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Foi um desejo meu de há alguns anos. E preparada com alguns meses de antecedência com pesquisas em grupos de viagens nas redes sociais e em sites de viagens. Foi assim que ficámos a saber os preços das entradas nos monumentos, se há ou não passe combinado, quais as distâncias entre pontos de interesse e até onde estacionar, aproveitando também para ver os preços do alojamento - que, para uma família, ficam um bocado fora do orçamento, daí termos optado pela ida e vinda no mesmo dia, pois os custos de combustível e portagens não chegam a metade do que seria o alojamento para todos nós.
Estes foram os dois sites que consultei e levei como backup de informação: aqui e aqui. Combinámos com a tia do t2 que a saída seria às 7h e a chegada prevista lá para as 21h. As únicas paragens seriam em áreas de serviço, até chegarmos a Mérida. De véspera, preparei as nossas coisas: carregar a bateria da máquina fotográfica/telemóveis/powerbanks; preparar as mochilas com águas/toalhetes/lenços de papel/protetor solar; separar as roupas que levaríamos (algo muito leve e confortável, chapéus de sol, óculos de sol e sapatilhas) + uma muda extra, just in case. No dia, verificar óleo e água do radiador do carro, atestar, levantar dinheiro, ligar o GPS e seguir.
Descemos pelas encostas até começarmos gradualmente a ver quilómetros e quilómetros e quilómetros de erva seca, pequenas árvores (talvez chaparros?), muitas vacas castanhas e estradas quase sem curvas. Tão diferente das nossas estradas com curvas acentuadas e sinuosas, montanhas, árvores altas e tantos tons de verde desde o chão à copa das árvores e vacas malhadas. Umas simpáticas estavam a ver os carros passar à beira da estrada e não se afastaram para poderem ficar na fotografia.
Chegámos por volta das 11h, cerca de 300 km depois. Estacionámos num parque pago mas valeu a pena, pois assim sabemos que o carro ficaria seguro e bem estacionado durante o tempo que precisássemos. Seguimos as indicações de "aparcamiento" (a sinalização está muito bem adequada) e aquele parque fica perto de tudo, dando-nos a vantagem de podermos visitar e conhecer um pouco da cidade a pé.
Primeira paragem do nosso itinerário: Ponte Romana. É uma ponte proíbida ao trânsito mas com muito movimento pedestre. Optámos por visitar o parque e ver a perspectiva de debaixo, antes de a atravessarmos e depois irmos à Alcazaba (Alcáçova - onde comprámos bilhete integrado para visitar um conjunto de 6 monumentos - 15€ adulto e 7,5€ crianças até aos 12 anos). A vista é extraordinária. Fomos saudados por um ganso de voz forte, que nadava no Guadiana e, já em cima da Ponte, por uma conterrânea sorridente.
Logo ali, à entrada da Ponte, temos uma rotunda com a Lopa Capitulina que supostamente alimentou e cuidou dos gêmeos Rómulo e Remo, com Rómulo, mais tarde, fundador e rei de Roma. As piolhas reconheceram logo a imagem dos livros de História.
Já começava a fazer-se sentir o calor, que decidimos ignorar. Também decidimos ignorar a diferença horária e seguir a hora tuga, o que, a bem ver, quando fomos ao Teatro e Anfiteatro, puxou por nós pois fazia mesmo muito muito calor. Não se via quase ninguém nas ruas e brincámos com a hora da siesta. Nós calcorreámos as ruas em busca dos monumentos do nosso mapa e percurso já idealizado. Muito calor. Mas valeu a pena. Mérida é uma cidade incrível, com História em todo o lado e monumentos muito bem conservados. E, o mais fascinante, ainda com escavações e trabalhos em execução (e, fiquei a saber que "moléstias" são incómodos, pois estava escrito em todos os locais vedados por causa de trabalhos. Achei o máximo).
Como optámos manter-nos com o nosso fuso horário, de manhã visitámos a Ponte e o parque, depois a Alcáçova e ruas em direção à Plaza de España onde iríamos almoçar. Dentro do que é desconhecido, estranho, estrangeiro, longe da área familiar de conforto, optamos sempre por encontrar um fio condutor e algo que seja familiar. Eu adoro petiscar em restaurantes e ando a morrer por tapas há mais de 2 anos, desde que fomos a Vigo, mas as piolhas não vão muito nisso e, obedecendo ao nosso protocolo de segurança e conforto, enfiámo-nos no Burger King da Plaza e por lá estivemos um pouco a almoçar (e a arrefecer do calor). Costumamos levá-las a um shopping, se visitarmos alguma cidade, como recompensa; aqui, na ausência de um naqueles meandros, ficámo-nos pelo restaurante fast food.
Dali, seguimos para o centro da vila e emaranhámo-nos nas várias ruas - todas elas têm pontos de interesse turístico, quase todos grátis. O primeiro da tarde foi o Templo de Diana, deusa que uma das piolhas adora e monumento que queria visitar. Andou uns meses a pedir para ir a Évora porque queria ver o Templo de Diana. Mal pôde acreditar que em Mérida também havia um em homenagem a esta deusa que atira a associação de ideias para a Mulher Maravilhosa, deusa amazona, também ela Diana. Já soltava "uau" só ao ver a traseira do edifício mas ficou boquiaberta quando viu os pilares que o caracterizam e o excelente estado de conservação em que está.
É nestes pequenos nadas que vimos que está lá tanta coisa e que, no final de tudo e depois de tantos km (de carro e a pé), vale a pena insistir para que construam memórias, tenham vivências e usufruam muito destas oportunidades.
O Museo Nacional de Arte Romano também estava na lista de locais a visitar, apesar de não fazer parte do conjunto de monumentos. A entrada é apenas de 3€ adulto e 1,5€ crianças até aos 12. É um museu enorme, com cerca de 5 pisos, incluindo uma estrada romana e uma cripta. Em comparação com ordenados e tarifas de entradas em monumentos, cá é tudo bem mais caro. Não é pior nem melhor, não é isso que estou a dizer, é mais caro.
A arquitetura do museu prende-nos mal entramos: os arcos, a profundidade, a luz. É um espaço muito agradável e bem organizado.
Uma das piolhas tem esse mesmo espaço e impacto como parte favorita da visita ao museu, a outra e eu perdemo-nos com as moedas dia vários governos (a numismática) e a joalheria.
A cripta ainda tem trabalhos e escavações em curso e o acesso mostrar-nos uma estrada romana em excelente estado de conservação.
Nunca falámos espanhol ou portunhol. As pessoas com quem cruzámos nas bilheteiras e restauração não pareceram minimamente incomodadas com o nosso recurso ao português. Ao contrário do que aconteceu em Vigo com um empregado que atirou logo ao "no te entiendo", aqui foi tudo muito fluido e natural. Mas divertimo-nos imenso a tentar ler com sotaque e dizer os nomes das ruas.
Depois de cumprida a planificação, regressámos estafados ao carro e fomos até aos arredores da cidade, abastecer de mais água, lanchar e ficarmos pasmos com as diferenças de preços em relação ao alguns produtos iguais aos que cá se vendem. E, dali, de volta à fronteira, ao Alentejo, à Beira Baixa e depois à Beira Litoral. Mais 300 km.
Correu tudo bem e vale a pena. Mérida é uma cidade apaixonante, cheia de luz, bonita e simpática. E cheia de História, a minha parte favorita.
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