conta) . ..

Como li aqui há dias, deixem lá os autistas autistar à vontade, se faz favor, sobretudo porque não é coisa que prejudique ninguém. Há por aí tanta maldade pura e prejucial no mundo para marrar, que escusavam de perder tempo a incomodarem-se com quem é apenas Autista.

Aliás, teriam mais a ganhar, do que a perder se tivessem um dia por amigo ou conhecido, uma pessoa como muitos autistas de quem sou amiga 🙂 "

 

Mãe Cristina Franco

 

 

 

 

 

 

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publicado às 09:30

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2 comentários

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De t2para4 a 06.11.2018 às 14:28

E dá para fazer tanto com tão pouco...

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